Capítulo 21

52 7 0
                                    

  — Você só precisa assinar aqui. — Indico a linha em branco no papel. Ele deixa sua rubrica. — Ah e mainha falou sobre autenticar algum documento... não lembro qual, mas você vai precisar ir no cartório com ela.
  O presidente exala pesadamente.
  Inclino a cabeça de lado.
  — Valeu a pena brigar pela TechMax esse tempo todo?
  O homem levanta um olhar afiado.
  — Sim. — Soa cortante. — Teria valido se fossem mais espertos pra esconder as tramoias.
  Solto um ruído de escárnio.
  — Dificilmente segredos sórdidos ficam escondidos por muito tempo.
  Ele se empertiga e concentra a atenção no computador.
  — Quem os esconde precisa de muita esperteza pra estar a frente dos outros, então.
  — Ou nem tanta, no fim. — Dou de ombros. — Quem mandou matar meu pai se perdeu na hora de esconder ou disfarçar alguns detalhes.
  Afonso me observa e com pura irritação pela jovem chata que atrapalhava sua tarde, indaga:
  — Como o quê?
  Estalo a língua.
  — Eu poderia dizer exatamente, mas você poderia me ajudar.
  Uma longa pausa se faz, enquanto ele pensa.
  — O que quer?
  — Só uma coisinha, bem simples. — Pego um papel e anoto conforme dito: — Quem tem acesso aos arquivos da câmera, filmagens dos corredores do prédio vindo do térreo até aqui e uma caixa de esfirras.
  Afonso estreita os olhos, mas então balança a cabeça e levanta.
  — Ninguém daqui teria motivos pra fazer isso com seu pai — diz, com convicção. — Agora sua mãe...
  Levanto um indicador.
  — Nem pense.
  — Só estou dizendo. Luana também tem acesso às câmeras, sabe disso, não? E andava tendo problemas com o marido... — sibila. — Estou mentindo?
  Nego.
  — A diferença é que minha mãe o amava.
  Ele se aproxima da minha cadeira e apoia o corpo na mesa.
  — O quanto?
  Sacudo a cabeça.
  — Por que está tentando me colocar contra ela? Qual seu problema com minha mãe?
  Afonso inclina o rosto e me encara, parece imponente de cima. Um deus egocêntrico e terrível, disposto a passar por cima da humanidade para satisfazer seus desejos ou se irritado.
  Pisco, enxergando Afonso naquele momento.
  — Não gosto de quem me atrapalha, Bragança. E Luana me esgotou a paciência faz meses.
  Inclino a cabeça para trás para observá-lo melhor. Jamais tinha apreciado a companhia de Afonso, naquele momento menos ainda.
  Algo nos olhos, no rosto odioso dele, pulsava de um jeito sombrio. Pisco novamente.
  A porta é escancarada e Mirtes entra com meia dúzia de policiais.
  Meu coração dispara.
  — É aquele ali, pode levar — aponta para Afonso.
  Me encolho na cadeira, na tentativa de me proteger. Temi o desenrolar, sabendo que qualquer explicação para aquilo me revoltaria ou machucaria. Ele havia feito algo contra a FunToy e consequentemente, meu pai.
  Penso no reinado de Máximo caindo com seu esquema corrupto.
  Fora da sala, mil cabeças olhavam para dentro.
  — O que você fez? — pergunto cautelosamente.
  Mirtes finalmente me percebe. A revolta tomava seu rosto de um jeito que eu odiei ver.
  A mulher apoia as mãos nos meus ombros.
  — Ô, Mariluz, eu sinto muito... — ela me abraça enquanto eu ainda tentava entender o que acontecia e algemavam Afonso.
  Minhas mãos tremem com violência. Eu podia me prever terminando aquela palhaçada com violência. Para cima de Afonso.
  Aos poucos percebendo o que tinha de muito errado ali. Tudo estava fora do lugar.
  Ele tentava lutar.
  — O QUE ESTÁ ACONTECENDO? ISSO É UM ENGANO, O QUE TEM DE ERRADO? — berra. — Tem consciência de quem está levando?
  — Total consciência, senhor. — O policial rebate. — E você está sendo preso por homicídio qualificado.
  — Que provas tem contra mim? Só falarei na presença de meu advogado.
  Encaro Afonso e engulo em seco. Conectando os pontos.
  — Foi você. — Rosno, afirmando com todas as letras. — Trouxe Elvis pra dentro do prédio, deu a garrafa pro meu pai. A mesma que tentou nos convencer a jogar fora. — Minha voz treme de raiva e tristeza. — Ainda modificou as imagens das câmeras. Foi você!
  Ele não responde, mas a surpresa por rosto do policial me dizia que os investigadores podiam ter chegado às mesmas conclusões.
  — Ainda quis me jogar contra minha mãe. Seu cara de pau!
Avanço com tudo sobre Afonso. Consigo dar um empurrão quando os policiais me seguram e os outros levam o preso para fora.
  — Se acalme, moça.
  Esperneio e tento me libertar, puxando o corpo para frente e perseguindo a escolta.
  De todos os lugares as pessoas assistem. Que fique para sempre lembrado quem era o Judas ali dentro.
  — Maldito! Usurpador! ASSASSINO! — Mirtes corre para ajudar a me segurar. Tudo o que vejo é vermelho. — Traidor. JUDAS! Você destruiu minha família, acabou com a vida de Elvis! Tirou meu pai. — Puxo com mais força quando alguns policiais se apressam para seguir os outros. — Você não tem vergonha?!
  O segurança abre a porta.
  — Mari, Mari, olhe pra mim — Mirtes tenta segurar meu rosto.
  Solto um grito esganiçado e consigo me soltar o suficiente para mover alguns centímetros antes de ser imobilizada de novo.
  — Vou acabar com sua vida — prometo. — Você vai pagar por isso!
  Caio sobre os joelhos quando ele adentra o elevador e some. As atenções de todo ficam sobre mim, uns já conversam entre si.
  Gestores se reúnem e Mirtes abraça meu corpo, protegendo-me da vista de todos enquanto choro com força.
  — Shhh, já passou — sussurra.
  — Eu vou matá-lo.
  — A senhora consegue segurar daqui? — ouço um policial perguntar.
  Mirtes parece gesticular uma confirmação e eles se vão.
  — Devia ter adivinhado. Esse tempo todo, ele tava debaixo do meu nariz.
  — Você não imaginava. Tá tudo bem. — Sussurra. — Respire fundo.
  Sapatos lustrosos se aproximam.
  — Beba água — Josias oferece.
  A funcionária pega o copo por mim e solicita uma cadeira. Josias a posiciona de costas para o escritório e ajuda Mirtes a me sentar nela.
  Escondo o rosto nas mãos enquanto choro.
  — Não é possível, não é possível. — Soluço alto. — Ele arrancou toda a felicidade que já senti um dia.
  Sinto a mão de Mirtes nas costas. Ela estende o copo.
  — Beba.
  Demoro a aceitar com sua insistência.
  — Quero ir pra casa — decido. — Agora.
  — Assim que você se acalmar.
  Tento levantar, mas minhas pernas falham. Mirtes me segura e me acomoda de novo na cadeira.
  — Preciso pegar os documentos na sala.
  — Deixa que eu vou — Josias se prontifica. Em minutos retorna com os documentos e minha bolsa. Ele os organiza na pasta amarela e me entrega. — Aqui.
  Pego-os com um agradecimento e volto meu olhar para Mirtes.
  — Por favor. Preciso ver minha mãe.
  — Dayane já ligou pra ela. Sua mãe tá indo pra delegacia agora.
  Engulo em seco.
  — Tudo bem... — cruzo os braços e me concentro em ficar calma para sair dali o quanto antes.
  Precisava sair daquele ambiente. Mais um minuto e enlouqueceria. A cada instante visualizada Afonso de novo e de novo.
  Eu queria esganá-lo.
  Peço uma carona e convenço Mirtes a me levar para o carro.
