Capítulo 3 - Canto do Desabrochar da Cerejeira

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Três dias se passaram desde o encontro com Temari

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Três dias se passaram desde o encontro com Temari. Assustou-se com a entrada repentina da garota no quarto, fazendo-a cair da cama. No final a menina de cabelos dourados, fora bem útil. Desde aquela noite nunca mais a viu.


O céu desabava do lado de fora, enquanto tentava se agarrar a janela acima para o quarto da curandeira. Soldados pareciam formigas lá embaixo, paradas como estatuas, porém, dava para discernir se alguém lhe apontava o dedo ou corria para ela, para impedir sua fuga. O que a levou escolher um dia chuvoso, bastante chuvoso... Trovões caiam ao redor do castelo estremecendo o mundo. Um fio de medo a cutucava, mas ignorou.

A parede negra do castelo estava escorregadia, dando leves picadas como formigas nos dedos e no corpo que tocava a construção escura. Magia básica, para prisioneiros como ela não tentar fugir, como estava fazendo agora. Portando, aquela leve dor não era nada comparado ao que já sentiu.

Seus músculos pareciam gelatina quando impulsionou o corpo mais uma vez em uma janela estreita e um pouco arredondada, diferenciando-se das outras. De fato, era aquela. Esticando-se de novo, alcançou, sentando em seguida no vão do circulo.

O bafo quente a atingiu, fazendo encarar o interior. Uma lareira enorme estava acesa, esquentando vários caldeirões em fileira pendurados, uma cama velha e podre estava no canto, perto de um monte de livros empoeirados. O cômodo era simples, a julgar pela senhora rechonchuda e baixinha que estava sentada em uma cadeira desgastada em um canto escuro, encarando-a sem nenhuma surpresa.

― Desça logo daí menina, feche a janela. Está frio. ‒ falou a velha, rouca pelo desuso da voz.

Sakura surpresa, obedeceu. Virou o corpo e pulou para dentro, fechado a janela após. Forçando alguns passos para perto.

― Creio que Temari falou que eu viria.

― Nesse castelo não preciso que me digam nada, eu já sei antes de pensar em existir.

A jovem olhou ao redor, em busca de algo para sentar. Estava muito cansada, parecia que ia desabar a qualquer momento, quando a velha disse:

― Na sua direita minha jovem. Seja breve, seu corpo não vai aguentar muito tempo.

Olhando para o lado, realmente havia um banco ali que não estava antes. Devagar, o pegou e levou para perto da mulher, sentando-se. Seus ossos tremiam. O pingar das roupas molhadas era o único ruído.

A senhora tomava um chá fumegante, durante o tempo em que lia um livro amarelado apoiado no vestido marrom surrado. O cabelo grisalho oscilou quando ergueu a cabeça, esticando a fita de couro que adornava a cabeça.

― O tônico que precisa está em cima da mesa ao seu lado. ‒ disse quebrando o silêncio.

Desconfiada, a menina olhou para o lado, e com a mesma surpresa de outrora, uma mesa estava ali, com um pequeno vidro contendo liquido azul em cima. Então ela compreendeu.

― Você não é uma curandeira. O que você é? ‒ indagou relutante. Pondo-se de pé.

Os olhos de obsidiana brilharam ao responder.

― Sou o que você quer que eu seja.

A visão estava escurecendo e as pernas estavam cedendo, mas se manteve de pé, com uma expressão neutra.

― É melhor beber ‒ disse apontando com a cabeça. ― não vai aguentar por muito tempo menina.

― Responda minha pergunta. ‒ falou, dando um passo doloroso na direção da velha.

― Você é mais forte que previ, já era pra estar morta. Tsc, tsc. Rei tolo. Tem sorte de estar aqui menina.

― Responda! ‒ gritou com fervor. Dando mais um passo.

― Os conselheiros vão ficar sabendo, se é que já não sabem...

