- Desculpe, eu sei, é que... Eu sinto muito...

- Ei, tudo bem, vai ficar tudo bem com o Jake. – Vero tentou.

- Não chora mamãe... – a voz do menino era embargada.

Foi o suficiente para Lúcia quase desabar ali mesmo, não fossem os braços da pediatra a segurando e a puxando para um abraço firme e reconfortante, como há muito não recebia de ninguém, e a jovem mãe se permitiu abraçar a médica e chorar em seu ombro, a apertava contra si e com os dedos amassava seu jaleco sem se conter, por tanto tempo precisou disso, chorar no ombro de alguém, seu coração doía tanto, mas a sensação de desabafar, mesmo sem dizer uma única palavra, era boa.

- Shiii, eu vou cuidar dele, seu filho vai ficar bem, é só uma gripe, só isso... – Verônica ninava a mãe e apesar do momento ruim, gostou de ter abraçado a moça, de sentir sua respiração em seu pescoço e seus dedos delicados amassando sua roupa, mas não se permitiu pensar além disso, não com aquela mulher tão frágil em seus braços, tudo que ela precisava agora era ser confortada. Lúcia parou de chorar e as duas se afastaram lentamente. - Sente-se melhor?

- Sim, me desculpe, eu não deveria...

- Não tem problema nenhum, eu entendo muito bem o que sente. – Ela disse para reconfortar a moça, mas no fundo sentia que não era um caso comum de uma mãe com o filhinho doente.

- Tia Vero... – Jake chamou e Vero percebeu que já havia chegado o momento de tirar o termômetro.

- Oi meu bem. – A médica pegou o objeto, trinta e oito graus.

- Obrigado.

- Porque? – ela franziu o cenho.

- Você fez a mamãe parar de chorar. – Lúcia levou a mão à boca para conter um novo choro e a pediatra se aproximou do menino afagando seus cabelos.

- A tia Vero está aqui para ajudar, seja no que for. – E terminou a frase focando nos olhos de Lúcia, que desviou o olhar nervosa. Depois de lhe dar um antitérmico, examinar mais cuidadosamente o menino e lhe receitar alguns remédios, Vero o levou para a sala de nebulização, onde ficou com os dois o tempo todo.

- Não precisa ficar a aqui conosco doutora, eu já fiz isso antes, a senhora deve ter outros pacientes para atender. – Lúcia dizia enquanto segurava o filho no colo e a médica sorriu segurando o nebulizador no rostinho de Jake.

- Não tenho, vocês são os últimos, daqui eu vou apenas almoçar e atender no Brooklin. – ela tentava fitar os olhos da jovem mãe, mas nunca conseguia ter seu olhar sustentado por muito tempo, Lúcia se sentia intimidada por tanta beleza física e de alma de Verônica, mais que isso, por todo o frescor de uma mente leve e desprovida de angústias como as que carregava em seu peito.

- Então é melhor ir mesmo, deve estar com fome. – Ela insistiu. Jake acompanhava a conversa com os olhinhos atentos.

- Não muita, o Jake é mais importante. – Sorriu, e desta vez conseguiu prender os olhos de Lúcia nos seus, e por esses segundos que pareceram uma eternidade, pelo menos para as duas, algo extremamente agradável aos seus corações surgiu, uma simpatia nova e reconfortante as uniu nesse momento de cumplicidade provocada pelo pequeno Jacob Vives.

- Tudo bem então... – Lúcia ajeitou o filho no colo o fitando com ternura, nesses momentos se sentia boa mãe, cuidando do seu pequeno, o protegendo e embalando do jeito que lhes era mais agradável.

- Vocês... – Verônica se sentia nervosa, mas achou que não deveria ficar, afinal era uma bobagem. – Gostariam de almoçar comigo? – criou coragem para completar.

The Tiny DancerWhere stories live. Discover now