CAPÍTULO ONZE

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Estamos ambos parados em frente à porta de saída do meu apartamento. Decidimos não voltar à casa de Lucas e começar a nossa jornada por aqui, mesmo. Pular de sacadas não deveria ser um hábito e quero evitar esse tipo de aventura quando posso.

Estou com os dedos sobre a maçaneta, mordendo os lábios enquanto Lucas me observa, em silencio, esperando que eu faça algo enquanto eu não consigo. Não consigo mesmo. Meus dedos travam e minhas pernas fraquejam só de pensar que, quando eu abrir a porta, poderá haver um zumbi esperando para comer o meu cérebro no jantar.

— Melissa, temos que ir. Se escurecer, vai ficar difícil.

Apesar de tudo, Lucas não parece querer me pressionar. Ele só está preocupado com a escuridão. No apocalipse é sempre tudo mais perigoso nela.

— Eu sei. Estou só... Me preparando psicologicamente.

Ele concorda com a cabeça e eu entendo isso como um sinal de compreensão genuína. Aperto os dedos contra a maçaneta mais uma vez e respiro fundo. É agora. Tenho que fazer isso, ou nunca mais farei. Eu tenho a chance, o helicóptero e uma dúzia de sinalizadores. Vai dar tudo certo.

— Vamos!

Sem pensar duas vezes, espio através do olho mágico para ver se tem alguém no corredor, abrindo a porta o mais silenciosamente que posso. Passo na frente de Lucas para ver o lado de fora, estreitando os olhos com a pouca iluminação. O corredor está vazio, a não ser pela nossa vizinha parada de uma maneira estranha lá no fim da sequência de apartamentos.

— A Srta. Sara está no fim do corredor. — Digo para Lucas — De frente para as escadas.

Mesmo de longe posso ver a baba que cai de sua boca, indo direto para o chão. É nojento e eu sei que vou me distrair e pisar naquilo quando estivermos fugindo, mas tento ignorar essa preocupação para escutar quando Lucas diz:

— Precisamos fazê-la sair de lá... Como se atrai um zumbi de forma segura? — pergunta, e parece pensativo.

— Tá, olha... — balanço a cabeça. O modo como tudo está acontecendo é estranho demais. — Não fale mais a palavra zumbi, ok? Parece que somos adolescentes jogando algum videogame idiota.

Ele parece achar o pior tipo de comentário para a situação.

— E como você quer que eu chame?!

— Não sei... — dou de ombros, pensando.

— Mortos... Vivos?

— Não. É pior ainda. — Mordo o lábio, e então, só para vingar todo o sofrimento que eu vou ter que passar, acrescento: — Já sei! Qual era o nome daquela sua ex-namorada mesmo?

— Isabela? — ele parece confuso, mas quando entende o significado da pergunta, acrescenta: — Isso é sério?! — e posso ver que ele quer rir, mas sua boa alma não deixa.

Não sou o tipo de pessoa que odeio ex-namoradas só pelo fato de elas serem ex-namoradas, mas Isabela realmente me irritava. Sempre que nos víamos ela me olhava de uma maneira estranha e, uma vez, brigamos pelo mesmo estágio. Na verdade, acho que guardo essa raiva porque nenhuma das duas conseguiu a vaga e eu tenho certeza de que foi culpa dela, que transformou tudo em uma competição!

— O quê? É perfeito! — justifico — Lembra o jeito que ela andou a festa de formatura inteira?

— Ela não sabia andar de salto, ok? — revira os olhos — E você também não sabe!

— É por isso que eu me formei de tênis!

— Olha, vamos voltar para os 29 Andares que temos que subir?

29 Andares e Alguns ZumbisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora