Long Nights

just shut up

Aquela sensação de novo. Estava o consumindo cada vez mais. A sensação de estar sendo perseguido, de estar sendo vigiado, poderia até ser coisa da sua mente, mas sempre que andava pela rua ouvida passos atrás de si e quando se virava não havia ninguém ali.

"É paranóia" Lúcifer disse quando comentou sobre isso, mas no fundo Castiel sabia que havia algo errado.

Ele pensou em contar ao Dean, afinal, ele era policial, certo? Mas do que ia adiantar? Não sabia ao certo se estava sendo perseguido, mas tinha medo de sair de casa, e isso estava começando a deixar ele realmente preocupado.

Enquanto caminhava calmamente de volta para casa - tinha saído para ir ao mercado -, ele ouve novamente os passos, mas dessa vez ele não olha pra trás, ele apenas continua andando, vira a direita mesmo sabendo que não era aquele o caminho para casa. Ele queria encurralar aquela pessoa, queria fazer perguntas e pedir para que parasse.

Assim que chega em uma rua sem saída ele se vira rapidamente vendo um homem de terno,com o cabelo escuro e óculos de sol encarando ele com um sorrio.

- Ele me falou que era esperto - O homem diz, sua voz era intensa, grossa, como alguém de autoridade.

- Será que você pode por favor parar de me seguir? - Pede com educação, mas assim que o vê rindo fraco, sua paciência vai pro buraco.

- Sinto muito Novak, mas o Roman é bem insistente e gostaria de saber sobre cada detalhe seu - Diz o homem se aproximando.

Castiel gela. Aquele sobrenome, aquele inferno de sobrenome que o perseguia para todos os cantos. Será que não teria um dia de paz?

- Mande ele pro inferno - Cospe ajeitando as sacolas em sua mão.

- Ele disse que você falaria isso - Ele sorri como se estivesse pronto para atacar - Ele mandou dizer que estava no inferno os dias que passou sem você.

Castiel balança a cabeça e solta uma risada. Estava rindo de desespero, porque na verdade, era ele que estava encurralado ali, não o homem a sua frente. Ele havia caído como um idiota na sua própria armadilha, havia dado um tiro no próprio pé.

- Eu não vou dizer nada a você - Diz com intensidade, e então o homem desfaz o seu sorrio.

- Eu não quero que você me diga, eu já sei - De repente, um apito soou na cabeça de Castiel como um alerta. Alerta de perigo - Você sabe que ele sabe também, mas pelo seu próprio bem eu não contei sobre o Winchester - Se aproxima ainda mais de Castiel, estavam a quase meio metro de distância e aquela invasão de espaço o assustava - Imagina quando ele souber... Ficará furioso, iria vir atrás de você e do loiro, não se importaria se ele tem uma arma em casa ou é da polícia. Ele o mataria, só para ter você.

- Ele é doente - Castiel diz em automático.

Suas pernas estavam bambas, seu corpo parecia que ia despencar, seus olhos estavam cheios de lágrimas, mas ele não iria se permitir fazer isso na frente daquele homem. Era somente provocação, e Castiel sabia disso. Ele aprendeu isso no seu tempo com o Roman. Aprendeu a entender uma pessoa  doentia e psicopata, porque o Roman era um deles. O narcisismo exagerado, o fato de ter tantos animais empalhados em sua casa - e de nunca se cansar de contar a história de como matou cada um deles -, a apreciação pelo sentimento que o moreno o proporcionava.
Em momentos como esse que ele se pergunta como foi gostar daquele homem, era estúpido, e então percebe que era simplesmente troca de interesses. Ele queria saber mais sobre a doença, e o Roman queria saber mais sobre o sentimentalismo.

Tudo aquilo que estava acontecendo naquele exato momento, foi por um estúpido erro, de achar que a troca de interesses não levaria a lugar nenhum, não conseguia imaginar na época que o homem de olhos azuis ficaria obcecado por ele. De fato, deveria ter previsto isso, mas estava tão cego…