8 - A noite do desafio

1.5K 190 55
                                    

A terça-feira amanheceu ensolarada, de modo que os nefilins pareceram mais animados do que o normal. Mentalmente, Eva se perguntava como alguém podia preferir o calor ao frio. Enquanto ajeitava o laço azul nas madeixas claras, notou que Eros estava atrasado, algo que geralmente não acontecia. No centro da sala, Laura colocava papéis dentro da camiseta de Miguel, que mal entrara na sala de aula, e já cochilara sobre a própria carteira.

— Acordem, pirralhos! — Heloíse adentrou na sala, de repente.

Miguel levantou o rosto subitamente, assim como alguns outros. A mulher ruiva à frente jogou as madeixas longas e onduladas para trás, e encarou os nefilins.

— É gentil dar bom dia às pessoas... — Comentou Davi, com um sorriso malicioso.

— Bom dia para quem? — Rebateu Heloíse, sorrindo de volta. — Você vai tirar esse sorriso do rosto logo, logo.

O garoto estreitou os olhos, confuso. Nesse momento, um rapaz alto adentrou na sala, prendendo a atenção dos alunos. Ele logo foi atingido pelos olhares femininos, cheios de um arrebatamento evidente. Os cabelos acinzentados caídos sobre a testa lembraram a todos as madeixas de Eva, porém, diferente da cor ametista das grandes íris da mesma, os olhos daquele estranho eram inexplicavelmente dourados. No momento em que o mesmo ergueu o olhar, Diana engoliu em seco.

— Acho que vou morrer. — Sussurrou ela a Laura, que revirou os olhos.

— Que tipo de homem usa brinco de cruz? — A amiga rebateu, observando o objeto escuro no lóbulo esquerdo do rapaz.

— Eu achei bem sexy...

— Bem, turma... esse é Kan, um assistente do governo, designado a avaliar nossa instituição. — Heloíse explicou. — Como sabem, a Angelus é sustentada graças aos pais de vocês, e também por uma organização à parte do governo, por sermos vistos como uma espécie de ajuda, onde alguns poucos dentro do mesmo, têm conhecimento de nossas habilidades, e meios de conseguir que a segurança da população seja efetiva. Porém, precisamos mostrar que estamos realmente empenhados a cooperar, e provar do que somos capazes.

— Então esse cara está aqui pra avaliar a gente? — Karol se pronunciou.

Nicolas ajeitou o boné escuro sobre as madeixas louras, e bocejou, completamente indiferente àquilo.

— Exatamente. — A ruiva observou a expressão preocupada de todos. — Fiquem tranquilos, e apenas façam o que puderem... Kan, por favor.

Kan assentiu, e tomou o lugar de Heloíse no centro da sala.

— Como sua tutora explicou, tenho o dever de verificar se as atividades desenvolvidas aqui são suficientemente adequadas para o governo, de modo que avaliarei suas habilidades, se são capazes de agir com pontua...

— Com licença! — Eros bate na porta, e passa a mão pelo cabelo castanho. — Desculpe o... atraso.

Seus olhos se perdem no rapaz à frente, e ele se pergunta mentalmente se é uma versão masculina de sua parceira de sala. Então, no instante em que ele encontra o olhar de repreensão de Heloíse, e os demais nefilins são incapazes de segurar o riso, Eros se dirige silenciosamente até sua carteira.

— Por favor, prossiga. — Heloíse sugeriu, a fim de quebrar a tensão.

— Como parte de uma minoria que possui conhecimento sobre o que se passa aqui, devo dizer que esperamos algo realmente grande de vocês, baseado no que são capazes de fazer. — Kan colocou as mãos para trás. — Especialmente nefilins com um grande legado familiar. — Seus olhos fitaram Eros nesse momento.

DescendentesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora