— Nathalie... — começo, mas ela me interrompe.

— Eu não sei o que está acontecendo comigo. Estou me sentindo confusa. Preciso de ajuda. — ela para de andar de um lado para o outro, me encara e começa a chorar de novo, mas dessa vez com mais intensidade. Eu vou até ela e a abraço, tentando acalma-la e dizendo que tudo vai ficar bem.

Eu e Nathalie nunca tivemos um momento como esse, já que durante todos esses anos nós só discutíamos e brigávamos. Podemos até morar na mesma casa desde sempre e nos ver todos os dias, mas somos afastadas.

— Está tudo bem, ok? As coisas vão se resolver. — digo enquanto acaricio o seu cabelo, sem saber mais o que dizer. Sou péssima com conselhos.

— Eu só não quero ser a mesma canalha que eu fui antes com o Jason. Não quero magoá-lo. — ela enxuga as suas lágrimas. — E eu não quero que o Thomas me odeie, e eu também não quero magoá-lo de novo. Thomas já sofreu muito na vida desde que a irmã dele morreu e... — eu a interrompo.

— A irmã dele morreu?

— Há um ano. Ela tinha treze anos quando morreu, de uma doença rara em seu estômago. Por isso ele é tão agarrado à Hilly, ela o faz lembrar da irmã dele. Thomas ficou destruído depois da morte dela.

Recebo uma pontada no coração. Não imaginava que o Thomas sofreu tanto em sua vida.

— Eu...não sabia.

— Acho que ele não gosta de falar muito sobre isso.

Ela me abraça de novo, e eu retribuo o seu abraço, ainda assustada com todas essas notícias chocantes.

— Ele salvou a minha vida e eu arruinei a dele. — ela diz, se remoendo.

(...)

Acordar com uma forte dor de cabeça é a pior forma de se acordar.

Ontem, eu e a Nathalie, pela primeira vez na vida fizemos coisas de irmãs e nos unimos. Passamos a madrugada comendo chocolate e vendo filmes de comédia romântica. Nunca imaginei que um dia isso iria acontecer, mas estou surpresa por ter acontecido, e feliz também.

Passo as mãos pelos cabelos e vejo a Nathalie roncando e babando ao meu lado. Gargalho. Mas o meu riso se vai quando lembro de algo importante.

— Merda! — levanto correndo da minha cama, e sem nem mesmo me arrumar eu saio correndo do quarto. Corro como uma louca pelo corredor com os cabelos bagunçados e com um pijama amassado, acabo esbarrando com alguém no meio do caminho.

— Ou, pimenta! Tome mais cuidado e olhe por onde anda. — Matthew me avisa com um sorriso conveniente no rosto. Reviro os olhos.

— Foi você, Matthew, que entrou na minha frente. — revido cruzando os braços como se eu estivesse certa.

Ele bufa, sem prolongar o assunto.

— Tem meia hora para se arrumar e para me encontrar na pista. — ele diz se afastando e mandando mais uma das suas piscadelas. — Oh! Sabia que eu tenho um fetiche por shorts curtos de pandas? — ele se refere ao meu shorts.

Cubro as minhas pernas desesperada.

— Você é um tarado!

Ele gargalha, mas no fim concorda.

— Vinte e nove minutos. — avisa apontando para o relógio enquanto entra no elevador para chegar ao seu quarto. — Não chegue atrasada.

Mostro a minha língua para ele.

— QUEM MOSTRA A LÍNGUA QUER BEIJO! — ele grita antes de entrar no elevador.

— IDIOTA! — grito.

— Vocês são tão infantis. — escuto a voz da Kylie atrás de mim. — Tenho a total certeza que ganhariam muito dinheiro se abrissem uma creche.

Gargalho.

— O que está fazendo aqui? Digo, em frente ao quarto da minha irmã. — eu decido mudar de assunto.

— Vim desejar um feliz aniversário. Afinal, não é todo dia que alguém faz catorze anos. Hillary é especial para todos nós. — ela sorri.

— Eu acordei tarde, mas queria ser uma das primeiras a dar parabéns.

Fico um tanto decepcionada e triste.

— Corre lá, ela ainda está no quarto. Thomas está com ela.

— Obrigada, Kylie.

Me despeço da Kylie e entro no quarto da minha irmã que está conversando e gargalhando ao lado de Thomas.

— Quer dizer que minha pirralha está ficando grande? — digo e corro para abraçar a mesma, que sorri.

— Catorze anos! Viu? Já estou quase chegando à sua idade. — ela sorri.

Tenho dezesseis, e todos os outros também, menos o Matt, o Jason, a Nathalie e o Thomas. Eles têm dezessete.

— Verdade. — sorrio e a abraço mais uma vez com felicidade.

— A pirralha daqui à pouco terá a mesma idade que eu. Está crescendo muito rápido. — Thomas sorri para ela e a abraça com força e carinho.

Tomo um susto quando vejo Nathalie entrando dentro do quarto, com o seu olhar direcionado ao Thomas, que não emitiu mais nenhuma emoção desde que ela colocou seus pés no quarto.

— Olá. — ela diz.

60 dias com eles Where stories live. Discover now