Capítulo Treze

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Isaac desceu em meio a árvores altas, no topo de uma das muitas montanhas que Emma nunca havia notado lá de baixo. Por mais lindo que o lugar parecesse, as perguntas estrangulavam em sua garganta, gritando para serem respondidas. Ela apressou-se para perto do garoto, que agora tinha se aproximado perigosamente do precipício que separava o topo do vale abaixo dele.

Isaac mantinha-se completamente absorto em seus próprios pensamentos, mas nem por isso Emma o deixaria se safar dessa tão fácil. Por mais não quisesse, ele havia prometido explicações, e ela ia cobrar isso agora mais do que em qualquer outro momento.

Os olhos fixos à sua frente, a expressão séria, as mãos em um movimento constante, apertando-se uma à outra, o vento batendo e levando seus cabelos encaracolados para o rosto de Isaac, nada disso era capaz de impedir Emma de fazer suas perguntas.

- E então, vamos começar a sessão investigativa agora, ou já? – ela tentou ser irônica, sem sucesso, pois percebeu que o garoto nem mesmo deu sinal de ouvi-la – Você não vai fugir de mim, Isaac. Não dessa vez.

- Não estou tentando fugir, só estou me preparando para contar – a preocupação na voz de Isaac era evidente, e Emma precisou engolir o nó que se formou em sua garganta antes de continuar.

- Pois bem, eu aguento. Seja o que for, eu aguento. Você pode me contar tudo, a começar por aquela cena...

- Eu sei, Emma, que você está muito ansiosa para ficar a par das coisas, mas não é assim tão simples – Isaac a interrompeu como se não estivesse pronto para falar sobre o que ela tinha visto, ou vivido, e o olhar perturbado que lhe lançou confirmava isso.

- Isaac, você não pode me esconder coisas importantes assim. Não pode me proteger de tudo. Se é que é isso que está tentando fazer...

No mesmo momento Emma se arrependeu de suas últimas palavras, mas já era tarde. Isaac tinha virado-se para encará-la, a boca retorcida por um sentimento indefinido, uma mistura de raiva e frustração que Emma odiou ver em seu rosto. Ela não queria ser o motivo daquilo.

- Você não sabe o que pode acontecer se eu te contar a verdade. Não sabe o quanto isso prejudicaria sua vida perfeita e descomplicada. Você nunca mais seria a mesma, viveria em função de um ideal que nunca foi e nunca será seu. Eu não acho justo sacrificar sua vida para salvar quem quer que seja, e você ainda duvida que eu esteja tentando te proteger? Eu não esperava tamanha ingratidão nem mesmo de você, Emma! – Isaac sabia mesmo como mexer com ela, e agora Emma se sentia completamente envergonhada pelo que havia dito.

- Não foi isso o que eu quis dizer, eu só acho que tenho o direito de saber – Emma gaguejava, e não sabia exatamente como falar o que passava em sua mente, já que seus pensamentos andavam em direções opostas, desnorteados e desencontrados.

- Saber o que, Emma? Saber que seu pai talvez esteja morto? Saber que a sua vida até aqui foi uma grande mentira? Saber que tudo em que você acreditou até agora não chega nem a metade da história verdadeira? Saber que, daqui pra frente, você será obrigada a enfrentar coisas com as quais jamais sonhou, e viver em um mundo cuja existência você nunca nem sequer desconfiou?

Isaac falou em uma torrente de palavras, seus olhos arregalando a cada interrogação que ele fazia. Ele estava abalado e bravo, perturbado e irado. E Emma não sabia dizer se isso era bom ou ruim.

- Do que você está falando? Por que não me explica? Por que não me dá uma chance para pelo menos tentar entender? – agora, Emma praticamente implorava, e não se importava se teria que ajoelhar na frente dele. Já estava mais do que na hora de ela começar a saber sua verdadeira história. E se Isaac tinha essa informação, ela faria o que fosse preciso para consegui-la.

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⏰ Last updated: Mar 18, 2016 ⏰

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