16 - Equívoco?

1.4K 178 54
                                    

No horário de almoço, os nefilins finalmente pausaram os treinos. Enquanto caminhava em direção ao refeitório, Eros era constantemente interceptado por alguns alunos, até mesmo mais novos do que o mesmo, que buscavam parabenizá-lo, especialmente as garotas. Com uma toalha sobre os ombros, ele sorriu ao receber um pacote embrulhado de azul.

— Espero que goste, escolhi antes das aulas começarem... — Afirmou Larissa, uma nefilim que era da sua sala desde o ano anterior.

— Muito obrigado.

— Eros! — Ouviu a voz de Sophia chamá-lo, e imediatamente a loura estava com as mãos em seus ombros. — Vamos caminhar um pouco, após o almoço?

— Ah...

O rapaz pensou em negar imediatamente, mas então se lembrou do que Eva havia lhe dito, sobre tê-la magoado.

— Por favor, vamos...

— Claro. — Afirmou. — Querem ir também, Davi... Miguel? — Indagou aos amigos, esperançoso, sem desejar ficar sozinho com a loura.

— Claro, podemos ir ao lago... — Davi respondeu, empolgado. — Pode ser À noite, quando fizermos a fogueira...

— Ah... melhor que nada... — Murmurou Sophia, ainda com o braço enganchado ao de Eros.

Há poucos metros dali, Eva terminava de lavar a louça que usara para preparar tudo o que Laura havia lhe pedido. Quando finalmente terminou, abriu a ampla janela que havia acima da pia, sentindo a brisa suave do início da tarde bagunçar os poucos fios de cabelo que estavam soltos, já que ela o prendera num coque com a fita que ganhara de Eros. Respirando fundo, ela observou o ambiente do lado de fora, e viu através da janela, um pequeno grupo de nefilins se aproximar. Imediatamente, suas íris violetas encontraram as madeixas arruivadas do aniversariante daquele dia, madeixas estas que estavam cada vez mais onduladas conforme cresciam. A pequena nefilim se sentiu ainda mais ansiosa quando percebeu que ele logo provaria o que ela havia feito, e desejou que fosse de seu agrado. Ao observar o restante dos alunos, notou a aproximação extrema de Sophia para com o garoto, ainda mais do que os outros que se encontravam ao redor dele. Involuntariamente, pregou os olhos nos dois, e lembrou-se das palavras da nefilim loura, quando a procurara em seu dormitório. Eva apertou o próprio punho à frente do peito.

Ela dissera a Sophia para conversar com ele. Ela a aconselhara a procurá-lo e pedir por um tempo com ele. Ela, e apenas ela. Então por quê? Por que seu coração parecia estar prestes a se partir nesse momento?

O que é isso... eu me tornei uma hipócrita, agora? Pensou, então desviou rapidamente o olhar dos dois, sentindo-se mal por bisbilhotar em algo que não tinha nada a ver com ela.

É isso... Eros é como um sol. Quente. Acolhedor. Não há ninguém que não desejaria estar perto dele... Seria egoísmo da minha parte, sentir-me infeliz por vê-lo próximo de outras pessoas.

— Eva? — Ouviu a voz de Diana atrás de si. — Está tudo bem?

A nefilim de olhos ametista se virou, revelando um rosto sereno.

— Sim.

— Desculpe... de repente, você me pareceu meio... — Diana interrompeu a própria fala ao perceber o que Eva estava olhando do lado de fora.

Seu irmão estava rodeado de outras meninas, e sorria. Diana sabia que ele não fazia por mal, era de sua natureza ser atencioso e gentil com todos -como ela mesma. No entanto, compreendeu Eva completamente nesse momento, pois sentia-se da mesma forma quando Davi era cercado por outras nefilins. Com um suspiro, ela foi até a garota baixinha à sua frente, e pegou sua mão.

DescendentesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora