Capítulo 9

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Hand in hand, sparkling eyes

The days are bright and so are the nights

'Cause when I'm with you I'm grinning

Once I was screwed and now I'm winning

(Heart on fire, do Jonathan Clay)

Seth e eu andávamos pela trilha da Ilha, que é cercada por grama, ainda de mãos dadas. Percebi, depois de um tempo, que ele sabia para onde estávamos indo. Quis perguntar qual era o lugar especial que ele tinha em mente, mas não foi necessário. Nesse mesmo instante, chegamos a uma fonte de água, desligada. Ao seu lado, encontrava-se apoiado um violão, que pensei que pertencesse à Morrison. Só podia ser.

Paramos na frente da fonte, observando-a com seus belos detalhes.

– Estamos sozinhos, Rebecca – começou a dizer, fazendo meu coração acelerar. Tinha uma ideia do que ele planejava, e estava um pouco assustada quanto ao que me pediria. – Canta para mim agora? – virou-se para mim; seus olhos penetrados nos meus, esperançoso.

Sem hesitar, balancei a cabeça em negativa. Não estava pronta no outro dia, e ainda não estava pronta naquele momento. Sabia que, cedo ou tarde, teria de me apresentar na frente de uma plateia, no entanto, teria uma semana para me preparar. Seth estava tentando me fazer cantar rápido demais.

– Bem... e comigo?

Mordi o lábio. Com seus olhos brilhosos cravados nos meus e sua mão apertando a minha, não consegui resistir... não consegui dizer "não" para ele com aquela feição tão... perfeita?!

– Posso tentar – respondi com a voz mais baixa do que o normal, engolindo em seco logo depois. Vi um sorriso se formar em seu rosto, o que talvez tenha me deixado feliz por meio que ter aceitado cantar para ele. Ou com ele.

Soltou minha mão calmamente e se sentou no banco da fonte. Sentei-me ao seu lado com uma das pernas no banco e a outra na grama. Eu estava virada para Seth, para poder vê-lo melhor. Morrison tirou um papel dobrado do bolso e o desdobrou.

– Aqui está a letra da música, caso não a conheça – disse ele com um sorrisinho, entregando-me o papel.

Dei uma breve olhada na letra antes de fixar os olhos no nome da música: Just a dream, do cantor Nelly. Lembrava-me vagamente daquele nome. Então, mirei o garoto e o vi pegar o instrumento que estava ao lado da fonte e se ajeitar para começar a tocá-lo. Segurei a folha firmemente. Seth começou a tocar; e eu, a ficar nervosa, com as mãos trêmulas.

Respirei fundo, ficando ainda mais nervosa quando o escutei entoar: I was thinking about her, thinkin about me, thinkin about us. What we gonna be? Open my eyes, yeah; it was only just a dream. Ele tirou os olhos do violão e pousou-os em mim, indicando que estava na minha vez de cantar; meu nome se encontrava escrito no papel. Quando o momento chegou, senti como se minha garganta estivesse fechada, travada. Minha voz simplesmente não saía.

Seth parou de tocar, mexeu-se um pouco, ajeitando o instrumento em suas mãos, e me encarou. Minhas mãos tremeram ainda mais e meu coração disparou. Não queria decepcioná-lo. Queria cantar, de verdade, mas, mesmo assim, minha voz parecia não querer sair.

– Está tudo bem? – indagou, preocupado. – Se não quiser, a gente pode... Não se preocupe, verei você cantar na apresentação, na televisão – prosseguiu, colocando a mão sobre a minha. – Não tem problema, Rebecca, de verdade... Eu a entendo.

– Eu quero cantar – respondi, mordendo o lábio –, mas não estou conseguindo. É como se a minha garganta se fechasse ao pensar "está na minha vez". Quero tentar de novo.

A Chance da Minha Vida [DEGUSTAÇÃO]Where stories live. Discover now