NOVE

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Menos de um minuto após tocarem a campainha, o garçom veio buscá-los. O ritual de saída acontecia da seguinte forma: a mulher era acompanhada até o caixa no balcão de entrada, pagava a conta e depois decidia se iria embora sozinha ou esperaria o acompanhante na frente do bar, e assim se veriam direito pela primeira vez. Ao levantar-se para ir até a saída, Akemi fez questão de brincar com o rapaz, dizendo que pensaria bem se esperaria ou não por ele. Baekhyun sorriu, nervoso.

Ela pagou a conta, agradeceu pelo ótimo atendimento e desejou boa-noite aos funcionários. Depois, saiu e se encostou num poste quase do lado da entrada. Aquela espera estava deixando-a extremamente nervosa.

E se ele me achar estranha? Será que devo esperar mesmo? Acho que a gente nem vai mais se encontrar... Sua cabeça era um turbilhão de ideias e pensamentos. Até que ouviu a voz de Baekhyun despedindo-se do garçom e foi despertada de seus devaneios. Ele estava vindo.

Akemi sentiu o coração bater tão forte que pensou que alguém poderia ouvi-lo também. Seus olhos foram diretamente para o rapaz, começando por seu tênis marrom-escuro, passando pela calça jeans preta e chegando na camiseta branca, tão clara que ela poderia jurar ter visto a sombra de uma tatuagem no peito dele. Os dois braços eram tomados por tatuagens - algumas coloridas, outras pretas ou sombreadas, mas todas muito bonitas. Tudo parecia estar em câmera lenta, como se aquele momento estivesse descolado do mundo real. Quando Akemi finalmente chegou no rosto de Baekhyun, tudo que conseguiu fazer foi arregalar os olhos e murmurar:

— Meu. Deus. Do. Céu.

Ela conhecia muito bem aquele rosto, e fazia muito sentido a voz dele soar tão familiar.

— Oi — disse ele tranquilamente, caminhando até a garota com as mãos no bolso da calça.

Baekhyun já tinha notado que ela provavelmente o conhecia por causa de seu trabalho, mas, diferentemente dos últimos meses, não se importou. Akemi era o tipo de garota que poderia manipular qualquer pessoa apenas com os olhos. Bastou encará-los uma vez para ele se sentir intimidado com toda determinação e confiança que ela expressava sem ter que dizer uma palavra.

— Eu sabia que conhecia a sua voz de algum lugar. Qual a probabilidade de um cara que eu sempre acompanhei nas redes sociais estar sentado na minha mesa, tão perdido quanto eu?! — ela brincou, tentando disfarçar o nervosismo.

— Foi por isso mesmo que eu vim aqui. Cansei de relações vazias e pessoas interesseiras, mas não imaginei que conheceria alguém tão legal como você — afirmou, fazendo Akemi esboçar um sorriso.

— Não sei se me sinto feliz ou triste por conhecer você. Quero dizer... só conheço o que escolheu mostrar na internet, shows e em fansings. Hoje, sinto que conheci uma pessoa ainda mais incrível — ela tentava conversar sem deixar que o nervosismo tomasse conta, embora internamente estivesse prestes a passar mal na frente do Baek.

— É a primeira vez em uns bons meses que não dou a mínima porque alguém me conhece só do Exo. Acho que o nosso papo no escuro contou bastante pra isso — desabafou. — Não é que eu esteja cansado dos fãs, claro que não. Só estou realmente de saco cheio de tanta falsidade dentro desse meio, entende?

— Aham. Não consigo imaginar o quão louco deve ser acordar todos os dias sabendo que mais de três milhões de pessoas sabem quem você é e acompanham seus passos — sorriu. — E, de qualquer forma, todo mundo merece um tempo pra si. Só que eu tô me sentindo superposer por não ter associado seu nome ao cantor. Baekhyun de Baekhyun do Exo, claro! Meu Deus, onde estava com a cabeça? — brincou, dando risada.

— Sua risada é tão gostosa de ouvir que sinto vontade de ficar contando piadas o tempo todo — ele deixou escapar e viu a garota olhar para baixo automaticamente. Já havia percebido que ela ficava sem graça ao receber elogios.

— Suas tatuagens são muito bonitas — Akemi tentou mudar de assunto, sem saber se deveria ou não agradecer o elogio.

— Seu rosto também — afirmou Baek enquanto afastava uns fios de cabelo dos olhos de Akemi.

Ela já estava ficando inquieta por, novamente, ficar sem reação. Talvez fosse pelo longo tempo sem se abrir para relacionamentos ou para qualquer demonstração de afeto, talvez fosse apenas o efeito que ele causava nas pessoas. Ou pior: talvez as duas coisas.

— Obrigada... É muito louco tudo isso, né?! Sinto que não é só mais um cara que eu acompanhava na internet, mas, sim, uma pessoa que conheço há anos. Conversamos por quase quatro horas e mesmo assim ainda estamos aqui parados na frente um do outro e... conversando! — Akemi sorriu e encarou o rapaz. Poderia jurar que os olhos dele eram castanhos, mas a luz do poste a fez notar que tinham um tom verde-escuro. Ela respirou fundo. Como seria fácil admirá-lo a noite inteira, pensou.

— Você está ficando no resort Jeon, eu e os meninos estamos hospedados lá também. Vamos? — perguntou Baek e a garota assentiu.

Estava tão ridiculamente fácil manter a conversa entre os dois que Akemi começou a achar aquela situação toda engraçada. Ela sempre fora uma garota intensa, mas sentia-se dez vezes mais naquela noite. Em uma questão de horas, uma das pessoas que ela mais admirava havia se tornado um... amigo? Quão bizarro era pensar que o cara ao lado - incluindo mais sete garotos - já tinha sido a sua companhia em diversas outras noites?

Papo vai, papo vem, quando estavam na metade do caminho, Baekhyun encostou os dedos nos de Akemi e entrelaçou o indicador e o dedo médio nos dela. Ele não queria assustá-la agarrando sua mão com força, mas também não conseguia mais ficar sem tocá-la. Era uma necessidade. Ao sentir o toque, ela não conseguiu evitar um sorriso discreto, mas não a ponto de o rapaz não perceber.

Continua...

(Re)começos | BYUN BAEKHYUNWhere stories live. Discover now