Prólogo

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  • Dedicado a Bruno Oliveira
                                    

Erick se debatia amarrado à cadeira, enquanto os seres desumanos que se encontravam dentro da sua própria casa havia já alguns minutos vasculhavam cada canto à procura de uma coisa que, ele sabia, estava muito longe dali. Tudo o que ele queria era se levantar, e correr até a esquina da próxima rua, na casa de portas verdes, onde a sua filha fazia uma visita a colega, e levá-la para bem longe disso. Ela não precisava participar de nada, e ele tinha de protegê-la.

Sua cabeça doía, e os cortes no rosto ardiam como se tivesse sido colocada uma brasa acesa em cima das feridas. Ele tentava não demonstrar, mas as caretas de dor que não conseguia ocultar ainda tiravam risos das criaturas à sua frente. Aqueles demônios não iriam embora antes de encontrar o que queriam, e o maior medo de Erick naquele instante era que eles não se convencessem de que não estava ali.

Sua face virou-se em direção à cozinha, onde ele acabara de ouvir um barulho de algo quebrando, seguido de um brado de pura fúria na voz. Aquele ser voou contra ele antes mesmo que ele pudesse fechar os olhos numa tentativa fraca e vã de se proteger, e agora ele podia sentir seu cheiro podre bem perto de si. O demônio gritava alguma coisa sem parar, algo que ele fingia não ouvir: “pedra, pedra, pedra”. Era tudo que interessava a eles, e Erick daria tudo para poder entregá-la e sair de vez do caminho desses monstros, porque sabia que eles não iam parar até acabar com a sua vida e a de quem ele mais amava nessa busca desenfreada.

Mas ele não podia. Havia feito uma promessa, em épocas passadas, a única pessoa que ele realmente considerava amigo. Essa pessoa e todo seu povo confiara nele, e ele simplesmente não podia decepcioná-los agora. Só temia por Emma. Ela não estava a par de nada disso, não saberia lidar com essa situação, e os monstros que estavam agora o arrastando pela camisa não teriam nenhum tipo de compaixão por ela.

Emma era tudo o que havia restado a ele, e ele não ia abandoná-la. Quando conseguiu abrir por um minúsculo segundo os olhos, antes que um murro lhe fizesse desmaiar, ele se viu em frente ao portal inimigo, bem no meio da sua cozinha. Antes de ficar desacordado, um som saiu praticamente inaudível de seus lábios machucados: “Emma”.

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