Quem é ela

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No dia seguinte encontrei meu pai na cozinha, parecia abalado, perguntei se ele havia dormido ele apenas balançou a cabeça dizendo não. Após alguns minutos de conversar com meu pai, sai correndo de casa, queria ver a casa do Santiago antes de ir para a escola, quando faltava duas quadras de onde eu estava para a rua Defralt, encontrei um dos meus amigos, era Gabriel, ele é um cara legal, tem um olhar misterioso, rosto redondo e pálido, era engraçado com senso de humor negro, a maioria das vezes, apesar de sermos amigos a algum tempo, ele parecia esconder algum segredo. Na verdade todos os meus amigos pareciam esconder segredos, quando Gabriel me viu, logo gritou.

— E ai doido? Vai para a escola não?

— E ai mano, vou sim, está sabendo da casa do Santiago? — Respondi me aproximando dele.

— estou vei, estava pensando em ver a bagaceira depois da aula.

— Eu estava indo para lá agora, mas suave, vamos juntos depois, vai pegar o buzão?

— Vou, tem verba ai para irmos juntos?

— tenho uns trocos, vamos lá.
Encerrei a conversa assim, depois de alguns passos em direção ao ponto de ônibus, vimos o ônibus saindo do mesmo ponto, era o que precisávamos pegar, corremos e logo gritei.

— Espera aeee vei!

O ônibus parou, e subimos, quando sentamos nos bancos, não teve muito papo, Gabriel parecia estar preocupado, queria perguntar o que estava acontecendo, oras somos amigos não somos? Fiquei próximo a janela, olhando o horizonte, esqueci um pouco do Gabriel e fiquei pensando no que meu pai me falou logo de manhã, sobre os olhos da criatura que ele viu em meio a floresta na noite anterior.

“Estávamos na cozinha um de frente para o outro ao lado da mesa de jantar, meu pai pegou no meu ombro e disse.
— Eram olhos grandes, parecia de animal, na hora que os percebi, eles brilharam, mas foi... foi um brilho... um brilho ruim...
Não consegui conter o medo, meu pai estava assustado com aquilo um homem que viu crianças inocentes queimarem vivas, que viu o pior lado da humanidade, estava assustado com aquilo, o pior é que eu nunca tinha visto ele assim. Então ele continuou.
— Senti um aperto, como se eu fosse o próximo a morrer, minhas pernas ficaram bambas, achei que ia cair, foi quando eles sumiram em meio a floresta e a nevoa que cobria tudo.”

Uma movimentação no ônibus me tirou dos meus pensamentos, era os alunos da minha escola a River Hells, resolvi levantar logo também porque o ponto da escola estava próximo. Olhei para o lado para mandar o Gabriel levantar para descermos, mas percebi que ele estava meio preocupado não quis perguntar nada logo de cara, resolvi deixar para mais tarde.

— E ai viadão, chegamos, levanta logo — Eu disse levantando.

Gabriel despertou de uma maneira engraçada, não dei risada por que ele parecia sério, descemos e logo de cara vimos o resto do clã, era assim que a gente se nomeava O Clã, composto por 6 pessoas, Gabriel, Caíque um cara magro pra cacete, com um crânio gigantesco, era bem inteligente mas tinha que ser, com uma cabeça daquele tamanho, ele tem 16 anos, é um cara legal sempre tentando ajudar, só não sabia ser engraçado que nem os outros, sempre fazia algo sem graça; Paulo um cara moreno, bem alto e magro, é o mais velho do clã com 19 anos, mas tinha a mesma mentalidade que todos os outros; Matkaki a gente chama ele só de Mat, ele é descendente de Índios, de uma tribo que existe ao norte do país não sei dizer onde ao certo, mas ele pretende ir conhecer esse lugar no futuro; E também temos a Elaine é a única garota do grupo, é toda meiga, cabelos maravilhosos, sempre brincamos com abraços, beijos e carinhos, mas não somos namorados somos apenas amigos, a família dela se mudou aqui para Twrrion por que o pai dela tinha um trabalho com a marinha, que fica no nosso porto; E tem a mim, um cara de tanquinho trincado, olhos azuis claros com uns toques de verde rubi, cabelos loiros e um belo sorriso.... Estou zoando, disso tudo só tenho o sorriso, tenho cabelos escuros não sou gordo e nem magro, mas tenho belas bochechas, não sou o tipo de cara que faz sucesso com as garotas, meu nervosismo e minha dedicação de cagar com minha vida, faz com que eu seja assim rejeitado pelas garotas.
Após cumprimentar meus amigos e agarrar um pouco a Elaine fomos para a sala, sentamos todos juntos em duplas, eu e o Gabriel, Elaine atrás de mim Mat ao lado dela, Paulo e Caíque logo atrás deles. Em quanto o primeiro professor se apresentava eu notei uma garota linda a duas carteiras a frente do Gabriel, ela era incrível, tinha cabelos pretos lisos, mas meio ondulados nas pontas, um jeitinho fofo e meigo, parecia ter olhos claros, de pele clara como a neve, meu coração acelerou, e foi como se ela estivesse escutado meus pensamentos ou as batidas do meu coração, ela olhou diretamente para mim, eu congelei, a garganta secou e ainda bem que eu estava sentado, porque minhas pernas ficaram bambas, não tive reação ao ver o quanto ela era linda, apenas sentir uma dor no peito, como se minha vida dependesse de estar ao lado dela, mas logo em seguida alguém me tira desse transe hipnótico com um grito.

TwrrionWhere stories live. Discover now