Capítulo 3

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You cried, I tried

To stretch the truth, but didn't lie

It's not so bad when you think about it

(Misunderstood, da banda Bon Jovi).

A coordenadora, Ambrose Countdown, com aproximadamente sessenta e cinco anos, continuava nos encarando rigidamente, decepcionada. Percebi que ela não gostava de quem quebrava as regras. Seu cabelo castanho-claro estava penteado e preso em um coque antigo. Vestia uma camisa social branca com as mangas arregaçadas e uma saia de cintura alta, preta e um pouco acima do joelho.

Alguns minutos de silêncio absoluto se passaram. Não sabia o que dizer nessa situação. Sentia-me péssima. A senhora suspirou e soltou o braço de Roxy bruscamente. Vi a marca de seus dedos na pele de minha amiga. Ambrose nos deu as costas e andou em direção à porta principal do banheiro.

– Eu disse agora! – gritou severamente.

Riley e eu nos despertamos do transe e, antes de a seguirmos lentamente, dei uma breve olhada em Miller, que parecia se sentir culpada. "Sinto muito por isso, Becca", ela moveu os lábios, formando essa frase. Assenti com a cabeça, e isso foi tudo entre nós naquele momento. Tive de ir.

As garotas presentes nos pequenos cômodos saíram para nos observar. Todos os olhares se centravam em nós dois. Por que Avery fez isso se o namorado dela estava comigo? Quer mudar a imagem de Riley? O que ela está armando? Várias indagações passaram por minha cabeça enquanto eu e o garoto Evans caminhávamos pelo corredor atrás da senhora Countdown, que estava enfurecida conosco.

Entramos para o grande corredor, o que possuía as paredes de vidro, e vimos as pessoas se virarem para nós e cochicharem, confusas. Não sabia para onde iríamos, no entanto, tinha uma ideia. Uma visita rápida e monótona à diretoria. A coordenadora se dirigiu a uma pequena porta de madeira e apertou em um botão ao seu lado. Ficamos esperando que a porta se abrisse.

Quando aconteceu, percebi que era um elevador. Adentramos e ficamos quietos e em silêncio na presença da coordenadora furiosa. Tive vontade de me encolher no canto e chorar. Talvez, se eu pedir desculpas... ela possa nos deixar sair livres dessa vez – pensei, mas não disse nada. Mesmo que quisesse, não conseguiria. Não tinha coragem de enfrentá-la.

Ao abrir a porta do elevador, demos de cara com a sala da diretora. O piso era todo de madeira, e as paredes brancas estavam repletas de quadros muito bonitos. Riley meneou a cabeça, indicando que eu o seguisse. Dei alguns passos cuidadosamente. Vi-a sentada em uma cadeira vermelha atrás de uma mesa de vidro. Sua feição não era de uma pessoa feliz, nem compreensiva.

Ela nos fuzilava com os olhos. Possuía o cabelo curto e branco. Sua pele era branca como a neve, e ela usava um vestido preto de mangas compridas. Jornais e cadernos estavam sobre sua mesa. Havia também uma plaquinha com, provavelmente, seu nome: Elizabeth Laurence. Segurava os óculos de grau em uma das mãos e um copo de vidro com água na outra. Tomou um gole e colocou o copo sobre a mesa. Apoiou o queixo na mão que segurava os óculos e voltou a nos encarar.

Paramos em frente à mesa de vidro, com Ambrose entre Evans e eu, e ficamos imóveis. Inicialmente, não trocamos nenhuma palavra. Ninguém disse nada. Silêncio e tensão era tudo que havia naquele cômodo. Após um momento de inquietação, a coordenadora disse, finalmente:

– Senhora Laurence, este garoto, Riley Evans, estava presente no banheiro feminino, acompanhado por esta garota, Rebecca Morgan! – a voz da senhora Countdown demonstrava o quanto estava desapontada.

A Chance da Minha Vida [DEGUSTAÇÃO]Where stories live. Discover now