|Capítulo 3|

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Acordei no dia seguinte com o alarme do meu telemóvel, desliguei-o rapidamente e olhei para Luke, ele dormia e não parecia ter ouvido sequer o alarme. Ainda bem porque ele não gostava de ser acordado de manhã. Tinha de me levantar e ir fazer o pequeno-almoço, tomar banho e ainda ir a casa buscar os livros e, para fazer isso tudo não podia esperar que ele acordasse. Ponderei o que seria pior para mim: acordá-lo agora e levar com o mau humor dele o resto do dia ou não o acordar e só ter de lidar com ele na escola onde ele não me podia fazer nada de mal. Decidi ir pela segunda hipótese.
Levantei-me um pouco dorida da noite anterior, não tinha sido a minha primeira vez mas ele não tinha sido propriamente gentil e tinha deixado algumas nódoas negras pelo meu corpo de onde ele me tinha agarrado. Andei para a cozinha e fiz o pequeno almoço para mim deixando também já feito no microondas para ele quando acordasse, voltei para o quarto e vesti-me, pegando nas minhas coisas e indo para casa.
Quando cheguei tomei banho, troquei de roupa e arrumei as coisas para a escola. Tinha um teste e não tinha conseguido estudar nada no dia anterior por isso não contava uma nota muito boa, ele odiava quando eu não tinha boas notas, antes de o conhecer apenas tirava notas excelentes e, apesar de tudo ele preocupava-se comigo por isso não queria que eu estragasse o meu futuro por namorar com ele.
Olhei para o telemóvel para ver se tinha mensagens ou chamadas perdidas dos meus pais, mas nada, eles nunca ligavam ou mandavam mensagem, nunca sabia se eles estavam bem nem quando vinham para casa. Às vezes dava por mim a desejar que eles descobrissem da minha relação com o Luke e nos proibissem de estar juntos, assim acabava-se tudo e já não sofria mais, mas isso não iria acontecer pois eles nunca estavam em casa e quando estavam passavam o dia fechados no escritório.
Olhei para o relógio vendo que já estava a ficar atrasada, sai de casa e fui a andar para a escola. Quando cheguei já tinha tocado para o primeiro tempo e sabia que só estava a arranjar mais problemas  do que os que já tinha: não ficar com o Luke até ele acordar, não ir ter com ele de manhã, atrasar-me para as aulas e provavelmente ter uma falta e ter de ficar na escola mais umas horas, o que me impedia de ir a casa dele. Decidi não ir à aula, já tinha perdido mais de metade e não valeria a pena, por isso fui para o bar que normalmente aquela hora estava vazio.
Assim que entrei lá dentro ouvi pessoas a rir e a falar alto, era algo normal durante um intervalo mas durante uma aula era estranho, uma das mesas mais ao canto estava cheia e, ao aproximar-me percebi ser o grupo do luke, ele também lá estava, mas virado de costas para mim. Imediatamente os amigos dele começaram a rir ainda mais e a fazer comentários apontando para mim, o que fez o Luke olhar para trás, fixando os olhos nos meus, percebi logo que estava zangado, não foi preciso nada mais, apenas olhar para os seus olhos bastou para entender isso.
Devagar, quase como para me torturar ele levantou-se e começou a caminhar até mim, cada passo que ele dava na minha direção fazia-me sentir cada vez mais inferior e com mais medo do que pudesse acontecer, no entanto, manti-me firme e não recuei. Quando ele estava já à minha frente pôs as mãos na minha cintura, inclinando-se depois para me beijar, relaxei um pouco mas imediatamente a seguir senti as suas mãos apertarem-me com bastante força, no sítio onde tinha as nódoas negras, o que me fez estremecer e tentar afastar-me, ele não deixou mas diminuiu a força que fazia na minha cintura, o que me deixou um pouco confusa, por vezes ele parecia gostar de me ver magoada.
Ele acabou por se afastar e por a mão na minha bochecha olhando-me nos olhos, toda a raiva que tinha tomado conta dos seus olhos que me deixavam sempre enfeitiçada tinha desaparecido, ele parecia preocupado, mas não liguei muito a isso, ele era ótimo a fingir emoções, no entanto desta vez parecia-me sincero. Olhámos apenas um para o outro por uns segundos até os olhos dele mostrarem, por um milésimo de segundo, a criança triste e vulnerável, abandonada que eu sabia estar por trás de tudo isto, ele tinha, no fundo, medo que eu fizesse o mesmo e o abandonasse.
"Quando acordei não estavas ao meu lado, porque é que te foste embora?"

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