1 - Meu pai, o mico do ano

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Tudo começou no dia da reunião de pais e mestres

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Tudo começou no dia da reunião de pais e mestres. Ou melhor, naquela madrrugada. Eu tive o sonho mais estranho da minha vida até então.

Que seria um filme da Sessão da Tarde em comparação com os sonhos que viriam.

Se fosse para levar em consideração o cenário, eu o classificaria como pesadelo. Estava no pátio da frente da escola. Ninguém quer sonhar que está na escola. Ainda mais com uma coluna de fumaça preta que subia aos céus tomando tudo à sua frente. Me lembro da pedra do meu colar aquecer, eu ter gritado e de um dragão aparecer. E então acordar.

Na hora achei que fosse castigo por ter passado tempo demais vendo minha irmã jogar Age of Mythology na noite anterior. Quem dera fosse isso mesmo.

Mas voltemos para a reunião. A bendita reunião que os alunos foram forçados a participar.

Sim, era um dos flagelos do Apocalipse acontecendo. No dia eu não imaginei nada pior do que aquilo. Todos os adultos que mandam em você juntos? Horrível.

Já teria sido ruim o suficiente se não tivessem servido um café de quebra-gelo antes da reunião. Não o café, esse estava bom. Mas meu pai tinha esquecido de nos avisar, então estávamos cheios demais para aproveitar todos os pãezinhos e salgadinhos. Mesmo assim consegui forças para comer alguma coisa (qualé, comida de graça ué).

Nossa escola se chamava Escola do Investimento no Futuro, e estava inaugurando naquele ano. Éramos os primeiros alunos. Eba.

Talvez nosso pai tivesse esquecido de falar para usarmos o uniforme, porque quase todos os alunos estavam usando. Mas eu estava tranquila. Acabando a reunião iríamos para casa e só voltaríamos na segunda para o começo do ano letivo. Só tinha que aguentar o quebra-gelo e os discursos enfadonhos que viriam em seguida.

O quebra-gelo era uma tentativa dos pais e professores se aproximarem. Para meu desespero, meu pai seguiu a dica ao pé da letra. Ele tropeçou no pé da mesa e derramou café na diretora. E depois caiu em cima dela.

O estranho? Me pareceu que ele fez de propósito. Depois disso a diretora nos marcou: não parava de olhar feio para nós. E toda vez que ela fazia isso eu sentia algo estranho. Uma pequena pontada na cabeça junto com um mal estar na boca do estômago.

Me lembro de procurar um dos últimos lugares para sentar. Depois daquele mico eu queria ficar longe da mira da diretora. Mas minha família me escutou? Não. Minha irmã e meu pai sentaram na segunda fileira. E eu tive que me sentar com eles. Vontade de rasgar o adesivo de Amo minha família que colei no meu caderno.

— Sério que temos que ficar até o final? A Pri tem mais o que fazer — resmungou minha irmã.

Olhei para ela sem acreditar. A reunião mal tinha começado. E ela já falava na terceira pessoa. Antes ela falava assim só quando ficava nervosa. No último ano, no entanto, Pri passou a falar quase sempre em terceira pessoa. O que era estranho. Ainda mais quando ela era minha irmã.

A Filha do Tempo - Os Descendentes de Etherion (EM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora