Introdução

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Alexis Danver era seu nome, dezesseis anos sua idade, altura era um lance delicado, ela não gostava de tocar no assunto, azul sua cor favorita, haviam tantas significações e todas elas tão profundas. Havia muito a se saber sobre a garota de cabelos negros como a noite, de olhos brilhantes tão intensos que poderia encontrar ali o brilho das estrelas, como se seus olhos por si só refletissem a noite, mesmo que não fosse preta sua cor e sim verde escuro, dependia muito da claridade para que esta - cor - fosse identificada.

Sendo estrangeira em uma nova cidade deveria ela ter muitos medos e receios quanto à tudo o que poderia encontrar, no entanto seu maior medo era o de não ser aceita, de não conseguir se encaixar, de não encontrar em uma multidão de transeuntes um rosto amigo. Era aquele o dia de mudança para Oslo, deixara para trás sua história,  pouquinho de si com as pessoas que antes faziam parte de seu cotidiano, que eram chamadas de amigas. Poderiam trocar mensagens? Poderiam, mas não seria mais como antes. Segundo sua mãe era aquela a melhor decisão que tomara em anos, principalmente depois que tivera que tomar as decisões sozinha a respeito da criação da filha ou do fato do marido tê-la deixado por outra mulher.

Pelo bem de sua mãe Alexis Danver fazia tudo, até deixar a companhia da melhor pessoa que conhecia, sua irmã Elizabeth Danver, filha da relação de seu pai com outra mulher. Sua relação com a mãe era de uma cumplicidade invejável, tudo o que estava ao seu alcance ela fazia, pelo simples fato de ver no rosto da mulher de trinta e poucos anos um largo sorriso. Ao menos agora tinha um quarto só para si, o trabalho no restaurante da cidade rendia à Clara - mãe de Alexis - uma boa renda, podiam manter o nível de vida que antes tinham e é claro que o homem com quem tivera a garota ainda enviava o valor determinado pela justiça como pensão.

Alexis não era gananciosa a ponto de desejar tornar-se popular em Hartvig Nissen School, apesar de que na sua antiga escola era conhecida por todos devido à sua carisma e simpatia, ela só queria fazer amigos, ter com quem dividir suas histórias. Não tinha grandes planos, mas encontrou no teatro da escola um local para se expressar, para dizer ao mundo à sua maneira "eu estou aqui!". Se ela fez amigos? Claro, alguns deles foram de fato seus amigos, outros apenas a usaram para conquistar seus objetivos, outros sem nenhum propósito se aproximaram apenas para plantar a sementinha que seria colhida futuramente, dor, desprezo, medo, angústia, solidão, vazio, suas lágrimas causou riso em muitos, seus olhos avermelhados foi retratado em fotos, no entanto esquecidos durante o tempo. Fotografias foram espalhadas pelo colégio, em seu armário era possível encontrar um memorial, com cartas de gratidão, saudade, mas nenhuma sobre arrependimento. As fotografias todas expressando a imagem de uma garota linda, jovem e feliz que seria eternizada por sua beleza e carisma. Todos acreditam saber muito sobre quem foi Alexis Danver, pelos relatos de sua mãe ou pelas histórias no corredor, muito amplamente difundida pela direção do colégio. Mas de fato Alexis Danver foi uma garota feliz que em súbito ataque tirou sua própria vida ou há mais além do que os olhos podem contemplar?

Se há algo para crer seria a certeza de que ninguém tiraria a própria vida sem um motivo aparente, ainda mais uma pessoa cercada de "motivos" para acordar dia após dia e sorrir na certeza de que é amada. A vida se vai em um sopro, a imagem de Alexis morta no chão de seu quarto jamais seria esquecida por aquela que lhe dera a luz, apesar das boas lembranças que lhe foram deixadas, desde o momento em que estava em seu útero até o último "eu te amo" pronunciado pela jovem. Se há motivos para que a mesma tenha chegado ao extremo de tirar a própria vida, quais são estes e onde encontrá-los? Está ai um mistério que poucos terão o prazer de desvendar. Alexis Danver foi um mistério em vida e continuará a ser um enigma em morte.

Se passaram dois meses desde que foi decretada sua morte, as aulas se iniciaram em Hartvig Nissen School, a vida continua mesmo depois de pessoas queridas partirem. Clara continua inconsolável, não aceita a morte da filha, não acredita que a garota tiraria sua própria vida e procura por todos os lados motivos que a levariam a isso. A direção do colégio tenta encontrar métodos para lidar com o ocorrido, visto que Alexis Danver era uma de suas alunas e com o intuito de evitar outros incidentes - suicídio - teriam que aplicar algumas medidas preventivas, normas habituais de todo colégio diante de uma situação semelhante.

No mês de Janeiro seria seu aniversário de dezessete anos, oceano era o tema da decoração, Alexis via no mar uma infinidade azul repleta de beleza e acima dele em contraste o azul do céu. O azul em si refletia vida, era o que costumava dizer quando pergunatavam em poucas palavras o porque de gostar tanto da cor a ponto de dizer ser esta sua favorita. Tão cheia de vida em uma semana e na outra sequer existe algo além de sua lembrança.

" Levaremos conosco a lembrança de um sorriso gentil, de um olhar meigo e de palavras doces por ela deixados. Faremos de sua memória um exemplo de amor, companheirismo, amizade e valor. Alexis Danver deixará saudade de dias de riso trocados por lágrimas, de abraços calorosos substituídos por vazio. Se não há nada a se aprender com sua morte ao menos há ensinamentos em vida deixados por ela. Ame mais, sorria mais. "

Foram estas palavras gentis enviadas à Clara em anonimato, deixada no correio de sua residência. Nunca soube quem as enviou, mas guarda aquelas palavras com carinho, pois foi esta a única boa mensagem que recebera após o enterro de sua filha.

Naabot mo na ang dulo ng mga na-publish na parte.

⏰ Huling update: Jun 07, 2018 ⏰

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