5- Eu sou fraca!

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Lídia on

Mais uma manhã de sol nessa maldita cidade, eu juro que eu só queria dormir mais cinco minutinhos, ou cinco dias, eu agradeceria muito se pudesse.
Tomo meu banho e faço minhas higienes matinais, visto uma roupa e desço as escadas encontrando meu pai e Enzo.

-Sabia que eu ganhei um novo boneco do homem 'alanha' - Enzo fala com a boca cheia de cereal.

-Sabia que é feio comer de boca cheia? - Meu pai fala com o seu excelente humor matinal.

-Ele é só uma criança - falo e ele assente.

-Bom, ainda bem que você acordou cedo, é que... É que eu vou viajar novamente e não tenho data de previsão pra voltar.

- De novo? Pai, você mal chegou aqui, e as minhas notas, quem vai receber, os pais do Josh ou da Dulce, você nunca vai a nada meu, se duvidar os professores pensam que eu nem tenho pai.

- Olha o drama Lídia!

- Que drama pai! Eu passo Natal, ano novo, e até o meu aniversário na casa alheia, enquanto você fica rodando o mundo todo e não tem coragem de trazer um chaveiro pra mim, o que você faz como pai? Você não tem nenhuma noção do que essa palavra significa. Você me banca, okay! Mas ser pai não é só isso, parece que você nem consegue olhar pra mim! Quer saber? Se você não quer ter uma filha, você não vai ter!- Falei subindo as escadas, não queria passar mais nem um minuto naquela casa.

-Aonde você sonha que vai Amanda Lídia. -Meu pai levanta da mesa e grita dando ênfase no meu primeiro nome, o qual eu não gostava que ninguém me chamasse.

Subi as escadas e tranquei o quarto, ouvi alguns gritos e sermões mas é pra isso que existe o volume máximo do som.
Terminei de fazer as malas, e estava pronta pra sair dali, ia me doer bastante ver Enzo assim, me implorando para que ficasse, mas eu precisava, eu não aguentava mais viver daquele jeito.

Podia ser uma revolta adolescente, mas não me importava, tava cansada de tentar agradar alguém que parecia não se importar com a minha existência.

Desci as escadas e encontrei os dois me esperando no final da mesma, abracei Enzo o mais forte e demorado que pude e sai andando, abri a porta mas o meu 'pai' não se conteve em si manter calado.

- Amanda - Ele falou e eu exitei passar por aquela porta.

- É Lídia - Eu completei, virando apenas o meu rosto para que pudesse vê-lo uma última vez.

- Você é minha filha... - Ele fala em seu último ato, sua voz já saia trêmula devido há algumas lágrimas, e não era diferente comigo.

- É realmente uma pena você só ter percebido isso agora. - eu finalmente criei coragem e sai por aquela porta, maldita porta.

Eu saí, e não sabia pra onde iria, não podia ir pra casa da Dulce, os pais dela eram muito religiosos, tudo pra eles era um absurdo, já até imagino: A amiga rebelde da minha filha que fugiu de caso por puro drama.
O jeito era ir pra casa do Josh, e torcer pra ele não ter ido ainda pra escola.

Cheguei na porta, a coragem faltou, olhei pro lado e não vi o carro, o que significava que os pais dele já haviam saído para o trabalho. Toquei a campainha e esperei, meu coração batia forte e só agora eu estava percebendo a dimensão do que eu fiz. Eu saí de casa, e o meu pai provavelmente nunca iria querer me ver novamente, isso parecia bom no começo, mas, ele é meu pai.

As lágrimas foram mais fortes que eu, vieram todas, uma, duas, e quando me dei conta eu já era um mar de lágrimas. Eu abaixei a minha cabeça na tentativa de que quem abrisse aquela porta não percebesse o meu estado, eu estava péssima, e odiava estar assim, odiava que as pessoas me vissem assim, frágil e indefesa, como se a partir dali elas tivessem a obrigação de me tratar como alguém que não tem capacidade de fazer nada. Eu odiava porque eu sempre era forte, eu sempre aguentava tudo, e o que eu mais odiava com certeza era o fato de está mentindo pra mim mesma. Por que sou fraca, e eu precisava sim de ajuda!

Minha EstrelaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora