Pega a arma, Vanessa!

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- Fala sério? - Pergunto tentando encobrir o susto, o nervosismo e principalmente o medo dele responder que "sim".
- kkkkk Não rs..era só pra descontrair. Um Matador de Aluguel não se revalaria assim no primeiro encontro, ou se revelaria? Kkk
- Não kkk - Ainda perplexa, e firmando o tom de voz para parecer segura. - Mas se não mata pra viver, o que faz pra matar a fome?
- Trocadilho bacana kkkkk. Então eu sou um autômo, trabalho resolvendo problemas de terceiros.
- Beleza, e deve da muito dinheiro né? Pq um carro desse, custa um bela grana.
- Assim, da pra viver com um mínimo conforto possível. E eai linda assim, deve fazer um grande sucesso no Tinder, não?
- kkkk faço nada. Você é praticamente o primeiro cara que saiu do Tinder - (cof cof mentira kkk) na verdade ele era primeiro cara que saiu do Tinder que realmente valia a pena kkk. O que ja sai de dragão do tinder, poderiam me dar o posto de São Jorge mulher kkk.

Ele é realmente muito galandeador, tem um bom papo. Nós pedimos uma cerveja, eka..mas pelo que tomo essa porcaria já estou começando a gostar dessa merda kkkk. Bebemos uns litrões de Skol, carai..essa consegue ser mais ruim que a tal da Brahma. Ele parece ser metódico, consulta seu relógio de 20 em 20 min, como se esperava algo ou alguem e sempre olha pro lado disfarçadamente. E na primeira oportunidade sentou de frente pra fora.
- Mas e você, com toda certeza, deve ter um encontro por dia no Tinder, não?
- Kkk Eu tento, mas nem sempre uma mina me chama atenção como você. - Ele fala isso e dá um sorriso, e desliza sua mão na minha delicadamente. Confesso que esse toque me arrepiou..
- Fico lisonjeada, mas sendo um rapaz tão bonito e difícil acreditar que ainda esteja solteiro. Tem filhos? - Ta, confesso que travei, não conseguia pensar nada inteligente pra perguntar, depois do toque dele no dorso da minha mão, só conseguia imaginar ele me despindo e me beijando..
- Não, bem... não que eu saiba, ne? Kkk e vc?
- Vai saber também kkk... pera, eu sendo mulher não tem como eu não saber se eu tive um filho ou não Kkk. Não é mesmo?? - Mds estou completamente boba com esse rapaz, será que ele é o cara, tipo o meu boy?
- Né! kkk mas eai aqui tá meio fraquinho, e parece que já vai fechar. Que tal a gente comprar algumas bebidas e terminarmos esse conversa no meu apartamento?

Uau ele não perde tempo. Mas sou uma mulher sensata e é o primeiro encontro com um cara que conheci a poucas horas no tinder, não tenho 12 e sim 22 anos, então mediante a isso é claro que minha resposta é:
- Claro, vamos lá!

Compramos mais umas cervejas, que depois de você tomar umas 10 kkk vc percebe que não é tão ruim assim kkk.
Entro no carro dele. Meu que carro, hein!!... Não é só lindo por fora, é mais lindo ainda por dentro com bancos de coro e todo aparato tecnológico que um carro de última geração deva ter.

A viagem vai seguindo tranquilamente pelas ruas vazias de São Paulo, a pesar de ser uma grande metrópole, ela simplesmente dorme na madrugada. E as 03h00 da madrugada se transforma em uma cidade fantasma. Percebo que um carro que já passou por a gente uma vez volta a passar novamente. Mas apesar deu achar que alguma coisa não estava certo naquilo, não dei muita importância, pensei, São Paulo é uma cidade enorme e tem milhares de carros iguais. O carro nos ultrapassa novamente, consigo visualizar a placa..
Meu sangue gela, porque essa mesma placa eu notei por acaso o carro parado um pouco atrás do carro do carlos.

Olho pro carlos, ele tá com uma impressão apreensivo.
- Tudo bem, Carlos? - Falo com uma voz embargada, como se tivesse com medo da respota.
- Estão seguindo a gente. O carro preto, não sei se notou. Aperte o cinto e segura, pq eu vou ter que acelerar o máximo possível, porque da próxima vez que eles encostarem eles já vão encostar atirando. - O Carlos fala isso num tom calmo, frio como se fosse imune ao medo. Eu fiquei com o cu que não passava um agulha.
- Mas por que, como assim? - Perguntando mas perdida que cego em tiroteio, e olha que ironia, é exatamente isso que está preste acontecer rs.
- Lembra quando eu disse que era matador?
- Sim, lembro, mas você disse que tava brincado rs. - Forcei um riso amarelo.
- Não tava, sou mesmo matador. Como falei ganho a vida resolvendo os problemas dos outros. Só que o último problema que resolvi, voltou-se contra mim. A pessoa que me contratou para eu matar, contratou outro pra me matar...tipo queima da queima de arquivo, porque antes ele me contratou para eu matar o homem que ele tinha contrato para matar o sócio dele.

Beleza, agora estou aqui no carro de um assassino pronto para morrer de gaiata, sendo que não sei de nada da história. E pior, não entendi nada que ele falou, mds!
O pior, estou no meu look patricinha piranhona, já imaginou que vergonha vê eu morta com esse look tão indecente.
- Mds, e agora o que vamos fazer?
- aperte o cinto eles já estão vindo.
Apertei o cinto e segurei bem pra corrida alucinada que teremos pra escapar da morte certa. O Carlos não perdeu tempo e pisou fundo no acelerador. O carro simplesmente voava no asfalto, com o outro logo atrás a toda velocidade. Entramos e saimos de ruas como um raio e o carro preto sempre atrás quase nos pegando. Eu só conseguia pensar que isso só poderia ser castigo de São Damião por eu até hoje não ter acendido a vela que eu tanto prometi. Mas prometo meu Santo se o senhor me livrar dessa eu acendo aquela vela, na verdade, ascendo duas.
- Você sabe dirigir?
- Sei sim..
- Não, não adianta para trocarmos de lugar preciso desacelerar radicalmente o carro. E se eu fizer isso eles nos alcançam.
Pega a minha arma que está no porta luvas, você vai ter que atirar neles.
- O que? Não, eu não sei atirar, nunca nem peguei numa arma. - Mds isso está mesmo acontecendo? Eu vou ter que atirar em alguém... Juro que desinstalo o Tinder assim que chegar em casa.
- Pega logo a arma, não temos muito tempo. Vanessa, sei que está abalada e furiosa comigo, me desculpa por ter te metido nisso, mas você precisa nos ajudar agora, se não a gente morre.

Beleza, agora pra não morrer tenho que virar assassina.. Mds isso só pode ser um pesadelo. Fecho os olhos e depois de alguns segundos abro novamente bem divagar, rezando pra que tudo aquilo não passasse de um sonho. Que nada, abro os olhos e ainda estou num Audi Revenews em alta velocidade com um assassino de aluguel, sendo perseguida por outros assassinos.
- Pega a arma, Venessaa! - De súbito pego a arma, é grande de pente, tipo aquelas que a gente vê nos filmes de espiões.
- Eu vou desacelerar um pouco, assim que o carro se aproximar você da um tiro no carburador isso fará com que o carro se descontrole. Mas cuidado, você só tem uma chance, se errar eles parelham com a gente e nos matam.

Beleza, fudeu! Eu jamais dei um tiro na minha vida, e toda minha vida depende de um tiro certeiro num carburador de um carro em alta velocidade. E pensar que eu to de short... cara minha mãe vai me matar se ela for ter que reconhecer meu corpo e eu estiver usando esse shortinho prostitutível.
- É agora Venessa, se posiciona. Vou desacelerar. Em questão de segundos eles chegarão perto ao bastante para um tiro. Mas lembre-se, só vai da tempo para um tiro. - Nem falo nada. Abro vidro e me posiciono. Estou muda. Estou atônita. Só consigo pensar, no Smigo, pow quem irá cuidar dele. Se bem que se deixar comida ele se vira sozinho. Mas cara, eu não acredito que de todas as roupas descentes para morrer, irei morrer usando a blusinha mais putiane do meu armário.
- É agora, Vanessa, atiraaaaa!

Páahhh! (estampido de tiro)

Não acredito no que eu vi, o tiro foi certeiro. Não, não pegou no carburador...melhor, pegou em um dos pneus dianteiro, o carro simplesmente ficou louco..o cara não conseguiu controlar e ele capotou e capotou muito. Achei que o carro iria explodir, mas isso não aconteceu. Que bom, talvez os caras ainda estejam vivos. Não iria dormir se soubesse que tinha matado alguém, mesmo que seja pra salvar minha vida.
- Uuool essa foi sensacional, Vanessa você nasceu pra isso!
- Pare o carro.
- O que ? Tá doida a gente ta no meio do nada, como você irá pra casa.
- Não sei só para essa merda, agora.
- Não vou parar.
- Pare agora. - Falo apontando a arma pra ele. Ele para imediatamente.
- Abaixa essa arma, Vanessa. Não faça nenhuma loucura.
Eu abaixei arma abrir a porta do Audi, deixei a arma e sai. E fui andando..
O Carlos me grita para eu entrar..mas mostro dedo do meio pra ele e saiu andando.
Passa um ônibus, nem vejo o letreiro pra onde vai, só dou com a mão e ele para e eu entro.

Um Amor em SPOnde as histórias ganham vida. Descobre agora