Capítulo 49

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Entrei no seu quarto e vi a sua expressão serena enquanto dormia, sorri e fiquei a observar aquele rosto angelical.

Com um pouco de cautela aproximei me da sua cama e sentei me na mesma, passei a mão pelos seus cabelos e ele mexeu se um pouco na cama mas não acordou, assustada tirei a minha mão do seu cabelo

-Como é que nós chegamos aqui? Á cinco anos eu não te suportava, não me lembrava da amizade forte que todos diziam que tivemos enquanto crianças e culpava te por algo que não tinhas feito, antes pelo contrário, se não fosses tu eu estaria morta-observei o e recomecei as carícias no seu cabelo- Nós namoramos de mentira por uma casa e meu deus, na altura eu odiei te tanto-soltei uma risada baixa ao lembrar me daquela época- Mas o inesperado aconteceu, eu apaixonei me pela pessoa que eu mais odiava, pelo rapaz a quem chamava de inimigo desde pequena. Quando eu te vi naquela manhã, com outra, eu senti o meu coração partir se em incontáveis pedacinhos-nesse momento já sentia as lágrimas descerem pelo meu rosto- Doeu tanto Tomi, na verdade ainda dói, mesmo eu tentando esquecer, aquela imagem atormenta me até hoje. Nesse dia descobri que estava grávida, grávida da nossa Hope, eu sonhava ter filhos contigo, mas não naquelas circunstâncias, não depois de ter descoberto a tua traição. Então eu fugi, eu sei que não foi o certo, mas naquela altura eu não encontrava outra solução! Eu não conseguia sequer olhar para ti e sabia que um filho era algo que nos ligaria para sempre-eu chorava compulsivamente enquanto fechava os olhos com força, todas as memórias vinham à tona- Eu só queria esquecer te, mas isso tornou se ainda mais impossível depois de a Hope nascer, a cada dia que passava ela tornava se mais parecida contigo e eu percebi que, onde quer que estivesse, teria sempre um pedaço de ti comigo-sorri no meio das lágrimas

Gelei quando abri os olhos, o Tomás estava acordado e lágrimas escorriam silenciosamente pelo seu rosto

-Madalena-ele sussurrou com voz de choro

-O que é que tu ouviste?-perguntei tapando o rosto com as minhas próprias mãos

-Tudo-suspirei ao ouvir a sua resposta

-Volta a dormir, ainda é cedo e para além do mais hoje é sábado, não tens de trabalhar-disse baixo levantando me da sua cama

-Desculpa Madalena, eu lamento tanto-virei me para ele, que tinha uma expressão sofrida

-Eu também lamento-já sem força deixei me cair de joelhos enquanto chorava mais e mais e soluçava alto, não sei se pela culpa que sentia por ter privado a minha filha de ter um pai durante estes anos, se pela saudade, se pela dor da traição ou até pelo medo do sentimento que se instalava novamente no meu peito

O Tomás ajoelhou se na minha frente também a chorar, e ficamos por alguns minutos assim, sem falar nada

-Mamã, papá! Porque é que choram?-ouvimos a voz infantil da nossa filha e logo a pequena estava ao pé de nós

-Não é nada princesa, está tudo bem-o Tomás deu um curto sorriso e abraçou a nossa menina

-Mamã..-a Hope olhou para mim preocupada

-Não te preocupes meu amor-passei a mão pelos seus cabelos ruivos

O Tomás abriu os braços, chamando me também para o abraço, e eu, meio receosa fui, aninhando me no seu peito

-As duas mulheres da minha vida-ouvi o sussurrar enquanto nos abraçava às duas

-Porque é que estão a chorar?-perguntou novamente a Hope

-Coisas de adultos amor, mas vai passar-sussurrei

-Podemos ficar a dormir mais na cama do papá?-ela bocejou enquanto esfregava os olhinhos

Levantei me, assim como eles, e deitamo nos, deixando a Hope no meio, que rapidamente adormeceu

-Eu queria tanto poder voltar atrás no tempo e não ter ido àquela maldita festa-ouvi o sussurro de Tomás e olhei para ele

-Mas não podes Tomás-limitei me a dizer, antes de adormecer

Inimigos De Infância {CONCLUÍDO}Onde as histórias ganham vida. Descobre agora