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A vida no quartel seguiu seu rumo. Eu continuei sem amigos verdadeiros, apenas cumprindo meu trabalho e ignorando todo pensamento contrário e desanimador que me vinha à mente. Sentia falta de Adam e daquelas palavras encorajadoras que ele dizia, então precisei inventar meu próprio mantra:
Soldado, John Watson. Você é um soldado.

Consegui uma bolsa de estudos para cursar medicina na base militar e agarrei a chance com tudo o que tinha. Finalmente podia estudar e encontrar uma cura para doença de mamãe. E descobri, de fato, o que fazia com que ela passasse tão mal. E também descobri que não tinha cura. Ainda que houvesse, o destino já havia traçado os próximos caminhos.
Com cinco anos de estudo, tendo completado 27 aniversários, recebi uma carta com remetente à minha casa, dizendo que mamãe havia falecido.

Soldado, John Watson! Você é. Um soldado.

Me ausentei de meus estudos para retornar àquela casinha. Desde então, nunca mais havia visto meu pedaço de família. A estrada de terra continuava mesma, e todo o cenário parecia imutável. Menos minha irmã.
Harriet estava enorme. Era uma mulher de vinte anos, linda, e provavelmente lembrava quando nossa mãe era mais nova. Ela estava de preto e logo que me viu, despejou o que não podia escrever em suas cartas, de um jeito amargurado.
- Você é um merda. Sabia que mamãe estava doente e não fez nada sobre isso. Agora é tarde. Estou vendendo a casa e indo morar com minha namorada.

E foi isto.
O enterro foi rápido e contou apenas com alguns vizinhos. Harriet chorava muito, ao contrário de mim, e ela não permitia sequer que eu a a abraçasse.
 
Voltei para o quartel logo em seguida.

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