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Rúbia

Quando me mudei para outro município, minha real intenção era de recomeçar uma nova vida e não rever mais a sombra da dor. Desde criança sempre fui atraída por fotografias.

Qualquer paisagem bonita era motivo pra eu focar a câmera do celular e registrar a imagem. Alguns diziam que eu seria atriz, outros, uma cineasta. Porém, meu objetivo era simples. Ser uma boa fotógrafa.

E assim cresci. Fui a única a seguir uma carreira 'incomun' no seio da família. Meus dois irmãos ambos tornaram-se advogados. Eu decidi seguir minha vocação.

A graduação não durou menos de três anos. Comecei a divulgar meu trabalho pela internet, iniciando com os casamentos. Em um desses eventos o conheci. Ele era peculiar se comparado aos outros rapazes. Sempre sério, mas gentil com as pessoas que o cumprimentavam.

O sorriso estonteante era merecível a uma capa de revista. O cabelo despojado - fios negros lisos alinhados bem de lado e atrás o deixava mais charmoso.

Os olhos amendoados penetrava a alma quando focalizava o alvo. Além das características físicas, ele demonstrava ser um exímio cavalheiro.

Nosso primeiro contato foi no exato momento em que me posicionei de pé na lateral do salão para ter um melhor ângulo da noiva. Justamente, ele estava todo "esplêndido" na cadeira.

- Com licença - A voz grave e gutural desprendeu minha atenção da cena. O encontrei sorrindo, avaliando a câmera que eu carregava. - A foto vai sair melhor se você for mais pra esquerda.

Lembro de ter erguido uma das sobrancelhas, achando cômico de um convidado opinar dessa forma. Poxa, eu havia calculado corretamente o ângulo.

- Confie em mim. - Alargou o sorriso. - Faça um teste. Se eu estiver errado, direi aos noivos que a culpa foi inteiramente minha.

Aquele cara só podia ser maluco. Então, mais tarde descobri que ele era primo do casal e gerenciador de uma multinacional de empreendedorismo.
E para comprovar a razão dele a foto saiu além do que eu imaginava. A iluminação estava perfeita. Não precisei alterar nada.

Naquela época eu participava do coral da igreja, mas me tornei fotógrafa oficial dos enventos que ali sucediam. Em um eventos desses ele apareceu. Continuava sendo elegante e gentil.

É engraçado quando as palpitações aceleram mesmo que você conheça alguém em tão pouco tempo. Somente a presença da pessoa te deixa extasiado, provoca sensações de leveza e turbilhão.

Com ele era assim. Achei que não fosse descobrir nunca a sua identidade, até ele se aproximar outra vez e ressonar sua bela voz.

- Perdoe a minha falta de atenção, senhorita. Da última vez não me apresentei adequadamente. - Estendeu a mão para mim e sorriu. - Me chamo Benjamin.

- Eu sou a Rúbia. - Aperto sua mão e sinto que poderia ser uma mera paixonite.

Porém, Benjamin começou a ser mais presente na minha vida. Ele se uniu a igreja, dizendo que terminou o trabalho que tinha em outra cidade aonde ficou durante quatro anos.

Logo, nossas conversas tornaram-se prolongadas. Fui convidada a ser estagiária na empresa dele. E como eu cursava a graduação em designer, arranjei um apartamento em frente a faculdade. Basicamente eu era uma social marketing, mas editava fotos e as enviava para revistas parceiras do ramo de fotografia, além de inovar a aparência dos websites.

Nas horas vagas eu passeava pela cidade em busca de novas imagens. Ora, registrava gaivotas ou a vista maravilhosa de belos recantos e fontes agrupadas frente a edifícios magníficos.

Reversos √Where stories live. Discover now