  — Vá pra casa. Clareie a mente e tire esse sentimento ruim de você. O pior já passou e ele vai pagar pelo que fez agora.
  Evito contar minha falta de confiança na justiça brasileira.
  Adentro o veículo.
  — Vá com Deus, minha filha.
  Dou um aceno fraco e pego meu celular pretendendo falar com minha mãe. Acabo abrindo a conversa com Rodrigo.
  Vou aí.
  O rapaz não demora a responder. Como se esperasse minha mensagem a qualquer momento. Era sempre o horário que a gente costumava se falar.
  Vem.
  Solicito a mudança no trajeto ao motorista e ele o faz.
  Demorou menos de trinta minutos para chegar. Desembarco na porta de Rodrigo, as pessoas prestam atenção em mim. Fosse pelo rosto vermelho e inchado ou por ser uma completa estranha na área.
  Não havia saído do carro na vez que passei ali.
  Toco a campainha ao lado do portão e observo a rua enquanto espero após um distante já vai ecoar.
  — Mariana?!
  Ergo a cara fechada para a janela acima.
  — Não, sua mãe — dispara minha língua descontrolada.
  O tronco dele já havia sumido da janela e eu podia ouvir seus movimentos. Seus chinelos tapeiam os degraus da escada.
  Logo depois, ele destranca e abre o portão.
Arrependida e envergonhada, baixo o olhar.
  — Foi por força da expressão o sua mãe — me explico. — Nada intencional.
  Rodrigo fica confuso.
  — Quê?
  Balanço a cabeça.
  — Leseira minha.
  O rapaz percebe meu humor e abre espaço para mim.
  — Sobe.
  Eu o faço, deixando a rua movimentada para trás. Rodrigo demora trancando a entrada e sobe apenas quando eu já estava parada lá em cima.
  — O que tá fazendo aqui? O que aconteceu?
  — Eu disse que ia vir.
  — Não tava contando com a sinceridade. — Ele ajeita as almofadas do sofá e o indica para mim. Acomodo-me no assento do meio. — Mari? Tá bem?
  Balanço a cabeça, chorando de novo. O jovem senta ao meu lado e me abraça. Uma mão alisa minhas costas enquanto a outra repousa na minha cabeça.
  — E-eu tava lá e os policiais o levaram. Na minha frente, não fazia ideia de que ele era capaz.
  — Ele quem? — Rodrigo se afasta um pouco e me examina. — Tá machucada?
  Quando não encontra nada, me solta para entrar numa porta. Continuo falando.
  — Se ninguém tivesse me segurado eu teria matado ele lá mesmo. Da pior forma, quero que ele pague. — Ouço um armário batendo, geladeira sendo aberta e fechada. — Ele precisa pagar.
  Rodrigo volta com um copo d'água e me entrega. Apoio o recipiente frio no colo e o vejo voltar um ventilador para nós.
  O calor já me fazia suar todo o rosto e costas. Vento fresco abençoa meu rosto.
  Rodrigo olha para mim.
  — De quem estamos falando?
  Afasto as lágrimas com as costas da mão e baixo o olhar.
  — Foi Afonso — conto em voz baixa.
  Seu corpo congela.
  — Quem é...
  — O novo presidente da empresa. Aquele que queria jogar a garrafa fora.
  Em silêncio, Rodrigo volta para o meu lado e me puxa. Aceito a sensação de segurança por estar ali.
  — Por que ele faria uma coisa dessas?
  Dou de ombros, me encolhendo contra seu corpo.
  — Não sei se quero saber qualquer motivação dele. Dele não quero entender lado algum, sempre o odiei. Agora mais do que nunca.
  Entorno todo o conteúdo do copo. Rodrigo pega de minha mão e o deposita em algum lugar no chão perto do sofá.
  — Ele tava tentando encobrir a garrafa — constata Rodrigo.
  — Ele vai negar — afirmo. — Mas nem que a gente gaste milhares em bons advogados, vou trazer a justiça.
  Seu aperto fica ligeiramente mais firme.
  — Vai dar tudo certo.
  Assinto, crispando os dedos. Eles agarram no tecido da camisa.
  — Tem que dar. Por meu pai, minha família, por mim e Elvis.
  Rodrigo se remexe.
  — Meu tio vai ficar bem.
  Levanto o olhar úmido.
  — Estaria melhor se Afonso não tivesse aparecido.
  — Outro teria aparecido e oferecido um destino tão ruim quanto.
  Nos entreolhamos por um longo instante. Quebro o contato deitando a cabeça no ombro do meu amigo.
  — Posso ver se já tá passando sobre isso em algum canal?
  Respondo com um aceno e observo passar de canal em canal. Sem encontrar nada, voltamos para a sessão da tarde.
  O filme estava no começo e parecia um pouquinho interessante, porém o turbilhão de pensamentos me rondando mantinha meus olhos embaçados e trabalhando para jorrar litros de lágrimas. Era o que parecia.
  — Pelo menos agora sabemos quem foi.
  Fecho os olhos soltando o ar pela boca devagar.
  Ah, sim, aquilo era um alívio.
  — Acho que tá na hora de focar totalmente no meu futuro.
  — E como foi a última apresentação? — quis saber, o foco do filme totalmente perdido.
  Minha boca treme quando lembro de como foram bons aqueles momentos.
  — Perfeita, eu... acho que arrasei.
  Encaro-o e vejo o sorriso de Mirtes em seu rosto. Falho em devolver o gesto, o tempo não estava para alegria ainda.
  Rodrigo afasta uma mecha do meu rosto e seca a lágrima com o polegar.
  Toco sua bochecha e o sorriso some. Nenhuma carranca se abre no lugar ou desconforto.
  Meu coração palpita quando impulsiono o tórax, aproximando nossas cabeças para colar os lábios nos dele.
  Como uma valsa completa e nunca ensaiada, o beijo se inicia cauteloso. Descubro o ritmo de Rodrigo ao passo que ele parece fazer o mesmo quanto a mim. Entre as estrelas, nossos passos levitam subindo cada vez mais alto para onde não pode mais passar. O mesmo lugar no qual permanecemos desfrutando do momento antes de descer.
  Eu me afasto.
  — Ro...
  — Shhh.
  Vem dele a iniciativa para continuar de onde paramos. Me deixo voltar, eu preferia não precisar tomar fôlego.
  Agarro a camisa com mais afinco, as mãos dele acariciando e fazendo pressão nas minhas costas. Mais perto, era o que queríamos.
  Ouço um vibrar distante, mas não dou bola. Presa no enlace de Rodrigo.
  O ruído fica insistente.
  — É o seu — avisa contra meus lábios.
  Levo um instante para registrar suas palavras e me sobressalto.
  — Meu Deus, mainha!
  Ele ri da minha urgência e olhos esbugalhados.
  Mas quando pego o aparelho, ele já tinha parado de tocar pela segunda vez. As ligações eram de Ellen.
  Deixo os ombros caírem. Agora o clima já havia sido quebrado e Rodrigo levantado para ir à cozinha.
  Abro a conversa com Ellen e leio sua convocação para ir ao grupo. A conversa estava à toda, pego um resumo.
  Val havia sugerido um passeio em grupo em comemoração ao fim das apresentações. Todos haviam decidido ir à praia, tinham escolhido até o destino. E agora esperavam pela minha resposta... e a de Rodrigo, percebo depois de Ellen expressar em letras maiúsculas que ele também estava convidado.
  Rio com a mensagem de Paulinho, acreditando no potencial do estudante para arrumar uma desculpa esfarrapada e não ir.
  Como sempre, Paulo tinha colocado.
  Rodrigo retorna da cozinha. Seu rosto demonstra ter ouvido o som que escapou de mim.
  — O pessoal tá chamando pra um dia de praia, vai com a gente?
  — Depende. Quando?
  Ronco uma risada de escárnio e digito uma mensagem.
  Rodrigo já tá nos "depende".
