Capítulo 29 - A Noiva

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   Gaara resolveu que a reunião, para conhecer sua noiva, seria em um hotel de alto padrão em um oásis, um pouco longe de Suna. Era uma área que não era governada pelos shinobis e não estava sob o controle do Daimyou.

O Kazekage pediu para que um shinobi viesse no hotel antes e reserva-lo totalmente, ou seja, mais ninguém poderia estar nesse hotel no dia da reunião. Cada convidado teria seu quarto para se trocar e descansar. O local seria perfeito para uma reunião de duas famílias.

- Temari, essa roupa é desconfortável. – Gaara olhava-se no espelho enquanto eu procurava sua gravata. – É dura, não consigo me mexer. Isso me aperta.

- Ora, mas foi você quem escolheu... – Respondi olhando para o reflexo do meu irmão no espelho.

- Eu sei, mas não estava assim antes. – Gaara puxava o colete para baixo.

Era a primeira vez que meu irmão usava um terno de três peças e, com certeza, aquela não seria a roupa que ele mais gostara.

- Lide com ele, tudo bem? É para uma reunião de casamento no fim das contas. – Respondi colocando a gravata em seu pescoço. – Hoje você é o convidado de honra, ninguém pode estar mais bem vestido que você. Entende o significado de tudo isso, certo?

- Sim... – Gaara respondeu com uma cara que era nítido o seu descontentamento com sua roupa. – E... Eu estou bem agora Temari. Colocarei a gravata sozinho.

Gaara falou com tanta convicção que por um minuto eu jurei acreditar em suas palavras.

- E você sabe que tipo de nó fazer em sua gravata? – Perguntei com as mãos segurando minha cintura.

- Nó? – Ele olhou para mim com os olhos arregalados e eu bufei.

- O método de amarrar! – Peguei de novo a gravata das mãos dele e o ajudei. – Você é o convidado de honra hoje então você não pode simplesmente amarrar sua gravata de qualquer jeito. Você precisa de compostura. – Dei uma volta transpassando os lados da gravata, e continuei. – Shikamaru não entende nada sobre essas coisas também, porque vocês, homens, são assim? – Perguntei, mas Gaara não me respondeu, só olhava para cima esperando que eu terminasse. – Tudo bem, está pronto!

Olhei para o nó perfeito que tinha dado na gravata de Gaara e ele continuava a me olhar com um ar de dúvida.

- Agora o lenço de seda. – Peguei o lenço que estava dentro de uma caixinha em cima da mesa do quarto do hotel. – Não o tire daqui a menos que precise. – E terminei de colocá-lo dentro do bolso do terno dele. – Há um significado para cada vinco de seu lenço, você sabe disse, não sabe?

- Como um código secreto? – Meu irmão me pergunta com uma de suas sobrancelhas arqueadas.

- Etiqueta Gaara, etiqueta! – Respondi batendo as mãos nos ombros de meu irmão e deu um sorriso vendo o lindo trabalho que havia feito. Girei-o para ficar de frente para o espelho.

- Ah! Entendi! – Ele respondia olhando seu reflexo.

Definitivamente aquela roupa não combinava com o meu irmão, mas mesmo assim ele continuava lindo.

- É... Ok então, lá vamos nós. – Acenei com a cabeça dando uma última olhada para o meu irmão que agora estava de frente pra mim. – Bem, isso pode ser a última coisa de irmã que farei por você, por isso, tente não pensar nisso com tristeza, ok!?

Meus olhos já estavam cheios de lágrimas e os de Gaara também, pelo o que eu conhecia de meu irmão, era eu que teria de abraça-lo, e então, não pensei duas vezes.

Saímos do quarto e fomos em direção ao salão principal do hotel, era lá onde todos os convidados estariam.

Quando chegamos, tomei um susto pelo tanto de pessoas que ali estavam, e pensar que não era nem o dia do casamento ainda.

As saudações ao meu irmão eram escutadas a cada passo que dávamos, Gaara fazia um grande esforço para ser cordial com todos, mas era obvio em seu rosto que ele queria correr dali.

