Capítulo XXVI ; Por Juliette

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Nós estávamos de mãos dadas. Estávamos andando devagar, mesmo sabendo que logo ele deveria ir, adiando aquele momento ao máximo.

- Você tem certeza que não quer que eu fique? - Jace perguntou.

Estávamos no aeroporto e logo ele pegaria o avião para ir para Boston para o dia de ação de graças.

- Tenho. Eu quero que você passe um tempo com a sua família, você está com saudade deles. Vou ficar bem, não se preocupe. Eu vou estar aqui pra você quando voltar.

- Você promete?

- Eu prometo. - Garanti.

Ele se aproximou e me beijou, mas eu parei o beijo antes que aquilo se aprofundasse.

- Tem muita gente aqui, Jace. - Expliquei.

Eu não gostava de beijar com platéia, principalmente porque tinham crianças ali.

- É um aeroporto, princesa. As pessoas se beijam na hora da despedida e eu vou ficar quatro dias sem isso.

- Eu prometo que vou te dar todos os beijos do mundo quando você voltar e estivermos a sós. - Falei.

Ele me deu outro beijo, porém rápido.

- Eu preferia que você não tivesse vindo, eu estou preocupado com você indo sozinha pra casa. - Ele falou.

- Vou pegar um táxi e o trajeto é curto. Quando eu chegar no meu pai vou te mandar uma mensagem, quando você chegar em Boston vai conseguir ver. - Sorri - Eu não seria uma boa namorada se não viesse aqui te abraçar até você ficar envergonhado. - Brinquei.

- Você sabe que isso nunca me deixaria envergonhado, você que tem vergonha de demonstrações públicas de afeto. E você é uma boa namorada só por ser a minha, não precisa fazer mais nada. - Ele piscou pra mim.

- Você está sendo presunçoso, querido. Deus não se agradaria disso.

- Pode deixar que no dia de ação de graças eu vou agradecer a ele por ter conhecido você. E você, vai continuar orando por mim?

- Todos os dias. - Coloquei minha mão no rosto dele - Você precisa ir agora, ou vai perder o avião.

Ele me deu vários beijos rápidos e falou:
- Espero que esses dias passem bem rápido.

"Eu também" pensei mentalmente, mesmo me sentindo mal por estar sendo egoísta.

Ele começou a andar para longe de mim e de repente virou para trás e olhou pra mim de uma forma meio hesitante, eu percebi que ele estava com tanta dificuldade de ir como eu estava de vê-lo sair de perto de mim.

Dei um sorriso forçado e acenei para ele, como se estivesse tudo bem - e na verdade deveria estar.

Ele só estava indo passar poucos dias com a família que ele não via a meses,  eu também ia passar alguns dias em casa com o meu pai. Era ação de graças, esse feriado era pra estar perto da família.

Eu sabia de tudo isso e via Jace todos os dias, não deveria ser um problema passar alguns dias longe dele. Então por que eu estava ficando com vontade de chorar ao vê-lo se afastar de mim?

Ele acenou de volta e depois disso realmente foi embora. Fiquei encarando suas costas até perdê-lo de vista.

Eu me segurei até sair do aeroporto. Foi no táxi indo pra casa do meu pai que uma lágrima caiu, só uma. A limpei rápido porque estava me sentindo estúpida por estar chorando. Ele ia ficar bem com a família dele e eu deveria estar feliz por isso e não sendo egoísta.

Jace costumava dizer que eu era dele "minha namorada", "minha garota". Mas nós também pertencíamos a nós mesmos e deveríamos conseguir ficar longe um do outro.

Eu queria poder me sentir inteira sem ele, mas era estranho. Não era como se nós ficássemos juntos o tempo inteiro, nós tínhamos uma vida separada - eu saia com Alice, ele saia com Sean ou saíamos sozinhos. Entretanto, eu sabia que ele estava por perto e que eu poderia vê-lo no mesmo dia.

Naquele momento eu só esperava que nós dois tivéssemos um feriado incrível para compensar os dias que passamos separados.

(...)

"Oi, sou eu. Eu só queria dizer que eu já estou na casa do meu pai e que eu cheguei bem. Espero que você esteja tendo um bom voo e que corra tudo bem por aí. Vou tentar instalar o Skype para falar com você mais tarde. Sinto sua falta, mal posso esperar pra te ver logo".

Deixei a mensagem na caixa eletrônica de Jace e depois fui assistir um tutorial de como instalar o Skype - eu não era boa lidando com computadores e não queria ter que pedir ajuda pra Alice mais uma vez.

Depois de instalar o Skype fui fazer cookies - eu estava me sentindo um pouco pra baixo então faria o meu melhor pra me sentir bem: comer, assistir desenhos e rezar.

Quando eu já havia comido o bastante pra me sentir enjoada(e culpada) e estava deitada no meu quarto assistindo Naruto, o meu computador que estava ligado fez um barulho e eu corri, quase tropeçando esperando que fosse o Skype e não um alerta do anti-vírus.

Felizmente era o Skype.

Quando Jace apareceu do outro lado da tela eu quase surtei.

- Ei, é você mesmo! - Falei.

- Sim, sou eu. - Ele riu - Como você consegue ficar tão bonita todos os dias, princesa?

Eu ri envergonhada.

- Eu estava vendo desenho e estou de pijama, isso não é estar bonita.

- É porque você não precisa fazer nenhum esforço pra ficar bonita. Espero que você não esteja assistindo Naruto sem mim.

- Na verdade eu estava, me desculpe. Eu não vou mais fazer isso. - Corei.

- Eu estava brincando. - Ele riu.

- Nós poderíamos colocar no mesmo episódio, seria como se estivéssemos assistindo juntos. - Sugeri.

Foi o que nós fizemos e eu realmente me senti próxima dele de alguma forma.

Quando paramos de assistir Naruto, também desligamos o Skype e ficamos conversando apenas pelo telefone, porque eu estava começando a ficar com sono.

- Eu quero dormir, mas não quero parar de falar com você. - Admiti.

- Não se preocupe, eu vou ficar aqui com você até você dormir.

E ele cumpriu com o que havia dito, a sua voz foi a última coisa que eu ouvi antes de cair no sono.

O Homem Que Me AmaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora