Fevereiro, 2017. VII

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    Observou o moreno sentar-se em uma ponta, ao lado de Maia, ao mesmo tempo que a professora entrava na sala de aula. Respirou fundo e, estalando os dedos pelo nervoso que era ter os olhares de Matheus sob ela, sentou-se na cadeira que separava Leonardo de Lucas. Assim, Dianna e Matheus estavam separados por Maia, Sofia e Leonardo de um lado, e Lucas, Melissa e Amanda do outro. Mas ridiculamente de frente um para o outro.

    O moreno bem que tentou, mas não pôde impedir o ligeiramente sarcástico sorriso de lado que se formou em seus lábios ao perceber que o plano da loira havia falhado. Dianna o odiou por aquilo. Odiou porque novamente estava caindo por ele. E, considerando que era impossível para ela não cair por Matheus, não podia permitir-se cair tão facilmente.

    Naquele ano, prometeu a si mesma que não cairia por Matheus. Repetiu diversas vezes que ele não merecia nenhuma de suas quedas. E odiou-se ainda mais por não estar cumprindo com aquilo. Queria com todas as forças cumprir, não podia ser tão difícil.

    Foi tirada de suas viagens rapidamente por uma Amanda colocando seu caderno em cima de sua mesa. Manteve seus olhos o encarando por longos segundos, pensando em todos os sentimentos e segredos que guardou para si durante tanto tempo, e que agora eram de sua professora também.

    — Ok, mudança de planos — falou em um tom mais alto e animado que o normal, entrando na roda e fazendo os alunos a encararem com certa estranheza. — Escrever é uma ótima forma de desabafar, mas vocês também precisam falar, todo mundo precisa. Às vezes a gente precisa gritar mesmo, expulsar todos os sentimentos ruins. Eu preciso que vocês se expressem aqui também. — Os alunos pareciam não concordar, estavam na defensiva novamente, o que fez Amanda apressar-se para corrigir: — Sim, eu sei que é muito difícil para vocês, por não conhecerem tão bem esse grupo, então eu não vou pedir que saiam confidenciando seus segredos às pessoas que vocês não confiam ainda. Até porque eu sei que vocês esconderiam algumas informações e não é esse o meu objetivo.

    — Qual é o seu objetivo? — Matheus perguntou, ríspido — Porque, sinceramente, eu não entendi até agora o que eu estou fazendo aqui. Parece uma grande perda de tempo.

    — Eu estou tentando ajudá-los. — O moreno torceu o nariz. — Como eu já disse, as redações de vocês do primeiro dia de aula me surpreenderam. Eu sabia que tinha algo de errado ali. Não com vocês, mas eu sabia que havia uma porção de sentimentos incompreendidos e embaralhados dentro de vocês, e eu só quero que consigam entendê-los.

    — Você não nos conhece. Não sabe um terço do que passamos fora desse colégio, por que está se intrometendo em nossas vidas? — Amanda recuou, ao perceber que Matheus estava perdendo o controle. — Alguém pediu a sua ajuda? — Não espero que a professora respondesse. — Então não se preocupe, estamos bem.

    Apoiando a mochila em apenas um dos ombros, o moreno levantou-se e correu como um jato em direção à porta, que foi rapidamente fechada pela professora.

    — Não era uma escolha nossa estar aqui ou não? — debochou.

    — Preciso que me escute. Se ainda assim quiser sair, a porta estará livre para passar.

    Matheus deixou a mochila cair pelos ombros e a segurou com uma mão, encostando-se na parede e mostrando que estava ali totalmente à contragosto.

    Amanda voltou para o meio da roda, desconsiderando a atitude do moreno, e continuou:

    — Eu tive a ideia de fazer algo simples, mas que pode ser muito positivo para vocês. Talvez alguém já tenha lhe falado de algum defeito seu, mas muito provavelmente você nunca admitiu esse defeito para si mesmo. Então é isso que eu venho promover hoje: admitam o que você considera ser seu maior defeito. — Amanda foi até sua bolsa e tirou dela alguns papéis cortados, preparados especialmente para aquilo. — Quero que escrevam aqui o defeito de vocês aqui, nesse papel, sem seus nomes. Depois vamos colocá-los em um saquinho e sortear entre vocês, e quero que tentem descobrir de quem se trata o defeito. Acertar ou não é irrelevante, de qualquer forma eu gostaria que a pessoa que escreveu nos contasse o porquê de considerar aquele o seu maior defeito. E assim vamos seguindo. — Os alunos concordaram com a cabeça, ainda que contrariados.

Clube dos 7 Erros [HIATUS]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora