Planos de Guerra - Parte 2

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O dia seguiu veloz como um ilfer a favor do vento. A refeição da manhã foi feita junto com os homens instalados no grande salão, sob uma tensão calada entre os nobres de Skald e Cenwulf, exceto Lothrum.

O Tarl misterioso parecia feliz e falante como sempre. Desconfiei, sem entender o porquê, que ele havia concordado com a minha decisão da noite anterior. E apesar de estarmos para poucas palavras, ele se informou sobre diversas questões passadas em Wstengard.

A morte de Grymred, Jarl de Helnir, mas autointitulado rei, era uma delas. Agora, sua filha mais velha, Leylana, era quem sentava no trono e comandava aquele povo fraco.

Barderok de Falkirk adoecera, porém, tinha orgulho demais para passar a liderança para seu filho mais velho. O desgraçado fizera uma aliança com Ulfric, mas não era tolo o bastante para enfraquecer suas fronteiras, pelo contrário: construíra postos e mais postos no norte e no oeste, tornando o acesso quase impossível.

Resumindo, os sinais da guerra continuavam em Wstengard. Nada havia de novo, nada havia de diferente sob o sol.

Depois disso, eu convidei Cenwulf para um treino com armas. Algo que eu não fazia há tempos, mas que teria que me recuperar rápido para o futuro.

Encontramos um pequeno espaço de areia por trás do grande salão. Eu pegara emprestada a espada de uma sentinela e testava seu peso balançando-a e jogando-a de um lado para o outro.

"Não acha melhor começar lutando com Hagnar? Talvez o moleque ainda seja muito para você," zombou o careca a cinco passos de distância, raspando suas facas de arremesso uma na outra. "Nem precisarei usar minha hassak."

"Essa sua confiança não seria de nada se eu estivesse com meu Devorador," retruquei, sorridente.

Cortei o ar na horizontal duas vezes e percebi que estava errado. Se eu lutasse com o meu machado ali, a minha derrota seria certa, pois se o peso daquela espada já me incomodava, imagine um machado de lâmina dupla.

Mesmo eu estando despreparado, aquele mercenário de merda avançou uma estocada contra o meu abdômen. Eu saltei para trás por reflexo e recebi um corte superficial no braço direito quando ele girou.

"Está devagar. Vai morrer," disse ele, alegre, aparando meu corte diagonal.

"Seu trapaceiro bundão!" rebati.

Usei uma finta por baixo e arrisquei um chute contra as costelas de Cenwulf. Ele previu e apenas se afastou para o lado.

"O quanto você deseja ter seu machado de volta?" Questionou-me ele. Tentou outra estocada, mas eu rebati sua lâmina para cima, com o ressoar do metal.

"O quanto estivesse ao meu alcance pagar," respondi entre uma respiração e outra.

"Qualquer coisa?" Ele acertou o cotovelo no meu rim quando me esforcei para agarrar seu braço com a mão livre.

"Qualquer coisa!" devolvi, ofegante.

Choquei nossas lâminas quatro vezes, fazendo o desgraçado recuar alguns passos. Ele se agachou e se apoiou nas duas mãos. Saltei para escapar de sua rasteira que levantou poeira e ergui a espada para acertá-lo na vertical. Porém, ele jogou um punhado de areia contra os meus olhos.

"Traiçoeiro de merda!" insultei-o, cambaleando para trás.

"Vale tudo numa batalha de vida ou morte. Não espere que eu jogue limpo. Volto logo," ele disse.

Esfregando os olhos marejados, vi-o passar por mim em direção ao grande salão. Enquanto isso, eu respirava fundo para diminuir minha vontade de assassinar aquele cadáver ambulante.

Confissões de um Rei - ConquistaWhere stories live. Discover now