Chap.4

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Está foi sem dúvida alguma o pior dia da minha vida toda, aquilo que o João me fez, a morte dos meus pais, deus isto não pode piorar. Mas como é que eles morreram? Não foi suicídio, não foi acidente, só poderia ter sido assassinato mas quem os mataria? Será que foram aqueles homens que o meu pai pediu dinheiro? Será que eles nos encontraram? Tantas perguntas sem respostas, estou a dar em maluca mesmo.
Eu não sei o que fazer, está casa é nossa mas e a comida? e a luz? a net? Tenho que encontrar alguma solução, não posso deixar o Brian saber disto.
Eu não quero ir a escola, pelo menos não durante uma semana ou duas até eu conseguir engolir isto tudo. Mas o Brian vai, ele não pode chumbar o ano, eu sei as dificuldades que ele tem. Não sei como ajudá-lo nisto, ele ja não estava bem, então agora nem imagino.

***1 semana depois***

Eu não saí do quarto a semana inteira, fiquei lá dentro sem comer apenas bebi bastante água. É um pouco estranho pois para viver precisaria de comer mas sei lá não me sinto bem para comer. Tenho um sentimento de culpa que me está a roer por dentro. As últimas palavras que lhes disse foram tão estupidas, não lhes falei durante este tempo todo e logo eles morrem? Isto deve algum tipo de conspiração contra a nossa família.
Eu decidi finalmente me levantar, tomei banho, fiz as minhas higienes e olhei-me no espelho. Eu não percebo o que está a acontecer, a minha cara, está 10 vezes mais magra. Sim, eu era bastante "gordinha" e notava-se pela cara. Eu engordei bastante quando comecei a tomar uns medicamentos que me prescreveram para dormir mais tempo e mais rapidamente. E agora? Uau, nunca pensei me voltar a ver com um corpo "normal" mas isto parece estar errado.
Perdi-me nos meus pensamentos durante algum tempo, mas logo logo volto a realidade. Fui ao meu telemóvel e vi a data: terça-feira 20 de Maio 2015. Está quase a acabar o mês, as contas estão a chegar, não temos comida nenhuma e não tenho dinheiro. Como é que me vou safar desta?

Comecei a tentar ligar para familiares, mas sem sucesso ou não me respondiam ou desligavam-me na cara. É o que dá não ligar a família durante anos, e depois nos momentos difíceis? Ninguém. Isto é tudo culpa minha, preciso de um trabalho mas tenho apenas 15 anos.

Saí finalmente de casa, a luz do sol quase me cegou mas aguentei aha. Fui dar a volta para ver se alguém precisava de alguém para trabalhar. Depois de ter andado quase 3 hrs, parei num café que nem sei o nome. No balcão estava um papel que dizia que precisava de empregados. Fui então ao encontro da mulher atrás do balcão e perguntei se precisavam de alguém, ela agradeceu a deus por eu ter vindo ali pois ela não conseguia mais atender os clientes todos de uma vez. Mas havia um problema, o mínimo era 16 anos e eu tenho apenas 15. Preciso de uma solução e rápido.
Fiquei então com o contacto da gerente e fui para casa.

Eu: BRIANNN!!!
Brian: O que é? -meu deus, ele estava com umas olheiras extremamente marcadas e um ar cansado-
Eu: o que se passa?
Brian: Estou a penas cansado, diz lá o que queres.
Eu: Bem, eu encontrei trabalho, m...
Brian: Bacano, posso ir?
Eu: Não. Mas a um pequeno inconveniente!
Brian: qual?
Eu: Eles querem alguém com 16, e eu só tenho 15...
Brian: Pagam bem?
Eu: 400€ por mês sem horas extras.
Brian: Okay, diz que tens 16. Fácil
Eu: Precisam da carta de identidade idiota, a menos que faça uma falsa mas...
Brian: Faz caramba, e não me chateies mais. -sai enquanto bate a porta com força -
Eu: Obrigada pela ajuda -resmungo-

Bem, como fazer? Tenho pouco tempo. Olha foda-se vou ser sincera com ela pode ser que ajude.

Eu estava então a tentar fazer o jantar, quando olho para o balcão. Tinha lá o maço de cigarros do meu pai, uau nunca experimentei. Não, Juliette, não. Foda-se mesmo, estou farta de viver neste medo de experimentar coisas novas.
Peguei no maço que por sinal estava cheio, e tirei um cigarro de lá. Peguei num isqueiro e fui apressadamente para a varanda do meu quarto, meti um música (está na capa deste Capítulo, quem quiser ouvir, é muito boa).
Como caralho se fuma? Aí lembrei-me de como o meu pai fazia, ele metia o cigarro na boca e inspirava ainda com ele apagado e logo depois acendia-o, retirava o cigarro e depois de pelo menos 5 segundos expirava. Fiz de mesmo, eu não me engasguei o que me surpreendeu e fez me sentir uma Boss. Eu realmente gostei, mas tenho apenas 15 anos. Dane-se. Eu estava a curti o momento e pensei de novo naquilo que o João disse a todos: "Ela é lésbica". Eu não percebo o problema disso, as pessoas são mesmo muito mente fechada aqui. Eu realmente não sou feita para estar aqui. Quero voltar a minha cidade, eu não pertenço aqui. Help.

amar sem sentimentosOù les histoires vivent. Découvrez maintenant