22 - O primeiro beijo

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— Ei... tudo bem se tiramos o dia hoje para descansarmos? — Indagou ao garoto, que já se jogara em uma das camas. — Que dizer... treinamos sem parar por duas semanas, e ainda tivemos essa viagem... que durou toda a manhã.

— Tanto faz. — Respondeu ele, somente.

— A dona da pousada disse que o almoço seria servido daqui uma hora... acho que dormir um pouco. — Comentou a nefilim, na esperança de que ele a acordasse.

Com as pernas levemente dormentes por ter dirigido durante algumas horas seguidas, Roberta retirou os tênis e se jogou cobre os lençóis claros, afundando o rosto num travesseiro macio e cheiroso, e não demorou muito para pegar sono.

Após um longo tempo, a nefilim desperta, abrindo os olhos com dificuldade devido à luminosidade no quarto. Espreguiçando-se, ela se senta devagar, ao passo que tenta entender onde está exatamente. Com apenas uma olhada ao redor, lembrou-se que estava em missão com Nicolas, que dormia na cama ao lado. Quando se levantou, ouviu seu estômago roncar, e enfim percebeu que perdera o horário de almoço da pousada. Um pouco irritada, ela cutucou o ombro de seu parceiro, a fim de acordá-lo, o que levou certo tempo.

— Nicolas... ei, acorda...

O garoto acordou ainda menos disposto do que ela, e com um bocejo, encarou-a com os olhos semicerrados.

— Que horas são?

— Quatro horas... droga, realmente perdemos o almoço.

— Perdemos? — Ouviu-o murmurar.

— Sim, foi servido ao meio... — Começou a explicar, então o olhou, notando uma leve expressão de deboche em seu rosto. — Não acredito, você... por que não me chamou?

Nicolas passou os dedos pelas madeixas sedosas e claras, e tornou a fechar os olhos, enquanto se recostava na cabeceira de sua cama, com os braços cruzados.

— Minha capitã dormia tão tranquilamente, julguei ser muito inconveniente acordá-la.

Com apenas um suspiro, Roberta preferiu não revidar à provocação, foi capaz apenas de comentar:

— Não é como se eu esperasse algo de você, mas... ser gentil um pouco não faz a ninguém. — Apanhou sua bolsa. — Que seja, vou revisar algumas coisas, então sair para comer, e com sorte, talvez eu encontre algo que nos ajude em nossa missão.

— Eu também vou sair um pouco.

Nicolas apanhou sua jaqueta, que havia tirado antes de sua pequena tarde de sono, então saiu do quarto, sem dizer qualquer outra coisa. Sem dar importância, Roberta apanhou os documentos com as informações da missão. Era dito que havia um grupo de jovens causando terror na pequena cidade, e que a polícia local não estava sendo capaz de lidar com a situação, de modo que oficiais da cidade vizinha foram convocados, e dessa forma, a Angelus acabou por ser alertada por um destes, que era um anjo caído.

— Aqui diz que o grupo contém cerca de quinze indivíduos ou mais... bem, sendo nefilins, é compreensível que a força policial da cidade não dê conta, mas ainda assim...

Seu pensamento foi interrompido com a porta do quarto sendo aberta. Nicolas entrou com o mesmo semblante de quando saiu, e ela se perguntou onde ele fora para voltar tão rapidamente. Nesse momento, o garoto lhe estendeu uma sacola.

— Pega.

— O que é isso? — Indagou, pegando o embrulho de suas mãos.

— Enquanto vínhamos para a pousada, vi uma lanchonete bem perto daqui.— Explicou ele. — Você pode esperar até a hora do jantar agora.

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