• 3 •

2K 388 587
                                    

"Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."
~ Clarice Lispector.

O céu estava escuro, iria cair uma forte chuva torrencial, eu amava aquele clima, ele me trazia uma paz que nenhuma outra coisa poderia me trazer, se eu pudesse faria com que todos os dias fossem assim, nublados, esse vento frio e forte, esse céu ...

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

O céu estava escuro, iria cair uma forte chuva torrencial, eu amava aquele clima, ele me trazia uma paz que nenhuma outra coisa poderia me trazer, se eu pudesse faria com que todos os dias fossem assim, nublados, esse vento frio e forte, esse céu acinzentado e tempestuoso.

Eu não entendia como um clima poderia parecer tanto com meu interior: era escuro, frio e aterrorizante. Eu gostava de pensar isto, pensar na minha escuridão que para mim era um mérito, uma virtude, um privilégio.

Abaixei meus olhos e analisei os papéis a minha frente. Soprei entediado.

Naquele caso era um homem que fora encontrado morto na periferia da cidade, jogado no meio da rua, ele tinha três facadas, nos lugares principais, na lateral do pulmão, coração e um corte severo na garganta.

Com toda certeza, o criminoso havia atingido primeiro o pulmão, em seguida o coração e, por fim, degolou a vítima.

Não descartei a hipótese de que o assassino era um açougueiro ou algo parecido, os golpes eram certeiros e bem executados e eu não o considerava um facínora experiente, pois a forma como as pistas houveram sido dadas mostravam a sua imaturidade.

O indivíduo nem ao menos houvera se preocupou em esconder o corpo ou tirar os vestígios, que eram muitos, do seu crime, a faca utilizada para matar a vítima estava jogada no meio do matagal próximo ao corpo.

Quem matara aquele homem definitivamente era um indivíduo muito forte, já que o corpo do morto — à qual eu apreciava pela foto mal tirada — era muito grande, robusto. Além do mais, não seria qualquer um que conseguiria acertar o pulmão daquele cara e depois o coração.

Joguei o documentário na mesa, pondo entre mim e ele uma distância agradável.

O que o povo dessa cidade tinha que não conseguia fazer um assassinato bem feito.

Vamos lá, não é tão difícil assim!

— Srtª. Any — chamei pelo interruptor minha assistente que tinha acabado de chegar de fininho, com a esperança que eu não a visse.

Como se eu fosse burro.

Ela logo apareceu com meu café nas mãos, os olhos arregalados em pânico.

— Sr. Andrew! — exclamou surpresa. — Não sabia que estava aqui hoje, não o vi passar.

Tolinha.

— O problema todo aqui Srtª. Any é que a senhorita chegou atrasadíssima — falei me escorando na cadeira, ainda a olhando. — Óbvio que não me veria passar.

Ombros para trás, mãos juntas e que não param de se movimentar entre si, olhos arregalados. Está com medo. Dei meu melhor sorriso demoníaco para ela e finalmente disse depois da mesma se aproximar pesarosamente e pousar o café sobre minha mesa:

Ônix ®Where stories live. Discover now