|Capítulo 9|

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Ele olhou para mim como nunca tinha olhado na vida. Os seus olhos, que tinham escurecido, mostravam agora um azul, mas nada comparado com o azul vivo que me faz perder e me prende o olhar. Ele estava triste, arrependido, talvez desiludido consigo mesmo, conseguia perceber isso, os seus olhos tinham perdido o brilho e os cantos dos lábios dele estavam virados para baixo. Apeteceu-me correr para ele e abraçá-lo, pedir-lhe desculpa e retirar tudo o que tinha dito, mas não o fiz. Mantive a minha postura, convencendo-me a mim própria de que era isto que eu queria. Eu amava-o, e magoava-me vê-lo assim, talvez mais do que qualquer coisa que ele me pudesse fazer, mas ele tinha matado uma pessoa e qualquer coisa que eu fizesse ele mostrava-me que não podia ser assim, tinha de ser à maneira dele.
Observei-o enquanto se levantava devagar, a sua cabeça baixa, os seus ombros distraídos. Respirei fundo, tinha de aguentar, mesmo que o meu coração se esticesse a despedaçar aos poucos.
“Não queres estar comigo? Eu obrigo-te a fazer coisas que não queres? Como o Jace queria fazer?” perguntou ele com a voz baixa, com medo da minha resposta, provavelmente.
“Não, não quero estar contigo e sim, és tão mau ou pior do que o Jace”
“Mas eu amo-te, Summer…”
“Eu também te amo, Luke, mas isto está a ir longe e demais”
Ele suspirou e andou até sair do meu quarto, segundos depois, a porta da entrada abriu e fechou. Ele tinha-se ido embora. Tinha sido tão simples assim? Era isto que eu queria, certo? Devia estar feliz com o facto de estar livre, podia ir onde quisesse, com quem quisesse, vestir o que quisesse, fazer o que quisesse. Mas a verdade é que não estava, vê-lo daquela forma magoou-me e, apesar de ter feito a coisa certa e afastá-lo de mim, doía, doía muito mais do que se tivesse ficado calada.
Olhei para ele, tinha de inclinar bastante a cabeça já que ele era muito mais alto que eu. Em tão pouco tempo ele tinha passado de um completo estranho para a pessoa mais importante para mim, sentia que ele também pensava da mesma forma. Sempre que estávamos juntos era como se o tempo parasse e todos os problemas desaparecessem.
“Prometo que independentemente do que acontecer eu vou estar sempre contigo, vou proteger-te e tratar-te como uma princesa, é isso que és” disse ele olhando-me nos olhos, fazendo-me festinhas com o polegar na bochecha. O céu estava limpo, sem nuvens, e como estava de noite podíamos ver as estrelas perfeitamente, ele tinha trazido uma manta e estávamos os dois deitados, virados um para o outro. As estrelas, que estavam mesmo por cima de nós tinham-se tornado indiferentes quando podíamos olhar um para o outro, ele era tudo o que eu via, não me importavam estrelas nenhumas.
E ele beijou-me. Beijou-me com tanto sentimento, tanto amor. Como nunca antes ninguém me tinha beijado, senti tudo o que de mais clichê se pode sentir, mas a verdade é que me sentia como uma verdadeira princesa, como se ele fosse o meu príncipe, tinha sido tudo tirado de um livro. No entanto, há sempre um vilão e, na minha história o vilão era o próprio príncipe, eu apenas ainda não o sabia.

Yours | l.h. ✓Where stories live. Discover now