Capítulo 20 - Feridas

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Rebeca

A música terminou e... lá estavam Glória, Allan e minhas amigas me olhando com um tremendo sorriso orgulhoso. Mas foi o do Allan que me deixou mais sem jeito.

— Que voz linda, hein, Rebeca... — Glória passou as costas da mão pelo olho e tive uma leve impressão de que havia uma lágrima emocionada ali (por conta da música, claro).

— Obrigada..... — murmurei começando a sentir meu rosto quente.

— Você está definitivamente no clube! E como vocalista principal! — anunciou toda eufórica.

Mas era claro que a "magnífica" Carol não poderia deixar de se opor...

— Ah não... Agora eu tenho que aturar até isso. A senhora enlouqueceu?! — disse tremendamente revoltada.

— Como assim, querida? — Glória indagou espantada pela grosseria.

EU sou a vocalista principal! — berrou e, por uns segundos, senti pena dela por ter perdido o namorado e o posto de vocalista em menos de 1 mês...

Mas a compaixão toda sumiu quando vi a cara de desprezo dela me observando, quase como se eu fosse um mosquito no seu campo de visão.

Glória respirou fundo, parecendo buscar uma resposta que não envolvesse xingamentos ou ataques pessoais, o que me fez refletir sobre como devia ser insuportável ter que manter o profissionalismo naquele tipo de situação.

— Olha, Carol, eu sinto muito, mas... agora não é mais. — explicou tentando soar o mais calma possível. — A sua voz é e continua sendo linda, mas a da Rebeca é mais alta e se encaixa mais como voz principal.

Carol se remexeu na cadeira como se estivesse desconfortável. Depois bufou e meneou a cabeça concordando, mas nem de longe deu fim à careta de criança mimada.

E, pela primeira vez desde que havia entrado naquela escola, agradeci ao sinal por tocar bem naquele momento, já que, graças a ele, o clima horrível ali não iria continuar por nem mais 2 minutos.

— Amores, o próximo ensaio é aqui, nesse mesmo horário, na próxima quarta-feira. Beijos e uma ótima aula. — disse conforme todo mundo se levantava.

E de repente Allan resolveu me surpreender pela terceira vez no dia ao segurar meu braço absolutamente DO NADA antes que eu saísse da sala.

— Você canta muito bem. — murmurou no meu ouvido com um risinho leve que fez os pelinhos do meu braço quase arrepiarem.

Girei o rosto para o ver diretamente nos olhos, mas ele já havia me soltado e se voltado para a cadeira onde o violão.

Bem, se a intenção era me deixar constrangida, havia conseguido direitinho.

Aquilo tinha sido tão... estranho.

Mais tarde, quando já era a última aula antes do intervalo, o professor passou um baita texto pra copiar no caderno, mas eu e a Letícia acabamos não prestando atenção em nada, porque a bonita tinha resolvido me contar sobre um tal "Vinícius".

— Então você namora... — resmunguei rindo. — Ele é da escola? — Revezei olhar entre ela e o texto da lousa.

— Bem... Ele é do clube, não é dessa escola e... — Riu um pouco envergonhada e fez uma pausa, pronta pra mais uma confissão. — é o melhor amigo do meu irmão.

— E qual é o problema nisso? — perguntei meio confusa.

— Meu irmão não sabe... — disse baixinho com medo de alguém ouvir.

Um Novo Coração [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora