Black Blood

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      --Eu passei mal de novo e ele ficou com medo de me deixar sozinha. -- O olhar de interrogação de Alec foi substituído por um olhar de preocupação.

      --Você está bem? -- Sorri ao ver que ele ainda se importava, embora nós não fossemos tão amigos assim.

      --Foi só um susto. Eu tô bem. -- Dei espaço para ele entrar e fechei a porta atrás de mim. -- Enfim, do que você precisa?

      --Preciso da sua ajuda com uma coisa. -- Alec me entregou um tipo de pasta, escrito "Projeto Storm", já tinha ouvido falar disso antes. Jace se levantou e ficou ao meu lado, para ver os arquivos. -- Me mandaram esses arquivos a uns 10 minutos atrás, querem que você se envolva.

     --Nunca vi algo assim... -- Franzi o cenho ao ver a assinatura de três diretores, de três lugares totalmente diferentes, México (Cidade do México), EUA (New York City) e Idris. Estão se aliando. A coisa deve ser séria. -- Bom, não desde Valentine e o Ciclo.

     --O que exatamente é o projeto Storm? -- Jace pergunta sem tirar os olhos dos arquivos e eu suspirei.

     --Duas crianças que juntas são pior do que a mais forte tempestade. -- Comento. -- Achei que fosse uma lenda.

     --Pelo jeito não é. -- Diz Alec com ar de tédio.

     --Tudo bem, nós dois damos um jeito nisso. -- Digo fechando a pasta e Jace me encara. -- Que foi?

     --Vocês dois vão me excluir mesmo? -- Pergunta ele indignado e eu rio, enquanto Alec revira os olhos.

     --Pode vir também.

     --Você tem plena ciência que onde ele for ela vai, não é? -- Alec pergunta me fitando e eu comecei a reconsiderar a ideia de incluir o Jace nisso.

     --Talvez eu tenha esquecido desse detalhe.

     --Do que vocês dois estão falando? -- Jace pergunta nos encarando confuso.

     --Eu não vou/ Ela não vai com a cara da Clary. -- Eu e Alec dizemos em coro.

     --Agora entendi porque vocês se dão bem. -- Jace comenta revirando os olhos e eu olhei para Alec que estava com uma expressão de "tanto faz". -- Por que não gosta dela?

     --Só não consigo gostar. -- Dou de ombros. Realmente, eu não conseguia gostar daquela garota, não tinha nada contra, mas também nada à favor. -- Mas por que isso importa? Temos coisas mais importantes para fazer. Alec, já que vamos colocar o Jace nisso, conversa com a Izzy também.

      --Pelo jeito você conhece todos nós, só eu que não te conhecia. -- Jace comenta enquanto eu vou em direção ao criado mudo e tiro meu celular do carregador.

      --Na verdade, tenho um relacionamento mais próximo com os Lightwood por causa da Maryse. -- Dou de ombros. -- Bom, meninos, eu vou tomar um banho. Depois eu procuro vocês.

     Praticamente expulsei eles do meu quarto e me tranquei no banheiro, fui ingênua em pensar que minha folga duraria tanto tempo. Nunca dura mais do que alguns meses. Depois de alguns minutos eu já estava no corredor, não tinha nada de muito interessante para fazer então fui me informar mais sobre o Projeto Storm.  

      Aparentemente não tem muitas informações sobre as duas crianças a não ser o fato de ser um menino e uma menina, ela tem dupla nacionalidade/cidadania (México e Inglaterra), o menino é três anos mais velho e ambos não têm a menor noção da existência do outro. Isso ajudou muito, sem ter um nome. Tudo bem, preciso da pessoa que me contou sobre o projeto, mas vou ter que esperar até de noite.

      --Katrina, estão chamando você na enfermaria. -- Fui tirada de meus pensamentos quando uma caçadora loira adentrou a biblioteca.

      --Ah... Eu já estou indo. Obrigada. -- Sorri de forma simpática e ela sorriu de volta, antes de virar as costas e deixar a biblioteca.

      Eu juro que, se o Alec mandou alguém me consultar, eu mato ele. Passei no meu quarto para deixar a pasta com os arquivos e fui em direção a enfermaria. Quando passei pela porta pude jurar que meu coração havia pulado uma batida.

      --Marcus! -- Acelerei os passos em direção a pessoa mais próxima que eu tinha de uma família. Ele estava deitado em uma das camas, com um braço enfaixado e alguns ferimentos no rosto. -- O que aconteceu com você?

     --Uma missão bem sucedida com algumas consequências. -- Marcus sorriu enquanto se sentava na cama. -- Kat, tem alguma coisa errada.

     --Claro que tem alguma coisa errada. Olha só para você! -- Virei seu rosto de uma lado para o outro, vendo os machucados.

     --Não estou falando disso. -- Ele tirou minha mão de seu rosto e a segurou. -- Eles estão tentando recriar o Black Blood.

     --O que? -- Franzi o cenho. -- A Clave teria interferido se...

     --Se eles soubesse o que estava acontecendo, mas eles não sabem. -- Marcus começou a olhar em volta, parecendo checar se estávamos sozinhos. -- A Clave acha que tem a ver com a ascensão dos Storm, mas eles não poderiam estar mais errados. Tem crianças sendo sequestradas no México, na Europa, uma criança desapareceu ao tentar entrar em Idris com o irmão mais velho!

     --Não são demônios, são? -- Pergunto o fitando.

     --São os próprios shadowhunters. Podem ser ex membros do Ciclo ou não. -- Respirei fundo. -- Nós precisamos contatar a Clave.

     --Nós podemos confiar na Clave? Você mesmo disse, há shadowhunters envolvidos nisso.

     --Temos que falar com os líderes dos Institutos envolvidos e pedir sigilo. -- Marcus tentou se levantar, mas eu não deixei.

     --Não antes de eu te curar. -- Ele suspirou e se deitou novamente na cama, enquanto eu me levantava.

     Uma vez, um dos irmãos do silêncio me disse que o fogo que corria por minhas veias, assim como sangue, poderia ter a mesma utilidade de uma runa de cura. Não me pergunte como eles descobriram isso. Olhei em volta uma última vez, antes de fazer um círculo de fogo girar em torno do Marcus.

     As chamas adentraram o peito dele, causando um pequeno espasmo em seu corpo, que logo passou

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     As chamas adentraram o peito dele, causando um pequeno espasmo em seu corpo, que logo passou. Os ferimentos no rosto começaram a desaparecer e Marcus suspirou aliviado.

     --Vamos. Temos que falar com o Alec. -- Digo enquanto ele se levanta e tira a faixa do braço.

     --Por que? -- Marcus fraziu o cenho. -- Nós dois damos conta disso.

     --Alec me procurou hoje de manhã. -- Expliquei enquanto saíamos da enfermaria. -- Mandaram uns arquivos sobre o Projeto Storm para ele, nós combinamos de investigar, mas agora eu acho que estamos seguindo o caminho errado.

     --Podemos confiar no Alec? -- Parei de andar assim que vi a porta do escritório do Lightwood.

     --Coloquei minha vida nas mãos dele mais de uma vez e ele nunca me decepcionou. -- Bati na porta e Marcus assentiu em concordância.

     --Então vamos nessa.

Filha do SilêncioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora