- Ah, o que perdi? – Peder balançou a cabeça tentando puxar de volta os pensamentos que ao serem libertados sempre remoíam a noite passada.

- Estamos discutido um assunto importante aqui. – O lorde Niels Kaas, de pé ao lado esquerdo de Peder, olhou feio para ele. – Sei que exageramos no vinho ontem, mas precisamos nos focar na política.

Oxer revirou os olhos.

- Ainda irritado com a dissolução da União de Kalmar? Isso foi no governo de seu pai, majestade. A Suécia já decretou sua independência, não vejo motivos para continuarmos alimentando conflitos. Financeiramente, uma guerra pode vir a quebrar os cofres dinamarqueses.

- Meu avô já reconquistou a Suécia. Eu posso fazer isso de novo.

- Mas a que preço?

- Obrigado, lorde Valkendorff, alguém precisava ter o bom senso de concordar comigo. – Peder jogou as mãos para cima, aliviado.

Frederick se afastou da mesa massageando as têmporas. A reunião com seus conselheiros não estava sendo tão frutífera quanto esperava. Achou que a presença de Peder ali fosse um peso ao seu favor, mas pelo visto o homem só se preocupava em conseguir terras dentro dos limites da Dinamarca.

- A Suécia é minha! – Frederick apontou para o brasão de armas que ficava sobre a lareira de seu escritório. Esse incluía o tradicional símbolo sueco de três coroas.

Peder coçou a cabeça e respirou fundo. Frederick era mais jovem, e sua fome por conquistas acabaria arrastando o país para uma guerra.

- Talvez tenha razão, majestade, além da nossa própria ambição em ter de volta a Suécia. Érico atrapalhou nossos planos de conquistar a Estônia.

Oxe cerrou os dentes, não sabia se Niels era um estúpido ou se estava apenas tentando agradar ao rei.

- Meus espiões na corte sueca me disseram que mensageiros serão enviados a Hessia para negociarem o casamento de Eric com a princesa Christina.

- Isso pode ser ruim. – Peder coçou a barba loira que começava a crescer em seu queixo. A informação dada por Niels o pós a pensar.

Frederick observou as rugas da expressão de pensamento que se formaram no rosto do lorde Oxe e sorriu brevemente. Para a sua ambição precisava do apoio de seus nobres mais ricos.

- Se Érico pretende se casar com Christina ele sem dúvidas almeja o trono dinamarquês.

- O meu trono! – Frederick bateu com as mãos sobre a mesa. – Entende agora lorde Oxe, que eu não posso simplesmente ignorar Érico?

- Sim, compreendo.

- Se esse mensageiros foram a Hessia, eles precisam passar por Copenhague, podemos barrá-los lá. - Christoffer Valkendorff descruzou os braços e saiu de um canto escuro do escritório e se tornou a atenção de todos os outros lordes presentes.

- É uma ótima ideia. Podemos pensar em alguma desculpa para impedir que prossigam com a viagem, mas sem que seja uma afronta direta a Érico.

- Aceito sugestões, lorde Oxe. – Frederick encarou Peder.

- Vou pensar em algo, majestade.

Catherine ainda estava irritada por apenas um pequeno corte a ter impedido de continuar trabalhando no vestido. O ofício mantinha sua cabeça ocupada e não a fazia pensar no maldito lorde Oxe. Sim, maldito! Tudo estava perfeito antes da vinda do homem para a corte.

Escapou de Merriam por mais um dia, mas pesandava até quando esconderia esse segredo que se tornava cada vez maior.

No caminho para seu aposento, sentiu um calafrio que a fez parar no meio do corredor. Ergueu a cabeça e olhou para o lado. Encontrando a imagem translúcida da filha da baronesa, que vira atrás da mãe quando essa estava desesperada.

A cortesã do rei ( Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora