Sixteen

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Junkook

Aqui esta começando mais um dia. Manhã cheia de neve. Manhã branca. Não há cores, não há rosa nem castanho, não há vida nesse pedaço de inferno congelado. Eu continuo a ir na calada da noite visitar o Jimin que permanece em coma. Já faz dois meses que tudo aconteceu. Meus amigos continuam distantes, meus pais na empresa. Somente Hyungwon continua a meu lado, as vezes ele me força a sair de casa, me encontro  numa depressão deplorável. Em minhas visitas a Jimin, sempre falo a ele o tamanho do meu arrependimento, tenho a esperança que, quando ele acordar, tenha me perdoado. Mas ele ainda dorme e eu me afogo num abismo de conflitos internos. Descobri que meu amor por ele é ainda maior do que eu imaginava, Jimin é um pedaço de mim, ele sempre esteve comigo. Assim me lembro também dos sonhos que tinha quando criança, porém nunca dei importância.

Flashback on Junkook aos 5 anos

Todas as vezes que eu ia dormir, sonhava com meu amiguinho 'imaginário' ele chama se Jimin e tem os olhinhos tão fofos, quando ele sorri parecem dois traços como os desenhos que eu faço, seus cabelos são cor de rosa, igualzinho a um algodão doce, é baixinho e um pouco gordinho, o que o faz ficar ainda mais fofo. Ele brinca comigo todas as noites, num parque de diversões onde só existe nós dois e tudo funciona sozinho, existe um balanço afastado do parque, onde eu e ele vamos tocar as nuvens de algodão, estou tão feliz por te lo aqui.
_Junkook vem! A roda já vai funcionar- Jimin.
_Me espera Chim Chim!
Corro até ele afobado, ele estende suas mãozinhas, apertando as minhas com força.
_Junkook?
_Oi Jiminnie!
_Você me ama?
_E-eu não sei Jiminnie.
_Você ta vermelho! Hahahahs, ta bonitinho.
Ele me da um beijo na bochecha e eu sinto coisas inexplicáveis em meu estômago.
_Eu acho que também te amo Jimin!
Beijo sua bochecha levemente corada.
Depois fomos para o balanço e lá ficamos a alcançar as nuvens.
_Jimin segura minha mão!- digo estendendo uma das mãos que estava na corda do balanço a ele.
_Tenho medo!
_Vamos confie em mim! Segura minha mão!
_Tudo bem!
E assim aquela corrente elétrica percorre meu corpo, assim que ficamos de mãos dadas. Jimin e eu sempre viemos aqui. Ele me traz felicidade, a gente brinca muito, dividimos nossas tristezas e alegrias aqui neste balanço azul, onde nem mesmo o céu é o limite de nossa união.
Flashback off.

Agora que me recordo bem do meu "amigo imaginário", percebo que ele era real. Era o amor da minha vida. Como fui bobo todo esse tempo. Me lembro que quando completei sete anos, não sonhava mais com o Jimin. Me perdi numa confusão, e o perdi também. Isso até reencontra lo aos dezessete. Hoje é aniversário dele, comprei algo para ele se lembrar de mim, uma tiara com orelhinhas de coelho e flores, quero que ele se lembre de mim, da forma carinhosa como lembrava. Hyungwon já foi se deitar, ainda estou na casa dele, já que na minha a solidão reina, saio na ponta dos pés do quarto de hóspedes que fica de frente para o de Hyungwon, desço as escadas degrau por degrau, silenciosamente, pego meu casaco e saio pela porta.
A neve continua a deixar tudo branco, saio a pé em direção ao hospital. Chego à recepção e passo despercebido, se souberem que a recepcionista não esta cumprindo com o que os pais de Jimin pediram, ela estará no olho da rua. Por isso tomo cuidado, por mim e por ela.
Chego ao quarto, giro a maçaneta devagar e hoje não tem ninguém no sofá de visitas. Suspiro aliviado e adentro o local. Jimin já nao tem o rosto machucado, esta mais corado, com mais vida, ele já respira sem os aparelhos, mas continua tomando soro. Me aproximo toco seu rosto, sinto sua pele macia e quente, deixo um selinho em seus lábios e começo a conversar com ele.
_Oii meu Jiminnie! Hoje eu não vim aqui para pedir desculpas, sabe... Hoje é um dia muito importante pra mim. É o seu aniversário de 17 anos bebê! Meu Mochi esta ficando velhinho- rio comigo mesmo- e eu trouxe um presente pra você!
Rasgo o embrulho azul com bolinhas rosas com cuidado, tirando de lá a tiara de coelhinho.
_Sei que ainda não pode abrir os olhos para ver, mas sei bem que você me ouve, é uma tiara com orelhinhas de coelho! Se lembra de quando me chamava de coelhinho? Hahahaha, eu amava aquilo. Eu vou colocar em você, não conta pra ninguém que fui eu quem te deu.
Me aproximo novamente dele e coloco com o maior cuidado do mundo a tiara. Tiro uma foto dele e guardo meu celular.
_Espero que você goste! Comprei pensando nos momentos bons que passamos juntos. Há Jimin, eu que achava que minha vida não podia ficar melhor, acabei quebrando a cara. Isso tudo é culpa minha... É culpa minha você estar nesse estado, e não curtindo sua festa de aniversário, soprando as velas de um bolo e se lambuzando no glacê. Jaebum tinha razão... Eu não soube cuidar de você. Feliz aniversário meu pequeno mochi!
Beijei o topo de sua testa e segurei sua mão, quando já ia embora, senti ele apertar minha mão levemente. Por um momento pensei que fosse uma ilusão da minha cabeça, e então senti de novo dessa vez, mais forte um pouquinho. Abri um sorriso enorme, beijei sua mão, e perguntei:
_Você pode me ouvir amor?
Senti outro aperto leve. Seus olhos se moviam ainda fechados, eu não acredito, meu mochi está voltando a si!
_Eu vou ter que ir agora, Chim Chim! Mas eu volto amanhã! Eu prometo!
Saio do quarto e quando estou virando a esquina do hospital, vejo os pais de Jimin e meus amigos entrando no lugar, por sorte saí a tempo, ou uma hora dessas estaria lascado. Adentro a casa de Hyungwon, ansioso para vê lo no outro dia, contar a grande novidade.
(...)

Narrador

Se passaram mais alguns dias. Jimin apenas conseguia apertar as mãos de Junkook. Não estava totalmente bem. Hoje completam quatro meses que ele esta em coma induzido. Junkook se formou no ensino médio e agora, por pressa de seu pai, esta na faculdade de administração, Junkook tem agora 18 anos, e seu pai acaba de cobrar aquela parte do "trato". Ele trouxe os Park's para Seul, agora Junkook cumpriria sua parte, assumindo a empresa e tudo o que esta em posse de seu pai. Ele não se sente bem em comandar tudo aquilo, mas seu pai insiste em ensinar, ele diz que não ficara vivo pra sempre, e só resta Junkook para cuidar do que ele construiu. Além de assumir a Jeon Empire, Junkook também ganhou de seu pai, um apartamento so dele, perto da faculdade e perto de Jimin.
Já Taehyung, também se formou e começou o primeiro ano de odontologia, na mesma faculdade de Junkook, Jin, Hoseok, Yoongi e Namjoon.
Hoseok começou seu primeiro ano de Direito, Yoongi de engenharia, Namjoon está quase terminando o primeiro de fotografia, Jin iniciou culinária.
Agora estudar e " estagiar" na Jeon Empire, esta sendo a vida de Junkook. E quando sobra tempo, ele vai até o hospital visita lo. Hyungwon continua o melhor primo do mundo, também faz administração com Junkook e os dois, sempre se ajudam.
Enquanto isso, Jimin acorda no hospital, depois de quatro meses e duas semanas em coma. Taehyung estava lá quando viu o garoto acordar, ele fez um escândalo logo correndo pra recepção e chamando os outros amigos e os pais de Jimin.

Jimin

Minha cabeça esta girando. Estou enjoado. Sinto tudo rodar e meu corpo todo doer, como se acabasse de passar um trator em mim. Não sinto minhas pernas. Vejo um garoto ruivo escandaloso correr pra fora do quarto gritando "Jimin acordou!!". Não me lembro de nada, não sei onde estou e espera... Quem sou eu?
Vejo a porta se abrir e entrarem por ela algumas pessoas que logo vêm me abraçar. Dois homens de meia idade vem até mim.
_Filho você está bem?- perguntam juntos.
_Quem são vocês?
Vejo o sorriso deles sumir de seus rostos e dar lugar a uma face de preocupação.
_Como assim Jimin? Somos seus pais!
_Quem é Jimin?
Eles se entreolharam, um garoto de cabelo azul fala para mim:
_Tudo bem Jimin já pode parar de brincar!
_Não estou brincando! Quem são vocês? Quem sou eu? Onde estou?- começo a falar nervoso.
_Se acalme filho, vamos chamar o doutor- diz o homem ao meu lado.
_POR QUE NÃO TO SENTIDO MINHAS PERNAS?- grito.
Logo entra um homem também de meia idade e todo de branco. Se aproxima de mim, me examina e começa a falar para os outros.
_Jimin tem o que chamamos de estresse pós traumático. É normal em alguns pacientes que sofrem um acidente grave como Jimin sofreu.
_E quando ele vai se lembrar da gente doutor?- pergunta o garoto ruivo.
_Bom... Cada paciente tem seu tempo, veremos como ele se sai. Por enquanto ele não vai se lembrar de ninguém, nem mesmo dele próprio, é a maneira que o cérebro encontra de bloquear o que o faz  sofrer. E você perdeu seus movimentos das pernas, porque uma parte do seu cérebro, responsável por elas, esta parcialmente inchada. Mas logo poderá voltar a andar se fizer fisioterapia frequentemente. É reversível. Mas terá que ficar mais uma semana aqui, até desinchar completamente.

The boy of my dreamsWhere stories live. Discover now