Capítulo 19

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Se Ei fosse descrever o que via diante dela em poucas palavras, ela escolheria morte e destruição.

Depois de muito tempo viajando, ela e Tadayoshi finalmente encontraram uma vila. Ou o que restava de uma. A maioria das casas foram destruídas ou consumidas pelo fogo, e a neve ameaçava enterrar as que restavam.

Com pedaços quebrados de espadas, lanças, flechas e armaduras espalhadas entre as casas e os campos próximos, não era difícil imaginar o que acontecera. Mas aquela visão não se comparava com o que estava parcialmente soterrado sob a neve que caia sem incansavelmente.

Eram tantos corpos que Ei não conseguia contar todos. Quantos mais estão enterrado debaixo da neve? A garota limpou um pouco de neve com o pé; o pequeno pedaço de terra que conseguia ver estava tingido de vermelho com o sangue dos, agora, antigos moradores. A vila toda foi massacrada?

Quando uma brisa gelada passou, a garota tremeu e se abraçou para se aquecer.

— Não tá feliz que me escutou? — Tadayoshi perguntou numa voz presunçosa.

Ele tinha avisado para levar roupas pesadas e se preparar para o frio. O verão tinha acabado fazia um tempo e um outono mais frio que o normal começara. Ei não acreditara que já estaria frio o suficiente para nevar, mesmo tão ao norte. Agora ela estava feliz que trouxera mais do que ele tinha avisado, apesar de que nunca diria isso. Ele não precisa inflar esse ego, ela disse para si, puxando as roupas mais para perto.

— Horrível... — Foi a única coisa que Ei conseguiu dizer enquanto olhava o destino da vila de novo. Ela estremeceu com as lembranças desagradáveis trazidas pela cena. — Minha vila poderia ter acabado desse jeito... se você não tivesse aparecido...

— Não. Sua vila ficou no fogo cruzado por causa de um idiota ganancioso. — o mestre dela disse, encarando os moradores. A convicção na voz dele era mais reconfortante do que ela gostaria de admitir. A expressão de Tadayoshi endureceu quando ele indicou dois corpos ainda segurando suas armas. — Aqui foi... guerra...

Ei virou para os guerreiros, mas não percebeu nenhuma diferença real. Os dois eram grandes, cheios de cicatrizes, e vestiam armaduras em pedaços. Um deles morreu com uma flecha através de sua cabeça e segurava uma espada perfurando o peito do outro. Ela se aproximou e finalmente notou o que Tadayoshi queria que ela visse.

A armadura do que segurava a espada tinha quatro pétalas amarelas de cerejeira dentro de um círculo como símbolo. Ela não conseguia distinguir o símbolo do outro; a espada em seu peito tinha perfurado. Mesmo assim, a garota conseguia dizer que era diferente.

Olhando além deles, Ei viu muitas estandartes quebrados. Alguns tinham o mesmo emblema de pétalas, mas outros portavam duas espadas cruzadas dentro de um círculo vermelho.

— Uma luta entre dois exércitos. — Ei disse sua conclusão numa voz baixa.

Tadayoshi assentiu enquanto apanhava um capacete quase partido em dois. Ele passou o dedo pela rachadura e então largou o capacete na terra, que quebrou com o impacto.

— Acho que a luta começou nas planícies perto do rio. O exército perdedor deve ter recuado até aqui e acabou trazendo a luta até a vila.

Ei ficou quieta. Depois de tudo que viu, não era difícil imaginar isso. Perder tudo num piscar de olhos...

— Vamos dormir por aqui — disse Tadayoshi, olhando para o cume da montanha. — Não estou afim dormir no meio do caminho lá. Especialmente debaixo dessa neve.

Assim que ele terminou de falar, Ei já sabia o que eles precisavam fazer. Enquanto ela coletaria lenha, Tadayoshi procuraria uma casa ou qualquer coisa que ainda tivesse quatro paredes e um teto inteiros. Seu mestre já tinha começado sua tarefa, andando entre as queimadas casas, mas a garota não tinha se mexido.

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