Capitulo 1 - Expulsa??

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“Outra vez na água, agora abraçados, espirrando água, em uma pequena batalha na areia diante dos olhos divertidos de crianças curiosas com esses dois estranhos turistas que primeiro brigam e depois se beijam! E ficamos assim, nos beijando um pouco mais, embalados pelo sol, molhados de desejo e, antes que a curiosidade de todas essas crianças se torne malícia, entramos no bangalô. Uma ducha. Cortinas fechadas dançam ao ritmo vento mas sem se afastar muito dos vidros. Uma ou outra onda se quebra nas rochas, e nós, perto, seguimos seu ritmo. 

- Você é um milagre da natureza. Ficou boazinha.

- Idiota!”

Bufei irritada. Amor é coisa pra idiotas sem duvida nenhuma. Não sei se digo isso por causa da minha irmã mais velha que parece uma gueixa de tão apaixonada. Fracassada. 

Não me julguem! É apenas minha opnião, ora. Mas, meu Deus. Agradeço todos os dias por não bancar a babaca. Homens no fim são apenas um bando de idiotas. E respondendo a pergunta de vocês: Não, eu não sou lésbica. Muito menos uma feminista mal amada. Apenas, diferente das outras meninas por ai, vejo os homens como eles realmente são. Fazer o que. Dei os ombros enquanto me levantava fechando o livro.

Respirei fundo, comecei a caminhar chutando umas pedrinhas e senti meu celular tocar, olhei no visor e rolei os olhos, atendendo em seguida.

- Oi pai. – Falei chutando as pedrinhas, calma e despreocupada.

- Onde você está? – Ouvi sua voz do outro lado, ele parecia com raiva.

- Indo pra casa. Que foi? – Perguntei confusa.

- Vá pra casa te espero lá. – Ele falou antes de desligar. Tadinho. Deve ta caducando. Se esqueceu até de dar tchau. Ai ai. Daqui a um tempo vou ter que fazer aquelas sopas de doente e ficar dando na boca dele. Tá que meu pai na verdade parece um modelo saído da Calvin Klein, mas ele nunca fala assim, só quan... Droga! Arregalei meus olhos. Será que o diretor ligou pra ele? Aquele sim é um velho careca, rabugento e panaca. 

Corri pra casa ansiosa. Mas quando digo corri, eu corri mesmo. Acabei tropeçando e ralando os joelhos. Merda! Ai o jeito foi ir andando, fazer o que. Em alguns minutos, eu cheguei em casa. Assim que entrei escutei a voz do modelo da Calvi... Ops, do meu pai. 

- Você passou dos limites, Alexis! – Seu tom alto me deu um pouquinho de medo.

- Qual é. O Sr. Stone não tem senso de humor. – Dei os ombros, ainda um pouco assustada. Não podia incorporar a pura ironia em pessoa com papai estressado daquele jeito. Por isso que não faço questão de trabalhar. O povo que trabalha fica parecendo um bando de mal amados, eu hein.

- Você armou maior algazarra no refeitório e ainda teve aquele triste incidente com a tinta. Eu vou arcar com o dermatologista! – Papai parecia estressado. Será que ele não aceita uma massagem? 

- Sempre soube que o Sr. Stone é um folgado. – Falei e me sentei na mesa e peguei uma maça. - Careca panaca.

- Pois fique ciente, que esse careca panaca lhe expulsou do colégio! – Arregalei os olhos e o pedaço da maça se entalou na minha garganta. Nesse momento minha irmã chega na cozinha.

- Oi, amo... Alexis o que foi?? – Levantei os braços, tentando expulsar a maldita maça. Papai parecia atônico, pois nem pra vir ajudar.

Amy me abraçou abaixo do peito, e a senti pressionar. Ainda bem que minha irmã estudava medicina, afinal. Porra, to entalada e ainda fico pensando? Merda hein! Ela pressionou de novo e senti o pedaço sair da minha boca voando. Suspirei aliviada e olhei pra frente pra dizer pro papai que eu não podia ser expulsa. Só deu tempo de ver seu olho direito tremer levemente enquanto ele tirava um pedaço da maça que me entalou de cima da cara. Sinceramente tive que me controlar pra não rir. 

- Vá arrumar suas coisas!

- Mas, pai... – Ele me interrompeu.  Detesto quando me interrompem.

- Agora, Alexis!

- Não pai, eu não vou. Sou bem crescidinha, certo? Você não manda em mim, pai! Eu não quero, e não vou. Ponto final. – Eu falei confiante.

- Tá bom, filha. Se você não quer ir não vai.

Gostou? É eu teria gostado, se eu tivesse falado isso. Eu ri sozinha, terminando de colocar minhas coisas na bolsa. Sou meio extressada mesmo, mas respeito meu pai. Não somos a família mais clichê do mundo. De vez em quando ele fica amoroso, ai se eu estiver amorosa também, a gente aproveita uns momentos de pai e filha. Dizem que o problema é que nós dois temos um gênio forte, e gênios fortes não se batem, além de geralmente, não entrarem num consenso.

- Alexis. – Minha irmã entrou no meu quarto, seus olhos claros estavam surpresos. Preciso dizer que minha irmã parece uma modelo? Só que eu sou assim, meio fiona. Isso deve ser algum preconceito comigo, só pode. – Já arrumou suas coisas? – Rolei os olhos. Ela riu e se sentou na minha cama. Me abaixei pra buscar um calcinha perdida. – O diretor ligou. – Olhei pra cima curiosa. – Por você ser uma ótima aluna, apesar do seu gênio, ele te aceita de volta, pela ultima vez. – Nem preciso dizer que eu comemorei. Comecei a pular, mechendo a bunda e gargalhando em volta da minha irmã. Não que eu goste do diretor idiota, mas eu tenho amigos lá. Chad e Anne.  Somos amigos desde o primário. O Chad se tornou meio mulherengo, mas não nos deixa na mão. E Anne é tipo eu. Olhei pra cara da minha irmã continuando meu ritual de felicidade e ela negou com a cabeça, comprimindo os lábios. Parei instantaneamente.

- O que? Não gostou da minha dancinha da vitoria? – Falei confusa. 

- É que teve um pequeno problema.

- O que foi? Ele me deu uma suspensão de um mês? Juro que se for isso, ainda vou estar feliz. – Falei rindo. Mas, ela não riu.

- Papai recusou. Ele já fez a sua matricula naquele internato, então negou o pedido do Sr. Stone. – Parei de rir, e fiquei séria tentando achar a pegadinha. Olhei em volta. Não podia dar um ataque se aquilo fosse uma pegadinha. Imagina só o mico!

- Cadê as câmeras? – Olhei dentro do olho de um ursinho em cima da minha cama, mas nada. Comecei a olhar tudo. – Cadê as malditas câmeras?????

- Não tem câmeras, sua retardada. – Ela falou irritada. Droga. Era verdade. Sentei triste na minha cama e desabei sobre o colchão.

- Merda.

 

Belo desastreWhere stories live. Discover now