Coincidences.

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MICHAEL.

É tão boa essa sensação depressiva de volta às aulas. Nota-se a clara ironia.

Essa escola é uma bosta, todos nela só pensam em dinheiro, coisas de marca e ficar mais ricos. Para mim, a única pessoa que presta é Calum, meu melhor amigo, a coisa que me aguenta desde nossa infância que eu me mudei pra casa do lado da dele e ele quebrou a janela do meu quarto com uma bola de futebol e depois me chamou para jogar com ele. Coisas normais que acontecem com garotos de sete anos.

"Calum, eu não quero ir." Falei, puxando os cobertores até cobrir minha cabeça toda. Ele, como sempre, veio encher meu saco em plenas seis e meia da manhã. Desvantagens de seu melhor amigo morar a apenas trinta segundos de você.

"Bora logo, seu merda!" Ah, que amor esse menino. Ele começou a puxar meu edredom e eu desisti, largando e fechando os olhos com força. Esfreguei as palpebras e baguncei o cabelo, até sentir um puxão nas minhas pernas e no segundo seguinte estar com a cara contra o chão gelado.

"Obrigado." Murmurei e levantei. "Me dá dez minutos, porque eu não posso aparecer na escola de cueca e meias, as meninas iriam desmaiar e não quero dar trabalho pro diretor." Brinquei e saí correndo para o banheiro, fechando a porta e sentindo um baque contra ela. Ele tentou acertar um travesseiro em mim, com certeza.

Entrei no chuveiro quente e tomei um banho rápido, saindo com uma toalha amarrada na cintura e encontrando um Calum mexendo no celular e rindo pra tela. Alienado.

"Nossa, vai botar uma roupa, cara!" Ele gritou quando eu joguei a toalha no chão para me vestir.

"Vai se foder, era isso que eu estava fazendo antes de você gritar, seu porra. E você já viu meu pênis mais vezes do que é necessário, por motivos." Xinguei e coloquei a cueca e a calça skinny preta. Joguei algumas blusas no chão que ou estavam sujas ou muito sujas e peguei uma que tava no fundo da gaveta, meio amarrotada, mas era isso que teríamos para hoje, já que era a única que não fedia como se dois gambás tivessem feito sexo nela.

"Acho que você precisa lavar suas blusas." Calum disse, depois de cheirar uma das que estavam no chão e fazer um careta ao largar.

"E a preguiça de colocar no cesto de roupa pra lavar?" Me fiz de inocente e ele me deu tapa na cabeça, enquanto ria e me observava colocar um tênis e terminar de ajeitar meu cabelo.

"Esse seu cabelo é tão gay, Michael!" Calum disse e eu revirei os olhos. Eu pinto o cabelo, não é porque eu sou revoltado não, eu só gosto. No momento meu cabelo estava meio rosa pink. Eu achei a cor na farmácia e me imaginei com ela, me apaixonei pela imagem que eu criei, comprei e passei. Ficou legal, mas Calum sempre dizia que era gay demais até para mim, um gay assumido, e que parecia algodão doce. Eu sempre acabava mandando ele ir tomar no cu.

"Para de falar do meu cabelo e vamos logo." Peguei minha mochila e Cal pegou a dele. Descemos e encontramos minha mãe na cozinha preparando um sanduíche matinal para mim.

"Oi tia!" Meu amigo disse animado, dando um abraço nela e eu depositei um beijo em sua bochecha e desejei um bom dia.

"Toma, Mike. Bom primeiro dia de aula! Te amo, querido." Ela disse sempre com seu tom animado e eu peguei meu sanduíche, logo dando uma mordida e entregando para Cal, que me atazanava para comer um pedaço.

"Tchau, mãe, te amo também." Falei e nós dois saímos, batendo a porta e caminhando os quinze minutos até o colégio.

"Mesmas pessoas, mesmo saco, mesma fama de excluídos." Calum proferiu ao pararmos em frente ao grande prédio e eu só balancei a cabeça. Não somos do tipo popular, preferimos ser mais who mesmo.

wagers ✿ muke clemmingsWhere stories live. Discover now