  Ergo o queixo, encontrando seus olhos estreitos. O jovem trata logo de pegar o próprio celular e abrir a mesma conversa. Ele escolhe sentar num banquinho ao lado do sofá.
  O grupo explode em risadas com os emojis de raiva que ele envia a todos.
  Pra sua informação, Mariana, eu tenho compromissos.
  Solto um uivinho de provocação.
  — Ele é ocupadinho.
  Mordo a boca.
  O compromisso: assistir sessão da tarde.
  Uma risada grave se eleva ao meu lado.
  — Para com isso.
  Arqueio as sobrancelhas por uma fração de segundos, meio desafiadora.
  Respondo a pergunta geral.
  Eu vou, gente.
  A mensagem que Rodrigo andava digitando chega.
  Eu taria estudando se uma visita inesperada não tivesse atrapalhando tudo. Que tragédia pra medicina brasileira.
  Crispo os lábios.
  — Que mal educado.
  Ai, desculpa. Vou embora.
  Outra mensagem dele chega.
  Vou com vocês só pra todo mundo quebrar a cara.
  O grupo celebra, Val brinca:
  Pergunta da prova: quem vai ser o primeiro a fuleirar e por que Rodrigo?
  Os outros riem.
  — É tão mal visto assim?
  Ele dá de ombros.
  — Ninguém entende meu estilo de vida ermitão da cidade.
  Dou risada. O som cala quando vemos a mensagem de Ellen ao mesmo tempo.
  O que tá fazendo na casa de Rodrigo, Mari?
  O texto termina com uma série de emojis de olhinhos voltados para o lado.
  Trocamos um olhar nervoso. Se ela soubesse... nunca nos deixaria em paz.
  — A culpa é sua — acusa.
  — Nada a ver!
  Edu faz sua observação:
  Que romântico tão assistindo sessão da tarde.
  Ellen rebate:
  Isso soa tão verdadeiro quanto dizer que vai ver filminho na Netflix.
  A mensagem de Rodrigo abana Ellen para longe como se fosse um passarinho enxerido.
  Vai ler fanfic, menina.
  Dou uma mordidinha leve na língua conforme digito:
  É, a gente tá só fofocando.
  Rodrigo reforça.
  O jovem moderno pode nem falar da vida alheia mais.
  Largamos o celular ao mesmo tempo.
  — Ela fez mais pra provocar — garanto. — Não deve acreditar no que disse de verdade.
  — É, sim. Conheço meus amigos ainda.
  Faço uma careta de tédio.
  — Ah, mas se ela imaginasse.
  Assinto com veemência.
  — E o que aconteceu aqui...
  Rodrigo hesita, mas indaga:
  — Não muda nada na nossa relação, né?
  Balanço a cabeça.
  — Tudo igual antes. — Engulo em seco. — Só... preciso de um tempo pra digerir as coisas que andam acontecendo na minha vida.
  Ele dá conta do recado e concorda com um menear.
  — Também.
  Inclino a cabeça de lado.
  — Fala com Mirtes?
  — Um pouco mais a cada semana.
  Consigo esconder a animação.
  — Tem chance de essa relação melhorar?
  — Algumas.
  Observo-o em silêncio. Satisfeita que estivesse se esforçando para construir boas conexões com a mãe biológica.
  Insatisfeita que estivesse distante.
  — Tu não precisa sentar aí.
  Ele exibe o sorriso da mãe e retorna para o meu lado.
  Não trocamos mais beijos, mas passamos o dia abraçados. A presença e companhia era o que eu mais precisava naquele dia. Do ombro amigo sem condições que encontrara nele.
  Me sentia mais que grata por tê-lo perto.
  E a cada dia eu me sentia mais próxima do que minha mãe quis dizer quando se referiu a todas as amizades e amores que eu poderia conseguir, mesmo se não fosse com Miguel.
  Abrir mão de amizades parecia mais custoso olhando deste ponto.
  Se eu perdesse aquilo ali que encontrei em Rodrigo, aí estaria perdida.

DestinadosWhere stories live. Discover now