Capítulo 38

3K 227 9
                                    

Estava no jardim da casa da madrinha com os meus pais a contar lhes da oportunidade que tenho de estudar dança numa das melhores academias do mundo, eles olhavam para mim com um misto de orgulho e tristeza

  -É isso que tu queres mesmo filha?-a minha mãe perguntou pegando nas minhas mãos carinhosamente

  -Eu não sei, eu sempre sonhei com isto mas agora parece tudo estar tão certo na minha vida, entendes? Eu lembrei me finalmente de tudo, namoro com o Tomás, estou de volta ao país onde nasci e passei grande parte da minha vida, reencontrei os meus amigos-contei aos meus pais tudo o que sentia, eles pareciam entender me e abraçaram me

  -Dá me o cartão, nós vamos dizer lhe que autorizamos que vás com ele mas que a decisão é tua e que espere um telefonema teu a dar a resposta-o meu pai disse a sorrir e eu agradeci lhes

Voltei para o meu quarto e encontrei o Tomás com a caixa onde tinha as minhas lâminas na mão, nervosa fui até ele e tirei lha

  -O que é que tu pensas que estás a fazer a bisbilhotar as minhas coisas?-perguntei irritada

  -Quando é que começaste?-ele perguntou calmo, ignorando a minha pergunta

  -Quando fui para o Havai-respondi sentando me e colocando a caixa no meu colo

  -Porquê?-ele olhava me atentamente e eu suspirei preparando me para contar a história

  -Quando me mudei para lá não conhecia ninguém e quando fui para a escola ninguém se dava comigo e chamavam me de aberração por causa da cicatriz que tinha na perna, aquilo deixava me de rastos e eu sentia muita raiva por não me conseguir lembrar do que realmente havia acontecido. Um dia acidentalmente cortei me com uma faca e isso fez a dor que sentia por tais ofensas aliviar um pouco, sendo substituída pela dor física que era mais fácil de suportar. Depois desse dia comecei a cortar me regularmente, mas parei quando conheci o Oliver, ele defendia me sempre-sorria entre lágrimas ao lembrar me do meu melhor amigo e agarrei o fio dele que eu tinha ao pescoço- Ele dizia que com ou sem aquela cicatriz nunca me deixaria sozinha e seria sempre meu amigo, se não fosse ele eu hoje talvez nem estivesse viva, porque cada vez eu ia fazendo cortes mais fundos-quando acabei de contar toda a história ele levantou se com a caixa na mão, deitou todas as lâminas fora e veio outra vez para ao pé de mim

  -Nunca mais vais precisar delas, sempre que algo te deixar triste não o guardes para ti, confia em mim que eu vou ajudar te e vamos ultrapassar seja o que for juntos, prometo-o Tomi sorriu e eu abracei o com todas as forças, sentindo me segura naqueles braços.
Ele deu me um beijo rápido e ficou a fazer pequenas carícias na bochecha enquanto eu sorria

  -Como é que pudeste?-uma voz feminina foi ouvida e nós olhamos para a porta, onde estava a Rachel e a Emily (as minhas amigas do Havai)- O Oliver morreu á pouco tempo porque veio para cá dar te apoio e tu já estás agarrada a outro?-a raiva na voz da Rachel era muita e aquelas palavras foram como uma facada para mim

  -Rachel deixa me explicar-pedi sem saber o que fazer

  -Não quero ouvir Madalena, o que eu vi foi mais que suficiente. Ele amava te!-ela disse antes de sair do quarto

  -Calma, ela vai entender-Emily tentou confortar me enquanto eu estava de joelhos no chão com lágrimas a cair pelo meu rosto

Inimigos De Infância {CONCLUÍDO}Onde as histórias ganham vida. Descobre agora