***  

Enquanto eu conversava com alguns dos convidados, senti uma brisa muito fria e logo constatei, Baki estaria por perto.

Ele me chamou com o olhar, logo dispensei as pessoas que conversava para falar com o meu sensei.

- Há uma falha na segurança, não terei como lhe explicar ao certo porque nem eu sei direito, já conversei com Gaara. Teremos de ficar de olhos abertos. Como não poderei sair daqui, não teremos como avisar Kankuro. – Baki falava rápido e olhava ao redor para ver se alguém escutava. – E tente fingir que estamos conversando normalmente.

- Kankuro estava aqui agora a pouco, eu o vi conversando com Gaara. – Afirmei.

- Sim, também sei disso, mas recebi a notícia de um shinobi que eu estaria substituindo Kankuro aqui. Isso é muito estranho, não acha? – Baki perguntou sem olhar para mim.

- Com certeza é estranho. Ficarei de olhos abertos. Se for algum atentado, está muito mal elaborado – Afirmei.

- Gaara também me disse isso, bom, fique atenta, sim? – Baki apertou meu ombro e saiu.

Sai para buscar um chá gelado no bar do hotel. Pelo visto eu não poderia abusar do álcool, precisava me manter sobrea e atenta.

Eu realmente estava preocupada com essa situação. Gaara havia sumido e Kankuro certamente não estava mais aqui, havia muitas pessoas neste hotel e eu mal podia imaginar o que estava acontecendo para essa quebra de comunicação com a segurança. Realmente não era algo rotineiro, ainda mais para uma data como essa. Apesar do meu fingimento em manter a pose, eu só conseguia pensar nos meus irmãos.

Algum tempo se passou, eu conversava com alguns dos convidados e Gaara estava perto de mim, mas não tive como conversar com ele sobre o que Baki havia me dito, acenávamos aos convidados e os cortejávamos. Sua futura noiva acabou aparecendo em alguns instantes, era uma médica ninja da tribo Houki. Ela era morena e usava óculos, eu não me lembrava dela, mas sabia muito bem qual era o símbolo que havia em sua roupa quando ela chegou. A menina disse seu nome, pelo o que pude ouvir, se chamava Hakuto, era bonita e bem nova comparada as outras kunoichis que chegaram com ela. Gaara a avistou e eles iniciaram uma conversa.

Uma das antigas mediadoras interveio

- Bem, então vamos deixar os jovens conversarem. – E todos saíram de perto dos "noivos":

Antes de sair, falei no ouvido de Gaara para que só ele ouvisse:

- As mulheres da tribo Houki não mostram seu rosto sem maquiagem para qualquer homem, exceto os que elas vão se casar... – Gaara olhou para mim com os olhos em tom de dúvida, bufei e voltei a falar em seu ouvido. – Quero dizer que você tem esperança Gaara, você entende, não é?

- Ohhh! Sim! – Gaara voltou a olhar Hakuto e ela sorriu para ele de volta. Então me retirei.

Ficou meu irmão e sua futura noiva sozinhos em uma sala de vidro do hotel, eu conseguia entender mais ou menos o que se passava ali pelas minhas espiadas um tanto quanto frequentes.

Consegui entender quando Gaara finalmente se dirigiu a Hakuto e perguntou seus hobbies, "é sério que ele vai falar de seus cactos? " – Pensei. E sim, ele falou. Bati minha mão na testa e me segurei para não entrar naquela sala e socar meu irmão.

Ele devia estar prestando atenção no que a menina tem a dizer e não falando do seu maravilhoso cultivo de cactos, quem liga pra isso afinal? Um homem que mantém uma boa conversa é um bom homem, eu vivo lhe dizendo isso. Bufei e fui para o bar pegar mais um copo de chá gelado.

Quando voltei vi que Gaara finalmente havia parado de falar sobre ele mesmo e se virou para a menina se desculpando. Aquilo me deu um grande alivio e eu até comemorei internamente. Até que Gaara tirou um pouco de área de sua cabaça e voltou a falar sobre cactos, percebi que Hakuto estava realmente interessada, "não pode ser"- Pensei – "ela é estranha assim como meu irmão. ".

Duas VilasWhere stories live. Discover now