Planos de Guerra - Parte 1

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"É para isso que vocês estão aqui? Para ficarem calados?" indagou Nasty, claramente brava.

Eu nada respondi. Lothrum idem.

"Não há outra escolha, vamos atacar Harlafel de surpresa. Vai ser fácil tomar Wokden. Assumiremos o controle do rio e teremos acesso à rota comercial mais eficaz; isso retardará Ulfric," Guthrum voltou a argumentar.

Cenwulf bufou.

"E depois, o que faremos?" exaltou-se ele. "Esperaremos atrás dos muros com estoque cheio Ulfric descer com seu exército e nos massacrar?"

"Você reclama de estarmos em menor número, mas prefere atacar Kirt diretamente!" contrapôs o jovem Tarl.

"Isso se chama ataque surpresa, seu imbecil!"

Esse era o nosso conselho de guerra. Estávamos numa tenda improvisada na praça de armas. Um castiçal sobre a mesa iluminava os rostos descontentes dos presentes, e sombras dançavam nas paredes de tecido rubro.

Nasty e Cenwulf sentavam nas pontas, enquanto Lothrum e eu ocupávamos o lado direito. Guthrum e uma irmã de Nasty (provavelmente Nestar ou Leya) estavam do outro lado. Todos em discussão acalorada.

Quero dizer, exceto os ex-escravos. Os meus ouvidos estavam atentos ao que era dito, mas meu pensamento estava perdido em divagações. Já o Tarl era todo mistério. Observava cada olhar, cada gesto, mas não se pronunciava. Na verdade, entendi depois que ele estava esperando a minha opinião.

E a discussão era esta: o que fazer, agora que Ivarr estava presente. Antes, todo aquele tempo fora dedicado a um único objetivo. Agora que ele havia sido alcançado, tínhamos que tomar uma decisão urgente sobre o futuro, para não decepcionar nossos homens.

Homens estes, que não passavam de quatrocentos. Todo o exército de resistência que havia no Celten não passava de um punhado comparado aos mais de três mil que Ulfric podia reunir. Mesmo assim, agir de alguma forma era uma obrigação; não podíamos esperar mais.

O problema era como. Guthrum sugeriu avançarmos contra Wokden e tomar a rota do Baldur. Isso seria possível, e nos deixaria com duas opções de viagem: pela terra e pelo rio. Porém, Cenwulf estava certo: Ulfric jogaria todo o peso da sua mão contra nós, sem chances de escapatória.

Por outro lado, a contraproposta do careca era a que ele sabia fazer de melhor: invadir e matar. Um ataque surpresa contra Kirt que ignorava o longo percurso e as torres de vigilância em Aftmantir. Sem contar com a prepotência de achar que Kirt seria facilmente tomada.

Nasty, a mediadora até então, percebeu os pontos fracos das ideias e não se agradou de nenhuma. Algo melhor também não parecia surgir de sua mente, lhe restando apenas contrariar as explicações dadas.

E assim o tempo avançava. A noite seguia, enquanto nós estávamos parados. Tão estagnados quanto o tempo no Verme do Mar.

"Uma outra alternativa, porém mais demorada, é usarmos os ilfers e atacar Grargzyt," disse a irmã de Nasty pela primeira vez. "Com uma viagem tão longa pelo oeste, poderíamos saquear as vilas de Helnir em busca de suprimentos."

Ela se assemelhava a sua irmã, com um rosto mais comprido e uma timidez que a fazia corar ao falar. Não era desagradável de se olhar, muito pelo contrário: havia uma beleza inocente no seu rosto, contrastado por um olhar perspicaz.

A sua inteligência era o motivo evidente de Nasty desejá-la na reunião.

"Isso iria nos deixar mais próximos de Kirt, dando pouco tempo para Ulfric se organizar," Guthrum ponderou a nova ideia.

Confissões de um Rei - ConquistaWhere stories live. Discover now