Uma faísca de sentimento.

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Louis estava no ônibus voltando para a casa de Harry, era perto do fim da tarde, faltavam poucas paradas até que precisasse descer e ele suspirou.

Harry estava sendo maravilhoso para ele, passeios no parque e coisas bobas que o menor não era acostumado a viver, momentos em que ele desejava a eternidade... seu coração começava a se preencher aos poucos.

Mas apesar do esforço, a mente de Louis não estava completamente bem, suas crises de ansiedade eram diárias e apesar do esforço, dia após dia suas pernas mostravam como ele estava mal.

Houve uma noite em que Styles precisou enrolar suas coxas em faixas para que ele parasse de forçar suas unhas curtas contra os machucados.

"Me desculpe Harry, é mais forte que eu, sinto muito, mas meu peito dói tanto!" Ele lembra das palavras que disse, com clareza. Cada dia ele se sentia pior por colocar Styles neste tipo de situações.

Louis desceu na parada da sua quadra e continuou andando alguns metros até a entrada do prédio. Assim como nos dias que se passaram.

A faculdade estava como normalmente, na verdade ele não fez muitas amizades por lá, e as que fez se limitavam a pequenos diálogos dentro do campus.

Tentou abrir a porta do apartamento, trancada. Harry ainda não estava em casa, ele teria que esperar. Sentou-se no chão ao lado da porta e abriu sua mochila, procurando por seu caderno e um lápis.

Entediado demais para pensar em qualquer coisa que quisesse escrever, somente folheou as páginas escritas, cheias de conteúdo das aulas misturados a desenhos aleatórios e trechos de músicas. Organização não era muito seu forte, mas a verdade é que ele gostava assim mesmo, do seu jeito, jogado e bagunçado, apenas Louis Tomlinson expondo toda a bagunça que sente.

Harry chegou esbaforido nas escadas murmurando pedidos de desculpas entre suas respirações.

"Desculpa, me atrasei no trânsito" recuperou seu fôlego e abriu a porta.

"Sem problemas" Louis apenas entrou e colocou sua mochila no sofá e se sentou.

"Como você está hoje?" Styles perguntou indo para a cozinha.

"Tudo certo" respondeu apenas.

"O que acha de irmos dar uma volta e encontrar um lugar para jantar?" O maior andou até a sala segurando um copo de água.

"Claro eu só vou tomar um banho e vestir uma camisa limpa" Louis prontamente se levantou levando a mochila para o quarto, Styles apenas concordou com a cabeça e bebeu sua água.

Uma hora depois Lou estava na varanda fumando um cigarro enquanto Styles vestia seus tênis.

Eles caminhavam pela calçada, em sentido contrário da multidão, andavam devagar contrastando com a pressa que os cercava. Vez ou outra o cacheado fazia algum comentário sobre o caminho e fazia o menor rir.

"Hey, olha um restaurante de comida árabe, a gente devia tentar" Styles se apressou em pegar o garoto pelo braço e entrar no estabelecimento. Escolheram uma mesa perto da janela, para que pudessem continuar a olhar o tráfego e comentar sobre.

"Posso anotar o pedido?" A atendente se colocou em pé ao lado da mesa.

"Claro, vou querer um tabule tradicional e um Tamar Hindi" Styles apontou no cardápio sem saber se pronunciara corretamente.

"Certo" ela anotou tudo em um bloquinho "e para o senhor?"

"Eu vou ficar com essa esfiha de carne e um chai".

"Você devia experimentar um qamardeen, é de Damasco, diferente do que a gente costuma beber, é bem espesso e saboroso".

"Eu prefiro manter o clássico a pedir alguma coisa q me fará sentir arrependimento" Louis falou com sinceridade; achava fácil abrir seus sentimentos para Harry, já que ele nunca o julgara, nem por um instante.

"Tudo bem!" Concordou "o chai daqui é o melhor que já bebi, e eu olha q eu amo chás".

"Harry," o garoto encarou suas mãos na mesa.

"Sim?" Tocou nas mãos do garoto com a suas e acariciou com o dedão.

"Eu vou procurar um emprego, não acho justo que você fique arcando com todas essas despesas." Encarou o mais velho que sorria.

