Março, 2016. I.

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    A lua e as estrelas pincelavam a pouca claridade na noite escura, e Dianna gostava de senti-las.

    Se a loira fizesse uma lista com os seus lugares favoritos no mundo inteiro, o telhado da casa de sua melhor amiga estaria nela. O quarto de Luísa possuía uma escada que levava diretamente para o telhado, e Dianna sempre dava um jeito de passar um tempo ali, observando o céu, sentindo o calor do sol, ou o vento das noites da cidade.

    Ali, alheia ao som da música alta e os adolescentes bêbados no andar de baixo, Dianna tirava um tempo para si. Sentindo seus olhos fecharem e seu cérebro tocar alguma música que só existia em sua mente, relaxou.

    — Acorda, princesa — ouviu alguém chamar enquanto, com o indicador, tocava sua bochecha, brincando. Sorriu ao reconhecer o termo que Matheus usava para se referir a ela.

    — Não estou dormindo — soltou, balançando a cabeça, tentando se desvencilhar-se do moreno.

    — Está fazendo o que, então? — Matheus deitou ao seu lado. — Relaxando os olhos?

    — É exatamente isto.

    — Parecia estar dormindo.

    — Nem tudo é o que parece, Mat.

    — Você é estranha algumas vezes.

    Dianna deixou escapar um riso fraco, observando Matheus apoiar os cotovelos no telhado, segurando a cabeça com uma das mãos. Dianna imitou a posição, ficando de frente para o moreno.

    — Por que não está lá embaixo com os outros, se divertindo?

    — Temos definições diferentes de diversão. Eu gosto de estar aqui, gosto de observar as estrelas.

    — É realmente divertido?

    — Bem, consegue me deixar mais tranquila. Às vezes precisamos de um pouco de quietude. — Deitou-se de barriga para cima novamente, apenas para apontar para o céu e perguntar: — Ei, consegue ver aquelas três estrelas alinhadas?

    — As Três Marias? — Franziu o cenho.

    — Ótimo, ao menos sabe o nome da constelação — pausou por um segundo, apenas para observá-las novamente. — É uma das minhas favoritas. Sabe quando você fica procurando algo e se decepciona quando não encontra? É mais ou menos assim que me sinto em relação a elas.

    — Acreditaria em mim se eu falasse que nunca parei verdadeiramente para observar a noite?

    — Sim — respondeu sem pensar duas vezes, virando seu rosto para observá-lo. — Tenho a sensação de que estamos cada dia mais ocupados, nunca paramos para observarmos algo.

    — Você não tem noção do quanto eu te admiro.

    Dianna sentiu seus lábios formarem um sorriso, mesmo pequeno e tímido.

    Assustaram-se ao ouvir o barulho da pequena janela sendo levantada. Luísa, cujo semblante não parecia muito agradável, não se deu o trabalho de pôr os pés para fora da escada, conseguiria reconhecer seu namorado e sua melhor amiga mesmo que estivessem a quilômetros de distância.

    — Até que enfim achei você, Anna! — Reclamou. — Procurei pela casa toda, mas alguém te viu aqui em cima. Mas não falaram sobre você, Mat...

    — Cheguei aqui há pouco tempo também — explicou-se.

    — Por que ainda procura por todos os cantos se estou sempre aqui, Luísa?

Clube dos 7 Erros [HIATUS]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora