Capítulo 11

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O telefone tocou de manhã na residência dos Wilson, e eu fui a única disposta a levantar às 8:30 em um domingo para atendê-lo. Meus pés cansados me levaram até a sala de estar ainda levemente escurecida pelo sol que nascia no horizonte, e peguei o aparelho barulhento, reprimindo um bocejo involuntário com a palma da mão livre.

— Alô?

"Annie Wilson?"

Ouvir o nome de minha mãe já falecida, me deixou numa energia ruim. Com ácido gotejando de suas palavras, respondi.

— Ela morreu ano passado. Posso ajudar com alguma coisa, ou... – deixei minha voz sumir, enquanto esperava uma resposta da pessoa do outro lado da linha, totalmente impaciente.

"Ah, eu sinto muito, não tínhamos registros do falecimento da senhora Wilson."

— Claramente. – revirei os olhos mesmo sabendo que a pessoa do outro lado da linha não veria, e me sentei na cadeira mais próxima dela, sabendo que a conversa seria longe, recheada de "meus pêsames" e várias lambidas desnecessárias vindas de uma pessoa que eu nem ao menos conhecia. — De onde você disse que fala?

"Na verdade não chegamos nessa parte." A pessoa do outro lado da linha disse e meu coração bateu mais rápido com a sensação de que algo não estava certo. "Faço parte do necrotério de Sleepy Hollow, e recebemos a notícia de que sua tia Carol morreu há algumas horas, de insuficiência renal no hospital Presbiteriano de Nova Iorque, e como nos encaminharam o corpo para preparar para o velório, tivemos que contatar alguém da família para poder fazer o reconhecimento do corpo, e autorização para o enterro."

Massageei as têmporas doloridas, extremamente exausta. Seria tão mais fácil se minha mãe ainda estivesse viva para cuidar de todos aqueles problemas.

— E o que eu preciso fazer? – perguntei com a voz baixa.

"Bom, precisamos de uma série de documentos que posso te enviar por email, e seria muito bom se algum familiar pudesse comparecer no necrotério para identificar o corpo..."

— Qual a necessidade de alguém identificar minha tia, se vocês já a identificaram? – meu tom de voz pegou a mulher de surpresa.

"É o protocolo, senhora Wilson."

Senhora Wilson. Aquelas palavras fizeram com que eu quisesse arrancar meus olhos. Minha mãe era a Senhora Wilson; eu me recusava a ser chamada daquela maneira.

— Por favor, me chame de Meena. – pedi com a voz num tom de súplica.

"Poderia vir o mais rápido identificar o corpo, senhora Meena? Temos um protocolo para seguir e o corpo será enterrado como indigente caso eu não o siga..."

Revirou os olhos e me levantei, levando o telefone sem fio comigo até a cozinha.

— Em quanto tempo preciso estar aí?

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⏰ Last updated: Feb 11, 2018 ⏰

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O GuiadorWhere stories live. Discover now