Chapter One - The Greatest

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Capítulo Um - A Melhor

Eles entraram no quarto, a senha foi digitada e a porta se abriu depois de um estalo. Os homens de macacões amarelos e máscaras à prova de gás pareciam gigantes sem rostos. As duas garotas foram colocadas em cadeiras de roda, os pulsos e tornozelos amarrados, os olhos vendados. Dessa vez não foram para a mesma direção.
Fifty foi colocada numa sala escura, com uma luz no palco. Mal conseguia se endireitar, mas olhou ao redor e reconheceu a sala que tinha cheiro de sangue seco e metal. Era o "Anfiteatro", frio e medonho como se lembrava.
Segundos depois sentaram Twenty Two num banquinho no palco, com as mãos algemadas para trás, um vestido creme de seda, uma arma apontada para a nuca. Estava completamente apavorada, olhava para a colega de quarto com os olhos arregalados, as pupilas dilatadas, lágrimas escorrendo com o rímel preto. Fifty não esboçou reação, mas estremeceu por dentro. Sempre chegava a hora, uma das duas tinha de morrer, era só mais um dos testes.
Twenty Two era a imagem mais próxima de uma amiga, estava lá desde que as duas tiveram as cabeças raspadas, e agora já ostentavam uma longa cabeleira desgrenhada e seca. Porém elas iam finalmente estar livres, não da mesma forma, claro, mas pelo menos ninguém perde nesse jogo.
Mas... Não era esse o problema? E se fosse melhor estar morta? Acabar com o sofrimento de uma vez? Afinal ninguém sabe o quê acontece com aqueles que conseguem sair. Minha nossa, o que acontece com eles? Fifty não queria mais sofrer, não queria mais ser obrigada a fazer coisas que não queria! E se ela não passasse? Era sua única amiga ali em cima, com uma arma na cabeça, pedindo socorro. Se não fosse aprovada ia ficar sozinha lá dentro, sem ninguém? Isso era horrível, não ia sobreviver, sem chances. Ela estava perdida.
Todos esses pensamentos passaram em segundos pela sua cabeça, e sem perceber seu coração estava acelerado. A ansiedade era inevitável, só que ela tinha treinado tanto, isso não pode acontecer! Droga! Contou até 10, contou até 20 e se perdeu no meio dos pensamentos. Ela estava à beira do desespero, mas Twenty estava tremendo, ela estava suando, estava respirando rápido, e parecia que ia morrer antes mesmo da bala chegar ao seu cérebro. Os homens estavam ali atrás estudando a cena, avaliando-a, ela podia sentir.
A arma foi destravada, a ansiedade aumentou como se o coração fosse explodir, e então tudo ficou confuso, e foi essa cena tão rápida que mudou o destino de todos dentro daquele quarto.
O homem apontou a arma na direção de Fifty e atirou. Uma, duas, três. Os homens caíram duros atrás dela. Em seguida o atirador disparou contra a própria boca. Twenty Two desmaiou. As luzes piscaram e se apagaram, e quando Fifty se deu conta do que estava acontecendo, recebeu um golpe na cabeça.

Depois disso só se lembra de flashes, vozes distantes e conversas inacabadas. "Ela é inútil, descarte-a e leve a outra para o próximo nível." "Não sei, talvez para Birmingham, o de Boston já está com problemas, deixe ela longe daqui."
Era isso, ela finalmente ia sair dali, talvez morta, talvez iam descartá-la, mas pelo menos funcionou para Twenty Two. Ia morrer, mas tudo bem. Era o fim, finalmente.

Estava frio, muito frio, havia tempo que não sentia a pele congelar daquele jeito, afinal os tratamentos com gelo acabaram havia tempo. Mas estava confortável, estava vestindo um casaco quente como um cobertor, e o cheiro... Cheirava como café e chocolate, qual foi a última vez que sentiu isso? Praticamente só se lembrava do cheiro do sangue, do vômito. Estava morta? O clima era tão bom e o cheiro tão doce, devia ser o tal paraíso.
- Parece que estou ao lado de um cadáver, não gosto nada disso... - ouviu de longe a voz fina de uma mulher.
Quando os sentidos voltaram, notou que estava em movimento, encostada em couro, e ouvia a respiração de 2 pessoas misturadas com o barulho do motor. Estava num carro. Quando ele parou, sentiu duas mãos a levantarem com facilidade, e com cuidado foi colocada deitada. Suas mãos ainda estavam amarradas, e tinha tanto sono que mal conseguia abrir os olhos. Quando conseguiu sentir um fecho de luz, adentrou em um corredor e as portas se fecharam. O único som que ouvia era o das rodas da maca hospitalar rangirem.
Após descerem uma escada pequena que quase fez Fifty cair de lado, entraram em um elevador e começaram a subir.

Alice Practiceحيث تعيش القصص. اكتشف الآن