- Então, eu estava voltando da festa sozinha, quando um cara apareceu e quase pulou em cima de mim para me bater. Até que esse aí apareceu e ... Me ajudou.
-Não há de que - respondeu Rafael.
Virei os olhos e continuei-Em fim, agora ele quer que eu acredite que aquele era o... vocês sabem quem, e ele é o Anjo Rafael.
-Filha... é verdade.
-Puff - ri - Está bem, já chega.
Todos estavam sérios, não havia vestígio sequer de brincadeira.- Sinto muito, mas é a verdade - concluiu meu pai.
Fiquei quieta, calada. Apenas esperando por palavras mais concretas. Estava me sentindo dentro de uma fantasia, mas fazia ainda menos sentido.-Passamos esses anos tentando encontrar uma maneira de te contar... Eu só peço que tente entender. Tudo o que fizemos até hoje foi para o seu bem.
-Para o meu bem? - questionei - Vão direto ao ponto - pedi.
-Certa vez, Deus mandou seu filho unigênito para que morresse pelos homens livrando-os de seus pecados - disse o meu pai.
-Dessa vez ele mandou um anjo - minha mãe começou a falar. - Não para morrer pelos homens, mas para dar a eles uma nova chance, mais uma chance.
- Chance de que?
- De rever suas ações, suas atitudes - Completou Rafael - Uma chance de perdão. Um recomeço.
Me levantei, pus as mãos na cintura e fitei o chão
- Quem é Belinda? - perguntei
- Você é Belinda. Esse é seu verdadeiro nome - revelou meu pai levantando-se também.- Colocamos Alexa para despistar o inimigo pelo menos até você chegar a idade certa.
- Está bem, está bem - me sentei novamente - Eu tenho três teorias sobre vocês. Bom... 1) Ou vocês são muito bons em inventar histórias, 2) as regras no céu mudaram, ou 3) eu sou adotada e a verdadeira filha de vocês está num cruzeiro no Caribe. - comecei a rir. Eles se entreolharam e meu sorriso desapareceu.
- Gente... Foi uma piada - continuaram sérios. - Vocês... - por um instante senti meu chão ceder - não são meus pais?
- Nós amamos você, você sabe que sim - nesse momento tudo desmoronou. - Pode não ser nossa filha biológica, mas nós criamos você.
-Chega de brincadeira - me levantei mais uma vez. - Agora é sério mesmo. Não tem nenhuma graça.
- Seria mais fácil se fosse apenas uma brincadeira, mas não é - Rafael olhou para mim. Por alguns segundos, seus olhos azuis se tornaram familiares para mim, mas a sensação logo se dissipou com o impacto da revelação.
-Não são meus pais! - as lágrimas começaram a surgir. Raiva, tristeza, me sentia traída.
-Lexi, por favor tente entender...
-Não! - interrompi o meu pai. - mentiram para mim. Toda a minha vida é uma mentira! Primeiro dizem que sou um anjo, e agora eu descubro que não são meus pais!? Não dá para perdoar...Eu. ..
- Filha, não importa o sangue, nós somos os seus pais - meu pai, ou... Uziel, justificou.
- Nós vamos vencer tudo isso, só precisamos nos manter juntos, unidos, como sempre estivemos. - completou ela, seus olhos brilhavam e ela forçou um sorriso segurando firme as lágrimas para que não caíssem.
Balancei a cabeça fitando-os incrédula, chorando - Estão todos loucos!
Saí de casa. Ao bater a porta ouvi chamarem meu nome - Alexa, esse é o meu nome - mas ignorei.Peguei um táxi na mesma rua do dia da festa. Me sentei próxima a janela fitando a paisagem e poucos minutos depois:
- A senhorita está se sentindo bem? -perguntou o motorista. Provavelmente ele percebeu as lágrimas que ainda escorriam em meu rosto.
- Já estive melhor - o fitei pelo retrovisor.
- Bom, com tantas coisas ruins acontecendo no mundo, me pergunto... será que é tão ruim assim o que está acontecendo com a senhorita? Não que eu esteja te julgando, perdão se soou ofensivo - e não soou, pensei -.
-É... Acho que tem razão. O que eu tenho não se compara a tudo de ruim que acontece lá fora. Mas dói assim mesmo.
- Entendo - assentiu. Ele era um homem negro, cabelos curtos e grisalhos. Seu olhos castanhos eram expressivos e brilhavam através do retrovisor.
- Meus pais não são meu pais. E eles me contaram isso da maneira mais louca e improvável possível - limpei as lágrimas com uma das mãos.
-Eu sinto muito.
- Tudo bem.. Mas agora eu não sei o que fazer. Não tínhamos segredos, mas agora...Eu não entendo - logo percebi que acabei falando muito mais do que devia a um desconhecido - Desculpa. Minha cabeça está cheia de mais.
- Não tem problema - disse.
O que eu devo fazer? - perguntei para mim mesma em baixo tom de voz, fitando o céu através da janela do carro.
- Talvez, - ele começou a falar - seja necessária certa paciência para entender. E talvez, dar uma volta ao passado e rever as coisas. O perdão é uma arma poderosa e talvez você devesse dar uma chance a isso tudo.
Suspirei por alguns segundos, absorvi as palavras dele e bom...
- Talvez.
Minutos depois chegamos ao apartamento da Mack. O motorista não aceitou o pagamento, disse que era por sua conta - o que foi muito gentil de sua parte - e quando caminhei em direção a portaria me detive, e me dei conta de que não eu havia dito ao mesmo o lugar aonde eu queira ir. Ele simplesmente me deixou no lugar certo. Olhei para trás mas o táxi já não estava lá.
Quem era ele? Porque me aconselhou? E como ele sabia o meu destino se eu não havia dito a ele?
Mais perguntas. Mais dúvidas.
Pelo menos de algumas eu tinha a resposta, mas será que eram suficientes?
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Belinda (Reescrevendo)
FantasyReescrevendo* -Belinda ♢ Entre Anjos E Demônios ♢ Capa: Maicon Aquino Todos os direitos reservados. ⚠Plágio é crime!⚠ Seja original. Deus abençoe vocês!♡
Capítulo seis - Algumas respostas
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