Capítulo 23

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Encaro nossas mãos entrelaçadas e sorrio levemente. Fico grata a Deus por poder estar sentindo essa leveza em relação a ele.

Dimitri tem seu rosto numa expressão neutra, um sorriso contido e um olhar calmo.

As pessoas a nossa volta estão, na maioria, do mesmo jeito que a gente, mas acho difícil o sentimento ser o mesmo.

"Então... Isso é um adeus." - ele solta sua respiração e me olha nos meus olhos

"Eu queria te prometer o contrário, Dimitri, mas nós dois sabemos que não é o certo." - acaricio sua mão

"Eu sou uma pessoa tão ruim assim?" - ele fala calmamente, mesmo as palavras sendo meio depressivas, Dimitri fala conciso, pleno e claro. Não parece estar abalado pela possibilidade de isso ser real.

"Não Dimitri, você não é uma pessoa ruim. Eu que não sou a pessoa certa pra você."

"Como você pode ter tanta certeza disso? A gente mal teve tempo de se conhecer de verdade."

"Dimitri, se eu fosse a mulher perfeita pra você, você saberia, você sentiria isso." - eu o olho profundamente - "Eu sou, Dimitri?"

Ele mantém seus olhos presos nos meus. Ele sabe, tão bem quanto eu, que eu não sou a mulher certa pra ele.

"Não." - ele fala suavemente, seus olhos ainda estão nos meus e suas mãos ainda estão presas nas minhas, mas é só isso, esse toque fraternal, que não é nada mais que isso. Fraterno.

Eu não sinto nada além nesse toque, nada a mais, nada que faça meu coração acelerar. Nada que eu não sentiria com um toque de algum amigo. Só isso.

"Queria poder manter contato com você, mas não sei se seria o certo." - ele abaixa seus olhos e volta a encarar nossas mãos unidas - "Você pode me dizer, pelo menos, para onde irá agora?"

"Itália, pelo que eu soube." - pelo o que estava no e-mail que recebi ontem a noite. Megan ainda não me ligou essa semana, acho que ficou com medo depois que ameacei quebrar o contrato a alguns dias atrás.

"Roma é um lugar lindo." - ele diz e eu sorrio

"Eu creio que seja, mas não sei se irei para Roma. A passagem é para Milão e, realmente, espero que dê tempo de ver as outras lindas cidades."

Ele afirma e ficamos mais um momento em silêncio. Olho em volta pela estação de trem Atocha, muitos indo e vindo, outros sentados como a gente conversando. Alguns só passeando mesmo, vendo o memorial ou o jardim tropical, o lugar está cheio e eu observo as pessoas tão alheias ao que esta acontecendo comigo e com o homem a minha frente.

"Espero que você encontre o que você tanto procura, Valentina." - ele diz chamando minha atenção de volta para ele

"Como assim?" - minha testa franze em confusão

"O que você procura, Valentina. A razão de você ter aceitado entrar nessa loucura. Pra você encontrar seu namorado, certo?"

"Não. Eu aceitei essa loucura porque eu queria conhecer o mundo, na verdade, queria me sentir livre e viajar sozinha pela primeira vez na vida. Conhecer você e os outros foi só um meio disso."

"Você não queria um namorado? Pensei que era isso que você queria." - ele diz meio confuso e eu dou de ombros

"Eu nunca namorei. Esse é um fato que não posso negar. Eu também nunca me senti atraída por alguém a ponto de ter algo a mais. Aceitar essa viagem é, sem dúvida, a maior loucura que eu já fiz. E, tem sido um prazer enorme conhecer pessoas tão maravilhosas, que eu queria manter contato com vocês. De verdade."

Amores Pelo Mundo - Série Loucas Para Amar #1Donde viven las historias. Descúbrelo ahora