Life is poetic | LARRY STYLINSON

Um primeiro passo.

Alguns dias depois...

Louis encarava a cidade pela janela do apartamento de Harry, chovia naquele dia. O cheiro de café forte inundava o pequeno apartamento de dois quartos. O cacheado ainda dormia, mas Tomlinson sempre teve dificuldades para dormir. A claridade cinza inundava a sala e na varanda o cinzeiro molhava, encharcando os restos de cigarro que ali repousavam.

Harry vinha sendo um ótimo amigo nos últimos dias, após salvá-lo da morte, e ajudando-o com imensa vontade. Mas o máximo que o garoto conseguia dar em troca era crises de ansiedade e sangue pelo banheiro.

Harry não parecia se abalar pelas recaídas diárias de Louis. A verdade é que Styles nunca fez questão de saber o que realmente levou Tomlinson a situação atual. Apenas ajudava-o a limpar e a acalmar, fazendo chás e massagens.

O mais velho saiu do quarto já vestido para trabalhar e deu bom dia para Louis, que respondeu, o seguindo para a cozinha.

"Que bom que você passou café! Muito obrigado" agradeceu "Você quer torradas com manteiga?"

"Claro" sentou-se à mesa para esperar.

Harry entregou a ele um comprimido e um copo de água. "Não podemos esquecer". Sorriu.

"Lou, eu vou trabalhar hoje, você pode ficar aqui, sem problema algum pode ver televisão e usar o computador, jogar vídeo game... infelizmente com chuva acredito que não de pra passear muito, mas enfim... qualquer coisa você me liga" falou tudo enquanto colocava manteiga nas torradas. "Eu trago o jantar, volto perto das 18h".

"Esta bem".

"Hey! Prometo que assim que parar de chover vou te levar pra conhecer meu lugar favorito" falou baixinho como um segredo.

"Mal posso esperar" Lou sorriu de volta dando uma mordida na torrada. "Essa sua torrada é maravilhosa".

"Eu tenho meus segredos" piscou para o menor sorrindo e riram juntos.

Harry saiu deixando que Louis tomasse conta das louças, e o garoto ocupou sua cabeça com a limpeza da cozinha e depois com jogos de corrida no vídeo game.

Fumou mais alguns cigarros durante a tarde e almoçou perto das 15h. Tomou um banho quente antes que Harry chegasse e tomou um pouco do chá que restava na geladeira.

Assim que Styles entrou pela porta a mesa da cozinha já estava colocada para a janta e Tomlinson fumava na varanda.

"Hey, tudo certo? Trouxe comida mexicana, você gosta?" Perguntou colocando a bolsa no sofá e sinalizando para irem para a cozinha. Lou apagou o cigarro no cinzeiro com água de chuva e limpou os pés ao entrar.

"Harry, eu queria conversar com você" Louis soltou assim que se sentou à mesa.

"Tudo bem, sobre o que quer conversar?" Atencioso como sempre.

"Eu quero te contar tudo que eu passei, e por mais que você não queira ouvir, eu quero falar, ou não vou conseguir aceitar ficar aqui mais tempo."

"Ok, se você está pronto então sou todo ouvidos". Sentaram-se Louis na ponta e Harry perpendicular à ele. As mãos grandes de Styles tocaram a do garoto o transmitindo segurança.

"Eu nasci em uma família muito conservadora, meu pai era do exercito e minha mãe apesar de não seguir religião era omissa e nunca se posicionou em minha defesa, eu desde pequeno possuía traços afeminados e diferente das outras crianças, sofri bullying na escola e em casa, dos meus dois irmãos mais velhos, quando completei 14 anos apanhei do meu pai por gostar de me vestir diferente, sempre com roupas pretas e muito coladas. Ele disse para eu virar homem e orgulhar as bolas que ele havia me dado. Com 15 ganhei um olho roxo por ter usado lápis preto nos olhos. E com 16 fui estuprado por dois caras do time de futebol da escola, apanhei mais quando cheguei em casa mancando, pelos meus irmãos. Foi quando comecei a cortar meus braços e cochas. Eu tinha ódio das minhas pernas por serem grossas e femininas, meu quadril muito largo. Eu passei um ano sem olhar no espelho. Eu achava que a culpa era minha. Com 17 terminei o ensino médio e achei que estaria livre de sofrimento, mas então eu decidi ir pra faculdade, e música não era bem o que minha família sonhava. Quando consegui uma bolsa para estudar ninguém falou nada. Esse ano conheci um rapaz no curso e me apaixonei, ele frequentava minha casa como meu amigo, mas meu pai pegou a gente se beijando no meu quarto e me expulsou de casa. Passei dois dias na rua, no frio, antes de decidir pular da Golden Gate... e apesar de tudo eu ainda não entendo como você pode ter aparecido naquela hora".

Harry respirou fundo e apertou as mãos do garoto nas suas, "eu sinto muito, mesmo, por tudo que aconteceu" suspirou, "mas eu prometo que você não vai se sentir assim nunca mais".

"Eu sinto que não deveria odiá-los porque são minha família, mas é inevitável."

"Família é quem te faz bem, você não precisa se sentir culpado por odiar, nós temos o poder de criar nossa própria família. Nosso lugar seguro, onde não há julgamentos e há amor." Styles secou as lágrimas na bochecha de Louis "e você não precisa ser perfeito, basta apenas ser você".

"Obrigado Harry! De verdade eu não m sei o que faria se não fosse por você".

"Me agradeça depois de comer porque nossos Tacos estão esfriando!!"

Comeram pacientemente, desta vez conversando sobre o trabalho de Harry como fotógrafo e sobre o dia que passara. Tomlinson se sentia menos aflito por contar o que o engasgava principalmente porque Styles foi extremamente receptivo e não o julgou em momento algum.

"E Louis," Harry olhou em seus olhos profundamente "não desista da faculdade de música, use esse sonho como sua âncora para não desistir de continuar vivendo." O garoto sorriu e concordou com a cabeça.

Naquela noite eles colocaram um filme na televisão e assistiram até dormirem no sofá mesmo.

Louis não tinha palavras para agradecer o lar acolhedor que recebera, e prometeu a si mesmo que continuaria a estudar música, não ia desisti do seu sonho. Esse era o primeiro grande passo.

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Bom esse capítulo foi mais pesado, mas vocês ficaram sabendo mais sobre o passado do Loulou de maneira geral.
No próximo acho que revelaremos um pouco do passado do Harry. E eu espero que tenham gostado!