Prólogo de Anamabile

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Eu nunca imaginei um dia escrever em um diário, foi o que pensei quando ganhei você da tia Molly. Pensei: "Isso não é presente para uma menina que está fazendo quinze anos!".

Na verdade acho que não daria um diário pra ninguém independente da idade. É solitário imaginar alguém com uma caneta relatando fatos que talvez não queira dividir com nenhum humano por mais amigo que esse seja. Imagino que... Isso só aconteceria em uma situação muito difícil, onde as palavras não queiram ouvir respostas ou tenham medo de ouvi-las. As respostas nem sempre são verdadeiras. Ou por causa da hipocrisia ou por causa do amor, você nunca terá a resposta que precisa ouvir naquele momento.

Um diário não é hipócrita, nem ama! E se um dia, num acesso de fúria, eu arremessá-lo contra a parede ou jogá-lo pela sacada, nem mesmo assim, ele não será hipócrita, nem dirá que me ama com os olhos cheios de lágrimas. Ele ficará estático, calado, esperando que eu o recolha e novamente volte a escrever ou que alguém venha e o deposite em uma lixeira ou ainda que um jovem cão cheio de energia o estraçalhe em mil pedacinhos ao vento.

Por falar em cão, eis que entra Tom. Ele é meu cão, presente de aniversário também. Presente do meu pai. Ele é um lindo labrador, seus pelos são brancos e tem um focinho que está sempre molhado, já pulou no meu colo e usou meu rosto como toalha pra se secar, como ele sempre faz, querendo chamar minha atenção. Os olhos estão sempre brilhando, sempre pedindo um afago, um passeio ou um belo quitute que não se pareça com ração.

Eu não tive uma grande festa como as outras meninas do colégio. Não tive baile, nem Buffet. Também não usei um vestido saído dos contos de fadas e nem dancei a valsa com um príncipe (pago), quero dizer, "encantado". Acho que tudo isso não combinaria com minha rebeldia. Além do mais não teríamos dinheiro pra bancar toda essa noite encantada.

Mas foi bem bacana. Na verdade eu trajava meu pijama de soft preto com bolinhas brancas, minha pantufa do Garfield. A touca! Claro! Uma boa touca peruana. Preta decorada com um monte de lanzinhas brancas, que foram se grudando a ela com seus longos anos de uso... Ela era a coroa da princesa que comemorava seus quinze anos em baixo de um frio americano regado a tempestade. Tudo muito simples e casual, mas me sentia plenamente feliz.

Mamãe fez litros de chocolate quente e encomendou croissants e macaroons. Cupcakes de manteiga de amendoim, geleia e chocolate (os meus favoritos), todos muito bem encaixados, em forma de circulo e enfeitado com um grande laço de cetim lilás... E eis  meu bolo de aniversário. O que eu mais poderia querer?!

Tom veio para os meus braços com um laço de cetim amarelo, minha cor preferida, ele pesava menos que a caixa de macaroons, rsrsr.

Meu pai parecia feliz. A tia Molly me entregou você em uma caixa marrom com laço de cetim branco. Cumprimentou papai cordialmente, mas sem sorrir, ela não aceitava o divórcio dos meus pais, mesmo depois de dois anos.

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