Me viro, esperando ver Amanda reclamando sobre minha pequena leitura, mas na verdade quem está aqui é um garoto,. Um garoto que agora ria do meu susto.

Seu cabelo é claro o suficiente para parecer refletir a luz em cima das nossas cabeças e seus olhos verdes me encaravam por cima da lente de seus óculos de grau.

— Desculpa, eu não quis assustar você. —ele diz sério, mesmo que eu ainda consiga ver um rastro de humor em seu semblante.

— Sem problemas. — Sorrio. — Posso ajudar em algo?

— Eu preciso de uma ajuda específica com livros. E de todas as atendentes, você pareceu a mais qualificada. — Ele aponta para o livro em minhas mãos.

Ele era mais simpático do que a maioria dos clientes que eu recebia aqui.

— Claro, que tipo de livro você está procurando? — A verdade é que eu sabia muito pouco sobre literatura, entretanto sabia muito sobre fazer uma venda.

— Não é pra mim, é pra minha namorada. — Algo em mim se apagou.

— E que tipo de livros ela costuma ler? — pergunto.

— E aí que entra o problema. — Ele dá uma verdadeira risada. — Eu não faço a menor ideia.

Que tipo de namorado é esse?

Aliás, o que eu posso falar? Eu namorei Aiken.

Automaticamente lembrei de um livro que eu havia lido alguns dias atrás. E com lido eu me refiro a algumas páginas do prólogo e algumas páginas do epílogo.

— Bem, nesse caso eu vou indicar um livro que deve agradar a todos os gostos. — brinco.

Depois de alguns minutos procurando, finalmente acho um exemplar de "O apanhador no campo de centeio" de J. D. Salinger.

— Eu vou levar. — Por alguns segundos, a sua postura decidida me faz lembrar um certo rapaz de olhos terrivelmente castanhos.

E alguns de seus gestos também me lembravam Logan, mas Aiken ainda parece mais gracioso.

Eu odeio cada maldito segundo disso.

Não importa o que eu faça, ainda existirão pessoas que me lembrarão dele.

E isso machuca.

Machuca saber que ele está por toda parte.

— Não quer olhar outros, ou...

— Não. Se você diz que esse é bom, então ele provavelmente é. — Sorriu simpático. Percebo agora que nossa conversa girou em torno de sorrisos gentis.

Mal sabia ele que eu tinha os piores gostos da face da terra.

Eu sempre tomava as piores decisões possíveis.

E uma delas não quer sair da minha cabeça, nesse exato momento.

Eu observava as costas largas do rapaz indo embora, quando ele subitamente se virou e me pegou encarando. Senti meu rosto corar violentamente.

Ele voltou e disse:

— A propósito, meu nome é Kian, Kian Nighy. — ele disse e esperou por alguns segundos até que eu dissesse o meu.

— Kiara Hildegard.

— É um bonito nome, Kiara. — Outro sorriso e então um gesto com a cabeça. Em seguida, ele voltou para a direção do caixa, na entrada da loja.

Voltei para a minha leitura, mas de repente "Carta de amor aos mortos" não era mais tão interessante assim.

Kian não tinha absolutamente nada a ver com Aiken.

Mas eu o via em todos os cantos.

Maldito seja Logan Aiken.

Ele me fez sentir algo especial, e depois destruiu isso.

Ele me fez ver partes dele em pessoas desconhecidas.

Ele está me levando a loucura.

E mesmo quando eu conheço alguém legal, eu ainda só consigo pensar nele.

Fecho o livro e o coloco de volta no lugar.

Eu estou disposta a ir atrás de Logan quando sair do trabalho.

Eu vou dizer o quanto o odeio.

Vou pedir para que ele fique longe de mim.

Porque, na verdade, nós nunca tivemos um fim.

E eu devo isso a mim.

Eu vou pôr um fim nisso.

Assinado, sua (COMPLETO NA AMAZON)!Where stories live. Discover now