Capítulo 5

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Hold, hold on, hold onto me

'Cause I'm a little unsteady

A little unsteady

(Unsteady, da banda X Ambassadors).

Estávamos entre as nuvens. Meu coração disparado por estar sentada ao lado de um desconhecido e minha visão voltada para a janela. Não sabia como passaríamos toda a viagem, se conversaríamos ou iríamos continuar sem trocar palavra. Mordi o lábio. Também não conseguia compreender como, mesmo não o conhecendo, sentia-me bem ao seu lado. Será que o conhecia e não sabia? Poderia ser possível, afinal, minha memória estava com problema ultimamente.

Uns quinze minutos se passaram para que o garoto ao meu lado tentasse dizer mais do que já tinha dito até então.

– Hum... Você... Nós não...? Qual é o seu nome? – ele conseguiu indagar, finalmente.

Pensei um pouco em suas sentenças. Nós não o que? Será que ele sabia quem eu era? Será que nós já havíamos nos encontrado? Era possível. Mas, se ele me conhecia, por que não sabia meu nome? Franzi o cenho, encarando a janela. Talvez nós não nos conhecêssemos. Talvez ele estivesse me confundindo com alguém. Talvez Roxy o tivesse confundido com alguém. Isso também era possível. Qual das opções era mais provável?

– Rebecca Morgan – respondi, virando-me para ele e percebendo que me fitava com seus olhos azuis profundos e brilhantes. Um pouco nervosa, e sem saber se deveria prolongar aquela conversa, prossegui: – E você, quem é? – mordi o lábio.

– Seth Morrison – retrucou, estendendo-me a mão para um cumprimento, sorrindo. Apertei a mão dele por um breve momento, sem tirar os olhos dos seus. – Foi escolhida como escritora, atriz, artista gráfica? Não, espere... Por música?! – perguntou o último item de um modo diferente, mais afirmando do que indagando, erguendo uma sobrancelha.

– Música – falei, balançando a cabeça. – E quanto a você?

– Coincidência... Ou talvez não. – Riu, o que fez seus olhos brilharem ainda mais. Meu coração disparou. Aquele riso fez despertar algo na minha mente. Não sabia exatamente o que, mas me fez sentir algo. Poderia, sim, conhecê-lo. Não sabia se devia me juntar a ele e rir. Não sabia o que fazer, nem se devia continuar conversando com ele. – Então... que instrumento você toca?

Pegou-me de surpresa, desprevenida. Não faço a menor ideia do que toco – pensei, desesperada, nervosa, minhas mãos começando a suar. Passei-as na calça jeans. Se é que toco algo. Engoli em seco por não saber o que responder. Por algum motivo, não conseguia tirar os olhos dos dele, e sabia que estava ansioso por uma resposta.

Passei alguns minutos desse jeito, sem dizer absolutamente nada. Meus olhos deviam mostrar inquietação, nervosismo, porque o garoto se mexeu, preocupado.

– Tudo bem – apressou-se em dizer, colocando a mão na minha sobre o braço do assento. Isso fez meu coração acelerar. – Me desculpe. Acho que estou apressando as coisas. Não precisa me responder – ele parecia nervoso e, me dizendo isso, fez com que eu me sentisse aliviada.

Respirei fundo.

– Está tudo bem... – sussurrei; não porque essa era a intenção, mas por minha voz ter saído assim mesmo.

– Sinto muito – continuou a se desculpar com os olhos ainda fixos nos meus; sua mão trêmula me tocando. Dei um breve sorriso, tentando lhe mostrar que realmente não tinha problema. Mordi o lábio. O que mais poderia dizer?

A Chance da Minha Vida [DEGUSTAÇÃO]Where stories live. Discover now