― Responda. ‒ repetiu Sakura com uma calma fria e mortal, que fazia até os insetos se esconderem. A velha fixou o olhar no dela, e falou, mas não abriu a boca ao fazê-lo.

Sou Chiyo-Baa-Sama Senhora da Vida e Morte.

Por um instante ela parou, um sussurro na mente. Apenas bruxas tinha tal poder. E por um instante sentiu medo e por um instante voltou à infância.

O corpo formigava, mas avançou indo contra os instintos que a mandava correr. Ela teria sua vingança, seria menos uma.

Um passo. Mais um e...

Ela encarava a morte a um cuspe de distancia.

― Poupe suas energias garota.

Mas ela não se importou ao erguer a mão em punho, reunindo a pouca energia que lhe faltava... Doze anos, doze anos se passaram que recusara usar tal poder, o poder que esmagou sua família, seus amigos, sua vila... A mão agora emanava um brilho esverdeado, familiar, reconfortante. Fechou os olhos em deleite, deliciando-se quando o sangue esquentou.

Antes de socar-lhe a cara, a bruxa cuspiu na sua direção uma agulha envenenada. Com um movimento lento, desviou, abrindo uma leve ferida na bochecha, o sangue morno desceu, junto a sua mão.

Entretanto, Chiyo-Baa-Sama tinha sumido, atingindo a parede atrás. O castelo estremeceu. Ela gritou alto em fúria ardente. E correu. Pegando o liquido em cima da mesa e bebendo logo em seguida. Por mais ardilosas que sejam, bruxas não mentiam.

● ● ●

Em frente a uma mesa ébano, Sasuke Uchiha piscou uma vez, ao perguntar novamente para Juugo quais eram as intenções dos conselheiros por trás da ordem do casamento. O amigo apenas deu de ombros ao repetir:

― Não me disseram nada. Dessa vez me deixaram de guarda do lado de fora, o que é raro... Depois de saírem, me pediram para lhe transferir esse recado.

O Uchiha se viu perdido, já tinha olhos para outra pessoa e mesmo assim não iria pedir a mão da moça tão cedo. Mas como um Rei, não decidia o próprio destino.

A assassina tinha uma beleza exótica, porém, não se imaginava com ela na cama, ou como companheira.

Ele olhou para Juugo, o qual parecia ponderar os pensamentos quando levantou a cabeça para encará-lo, o rosto iluminando-se com a certeza que se tornava clara como água. Ao abrir a boca para argumentar, um tremor sacudiu o castelo.

Ambos se entreolharam desesperados, enquanto tentavam se agarrar em algo firme. Quando repentinamente cessou. E como se fosse o mesmo instinto movendo-os, correram.

― Ataque inimigo? ‒ perguntou Sasuke para Juugo, por cima da gritaria ao passar em um corredor destruído, sangue cobria o piso de pedra.

― Não. É pior. ‒ respondeu o rapaz com o rosto sério.

O jovem rei virou o rosto, caçaria o culpado até o inferno se precisasse.

Enquanto subiam uma escada espiralada, ouviram passos apressados. Com o mesmo treinamento, as mãos de ambos tocaram o punho de suas espadas.

Ao tocar o aço frio, sentiu um calafrio. A esmeralda redonda em cima do cabo brilhava intensamente, fazendo-o parar. Juugo parou ao seu lado, com olhos indagadores.

― O que está aconte-. ‒ mas parou antes de completar a frase, ao olhar para frente.

A um metro de distância, um rosto delicado e malicento, sujo com sangue e poeira, analisavam-os. Como um caçador avaliando a presa.

― Você fez isso? ‒ exigiu saber o jovem rei, a voz trêmula. ― O que é você?

Sakura ergueu uma sobrancelha, à medida que tomava fôlego. E um sorriso belo e letal foi à única resposta.

Sasuke olhou para a mão esquerda da garota, os nós dos dedos sangravam. E engoliu em seco, recuando um passo, quando a garota avançou.

Flor de Rubi [REVISÃO]Where stories live. Discover now