Capítulo 4

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- Ela ainda está na casa, não é?- indaga Eliza ao ex-marido.

Lawrence não responde apenas a encara com um olhar inexpressivo. Era como se ele não se importasse com a vida da garota. Um sorriso de lado surgiu no rosto dele.

- Responda! Já sentiu alguma coisa por aquela menina algum dia? – berra. Ela bate os punhos com força na mesa entre eles, o cinzeiro treme.

- Sinto apenas por você, foi minha primeira mulher, desculpe deixá-la desamparada por tanto tempo. - sussurra ele. Aiken solta uma gargalhada e aproxima seu rosto do dele até estarem poucos centímetros de se esbarrarem, olha profundamente em seus olhos sem desviar.

- Você disse que não tinha finalizado um serviço e por isso não fugiu, sabia que eu trabalhava para a polícia agora? Pois vou lhe dizer uma coisa. - ela apontou o indicador para o meio do nariz dele. –Esqueça o que está planejando. Para você isso é apenas um jogo que sempre se repete, mas não dessa vez. Vou achar a Isabella e acabar de vez com essa história.

- Eu amo você, porra. – ele berra. – Arrancaria minhas mãos para ver você novamente, faria qualquer coisa e é desse jeito que retribui? Nem sequer se importa comigo, por isso eu fugi e procurei outra pessoa que me correspondesse.

- Estou farta, você só queria uma escrava emocional.

Eliza vira-se bruscamente sem esperar a resposta e sai pisando duro. Mcbell já aguardava no corredor do lado de fora, aflito por qualquer informação o mais rápido possível.

- Vamos voltar para a cena do crime. –diz Aiken sem perder tempo.

Se antes a casa já parecia deserta antes, agora era um cemitério, nenhum vizinho curioso a espreita, os primeiros raios solares apareciam no horizonte e as pessoas tinham seus trabalhos, manter a distância de uma casa onde uma pessoa foi brutalmente assassinada era a escolha mais sensata no momento. As fitas amarelas de "não ultrapasse" não impediam mais ninguém, afinal a curiosidade já havia se dispersado. Apenas um solitário guarda estava no local caso algum vândalo resolvesse fazer travessuras.

Mcbel e Aiken entraram o mais rapidamente, ela havia relembrado a ele a situação que ela passara no caminho, os policiais poderiam ter deixado passar alguma coisa. Eliza correu para olhar todos os guarda-roupas e estantes do primeiro andar e nada. Seria muito fácil. Sobe as escadas e vai em direção ao quarto pintado de rosa da garota, tinha que achá-la viva, devia isso a mãe dela que morreu pelas mãos do homem que ela indiretamente deixou livre. Começou a procurar passagens atrás dos móveis do quarto, para sua frustração não havia nada, sua vontade era gritar o mais alto que conseguisse. Parou e respirou fundo para se recompor e pensar calmamente. Um porão ou sótãopoderia conter algum cômodo secreto. Era isso, saiu no corredor em busca de alguma corda de alçapão, o jeito era procurar no porão. Mcbell procurava fundos falsos nos armários da cozinha. Eliza atrás dele.

- Acho que precisamos procurar mais em baixo. – disse ela inquieta.

- O que tem em mente? – indaga ele.

- O porão. – responde.

- Vamos descer. –diz levantando-se do chão, ele se move tão rápido que os olhos de Eliza mal o acompanharam. Mcbell abre a porta ao lado da cozinha e desce as escadas sem se preocupar se a colega estava o seguindo, mas está logo atrás.

O recinto escuro possui diversos móveis pesados, o ar está pesado pela falta de circulação e o cheiro de mofo se alastra. Cada minuto era crucial. Podia sentir o tique-taque de um relógio pulsar em sua cabeça. Seu colega de trabalho começa empurrar uma geladeira bege que estava encostada na parede. Bingo. A probabilidade de haver algo era maior na parede, pois procuravam uma passagem secreta. E encontraram. Uma pequena porta de madeira, não maior que 60 centímetros, estava bem ali. Por alguns segundos, a psicóloga pensou que estava sonhando, até o estrondo do conflito do chute de Mcbell com a porta a fez voltar. Prontamente agachou e engatinhou para dentro do cômodo secreto enquanto o detetive recuperava-se do impacto.

Após um pequeno corredor, é revelado um quarto do pânico, não havia energia no local por isso, foi necessário acender a lanterna do celular para enxergar algo. Uma garota aparentemente com dois anos encontrava-se desacordada no colchão inflável encostado no canto oposto do quarto. A palidez da criança fez Eliza ter um deja-vú, o desespero começa a crescer. Tudo novamente. Corre o mais rápido possível e pega a garota no colo, ignorado todas as recomendações e instituições para casos do tipo. Isabella abre preguiçosamente os olhos e ao ver uma estranha se encolhe desconfiada. Viva. Eliza só consegue sentir alívio. A psicóloga expira profundamente inalando o cheiro úmido do local para juntar forças e carregar a menina para longe dali.

Não olhe para trásWhere stories live. Discover now