"Eu não me importo em te ajudar," entrelaçou seus dedos aos do menor "e eu sei que quando você estiver bem, vai me ajudar com as coisas. Eu só quero que você melhore, e depois se preocupe com isso..." sorriu oferecendo suporte.

"Certo, mas eu acho que isso pode ocupar minha mente e eu vou me sentir menos culpado" garantiu ao outro.

"Se isso vai fazer você se sentir melhor então tem meu apoio, talvez você possa começar com algo de meio período?" Propôs ao menor.

"Sim, na verdade eu vi que estão precisando de atendentes em uma lojinha de departamento perto do apartamento, talvez eu passe lá com meu currículo."

"Se precisar de companhia conte comigo!" Prontificou sorrindo com seus dentes brancos e brilhantes a mostra.

Os pratos chegaram e eles continuaram conversar de bobagens em relação ao dia que havia passado e debatendo sobre música.

"Mas H, você nunca me contou de você, como decidiu ser fotógrafo e como consegue ser tão positivo?" Riu da última parte. Eles estavam caminhando para casa lentamente.

"Bom eu gostava de fotos desde criança, aprendi muito do que sei com meu avô e meu pai, apesar de trabalhar com algo totalmente diferente, meu pai aprendera tudo sobre fotos com vovô, que colecionava câmeras antigas, quando vovô faleceu meu pai ficou com elas e me ensinou sobre cada uma, e hoje eu tenho essa coleção no meu quarto, desde que meu pai faleceu." Contou "e eu não sei porque sou tão positivo" riu e suspirou em seguida, decidido a contar "meus pais faleceram em um acidente de carro no meu aniversário de 18 anos. Íamos passar juntos e eles fizeram a surpresa de comprar um bolo, mas eles nunca voltaram pra casa..." suspirou e sentiu a mão de Louis tocar a sua para conforta-lo, de mãos dadas seguiram para casa.

"E você não tinha nenhum outro parente pra ficar com você?" Questionou.

"Não, minha família toda mora na Inglaterra, mas eu não tenho interesse algum em voltar a morar lá."

"Então você vem morando sozinho esse tempo todo?"

"Sim, no começo foi difícil, entrei em depressão e não aceitava o que havia acontecido. Procurei ajuda de um psiquiatra e 9 meses depois eu decidi vender a casa e comprar um apartamento, juntei o dinheiro da venda da casa e um pouco da herança do meu pai e comprei esse apartamento," sorriu orgulhoso em frente ao prédio, olhando para cima e vendo a lua. "Um mês depois arrumei um trabalho de fotógrafo para casamentos e famílias, trabalhava feito um louco e ganhava pouco, até que juntei uma grana e pude abrir meu próprio estúdio no centro, com a ajuda do meu sócio Zayn, claro." Contou.

Ficaram na calçada conversando enquanto Louis fumava seu segundo cigarro. A história de Harry era triste e a sua superação era inspiradora.

"Por isso eu estou te ajudando, quero que você sinta o que eu senti depois de sair do limbo que é a depressão. O mundo tem seu lado sombrio, mas também tem seu lado iluminado, e é esse lado que eu pretendo te ajudar a enxergar." Disse olhando nos olhos azuis "vamos entrar, está esfriando".

Abriu a porta e subiram até o apartamento.

"Harry?" Chamou assim que entraram "Como você sabe quando encontrou a felicidade?"

"Eu não sei com certeza, mas acho que a felicidade está em momentos que acontecem e não queremos que acabe. Queremos que dure pra sempre." Sorriu para si mesmo "devemos prestar mais atenção nesse tipo de sentimento".

Louis sorriu em silêncio e andou até a varanda, sentou na cadeira e acendeu outro cigarro. Styles apenas entrou na cozinha e preparou duas taças de sorvete como sobremesa.

Na varanda, tomando sorvete e olhando as estrelas Louis percebeu que talvez ele estivesse realmente começando a sentir algo novamente. E é com uma única faísca que o fogo pode tomar conta.

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Espero que tenham gostado!

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⏰ Last updated: Nov 28, 2017 ⏰

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Life is poetic | LARRY STYLINSONWhere stories live. Discover now